30-9
Dezembro 25, 1931
Desejo de Jesus da companhia da criatura. Extrema necessidade do menino Jesus de ser amado com amor divino por sua Mãe Celestial.
(1) Sinto-me como inundar pelo mar de luz da Divina Vontade, oh! Como gostaria de ser na verdade o peixinho neste mar, de modo a não ver mais que luz, tocar, respirar, viver de luz, oh! Como ficaria feliz em ouvir-me dizer que sou a filha do Pai Celestial. Mas enquanto isto e outras coisas pensava, minha querida vida, o doce e soberano Jesus, visitando minha pequena alma, fazia ver que de dentro de sua adorável pessoa saíam mares de luz interminável, e de dentro dela saíam almas que povoavam a terra e todo o Céu, e Jesus chamando-me disse-me:
(2) "Minha filha, vem nesta luz, aqui te quero, a virtude da minha luz, o seu movimento como fonte de vida, não faz outra coisa que fazer sair de dentro do seu seio de luz almas, isto é, vida de criaturas, sua potência é tanta, que conforme se move faz sair almas, e Eu quero a minha amada junto Comigo, no seio de minha luz, isto é de minha Vontade, porque conforme as almas venham formadas e saiam fora, não quero estar sozinho, quero a tua companhia a fim de que reconheças o grande presságio da criação das almas, o nosso amor excessivo, e como te quero em minha Vontade quero colocá-las em ti, confiá-las, não as deixar sozinhas enquanto peregrinam a terra, quero ter junto comigo quem me proteja e defenda. Oh! Como é doce a companhia de quem tem cuidado das vidas saídas de Mim, me é tão grato, que faço, a quem vive em minha Vontade, depositária da criação das almas, canais pelos quais as faço sair a luz, e canais para fazê-las entrar de novo em nossa pátria celestial. Tudo quero dar a quem quer viver em meu Fiat, sua companhia, necessidade a meu amor, a meus desabafos e a minhas obras, que querem ser reconhecidas; fazer e não ser reconhecidas, são como obras que não sabem produzir triunfo, nem cantar vitória e glória. Por isso não me negue sua companhia, negaria um desabafo de amor a seu Jesus, e às minhas obras faltaria o cortejo e o contentamento da criatura, e ficariam como obras isoladas, e meu amor contido se trocaria em justiça".
(3) Depois disto estava pensando no nascimento do Menino Jesus, especialmente no ato quando saiu do ventre materno, e o celestial Infante me disse:
(4) "Filha queridíssima, você deve saber que assim que saí do seio da minha mãe senti a necessidade de um amor e afeto divinos. Eu deixei meu Pai Celestial no Empíreo, que nos amávamos com amor todo divino, tudo era divino entre as Três Divinas Pessoas: Afetos, santidade, potência, e assim do resto. Agora, Eu não quis mudar modos vindo à terra, minha Divina Vontade me preparou a Mãe Divina, de modo que tive Pai Divino no Céu, e Mãe Divina na terra, e assim que saí do seio Materno, sentindo extrema necessidade destes afetos divinos, corri para os braços de minha mãe para receber, como o primeiro alimento, o primeiro respiro, o primeiro ato de vida de minha pequena humanidade, seu amor divino, e Ela fez sair de Si os mares de amor divino que meu Fiat tinha formado nela, e me amou com amor divino, como me amava meu Pai no Céu. E oh! Como estava contente, encontrei o meu paraíso no amor da minha mãe. Agora, tu sabes que o verdadeiro amor jamais diz basta, se pudesse dizer basta perderia a natureza do verdadeiro amor divino, e por isso, desde os braços de minha Mãe, enquanto tomava o alimento, o respiro, o amor, o paraíso que Ela me dava, meu amor se estendia, se fazia imenso, abraçava os séculos, buscava, corria, chamava, delirava, porque queria as filhas divinas, e minha Vontade para tranquilizar a meu amor, apresentou-me a minhas filhas divinas, que no transcurso dos séculos me formaria, e Eu as olhei, abracei, amei e recebi o respiro de seus afetos divinos, e vi que a Rainha Divina não teria ficado só, mas teria tido a geração das minhas e suas filhas divinas. Minha Vontade sabe mudar e dar a transformação e formar o nobre enxerto de humano em divino. Por isso quando te vejo trabalhar Nela, sinto-me dar e repetir o paraíso que me deu minha Mãe quando criança me recebeu em seus braços. Quem faz e vive em minha Divina Vontade, faz surgir e forma a doce e bela esperança de que seu reino virá sobre a terra, e Eu me deleitarei no paraíso da criatura que meu Fiat formou nelas".
(5) E enquanto minha mente continuava pensando no que Jesus me havia dito, com um amor mais intenso e terno acrescentou:
(6) "Minha boa filha, nosso amor corre continuamente para a criatura, nosso movimento amoroso que não cessa jamais corre no batimento do coração, nos pensamentos da mente, no respiro dos pulmões, no sangue que circula, corre, corre sempre e vivifica com a nossa nota e movimento de amor o bater, o pensamento, o respiro, e quer o encontro do amor palpitante, do respiro amante, do pensamento que recebe e nos dá amor, e enquanto o nosso amor corre com rapidez inalcançável, o amor da criatura não se encontra com o nosso, fica para trás, e não segue a corrida de nosso amor que corre sem jamais deter-se, e não nos vendo nem sequer seguir enquanto continuamos a girar no batimento, no respiro, em todo o ser da criatura, delirantes exclamamos: ‘Nosso amor não é conhecido, nem recebido, nem amado pela criatura, e se o recebe é sem conhecê-lo'. Oh! Como é difícil amar e não ser amado. No entanto, se nosso amor não corresse, cessaria instantaneamente a vida delas; sucederia como o relógio: se tem corda faz ouvir seu tic tac, e admiravelmente marca as horas e os minutos, e serve para manter a ordem do dia, a ordem pública, se termina a corda, o tic tac não se ouve mais, fica parado, como sem vida, e pode haver muitas desordens por causa do relógio que não caminha. A corda da criatura é meu amor, que conforme corre esta corda celestial, bate o coração, circula o sangue, forma o respiro, podem-se chamar as horas, os minutos, os instantes do relógio da vida da criatura, e ao ver que se não faço correr a corda do meu amor, não podem viver, e não obstante que não sou amado, meu amor continua seu curso, mas pondo-se em atitude de amor doloroso e delirante. Agora, quem nos tirará esta dor e adoçará nosso delírio amoroso? Quem terá por vida nossa Divina Vontade. Ela como vida formará a corda no batimento, no respiro e assim do resto da criatura, formará o doce encontro com nosso amor, e nossa corda e a delas caminharão juntas. Nosso tic contínuo será seguido pelo tac delas, e nosso amor não estará mais só no correr, senão que terá seu curso junto com a criatura. Por isso não quero outra coisa, que Vontade minha, Vontade minha na criatura".