O REINO DA DIVINA VONTADE EM MEIO AS CRIATURAS
LIVRO DO CÉU
A chamada às criaturas à ordem, ao seu posto e à finalidade para a qual foram criadas por Deus.
Distribuição Gratuita
Volume 30
NIHIL OBSTAT Beato Annibal M Di Francia.12 Outubro de 1926
IMPRIMATUR
Exmo. Sr. Giuseppe M. Leo
Arcebispo da Diocese de Trani - Barletta - Bisceglie
Italia - 16 Outubro 1926
Imprima-se
Arcebispado de Guadalajara Jal.,
23 de novembro de 2010
Mons. J. Gpe Ramiro Valdés Sánchez
Vigario Geral
Queremos consagrar este livro e os frutos
que possam resultar de sua leitura,
à nossa Mãe Santíssima,
a Rainha do reino da Divina Vontade
I. M. I.
In Voluntate Dei! Deo G.
30-1
4 de Novembro de 1931
A confiança forma os braços e os pés da alma. Deus continua o trabalho da criação na alma
que faz sua Vontade. A Vontade Divina cimento da humana vontade.
(1) Meu Jesus, centro e vida da minha pequena alma, a minha pequenez é tanta, que sinto a
extrema necessidade de que Tu, meu Amor, me mantenhas apertada entre os teus braços e te movas a piedade da minha grande debilidade. Sou pequena, e Você sabe que as pequenas têm necessidade de cintas para se afirmar os membros e do leite da mãe para alimentar-se e crescer, e eu sinto a viva necessidade que Você me faça com as cintas do amor, e me apertando ao teu peito divino me dê por alimento o leite de tua Divina Vontade para alimentar-me e crescer. Ouve lá, ó meu! Jesus, sinto a necessidade da tua Vida para viver; quero viver de Ti, e então Tu escreverás, não eu, e poderás escrever o que quiseres e como queiras. Por isso o trabalho é seu, não meu e eu só te emprestarei minha mão e Tu farás todo o resto. Assim concordamos, ó Jesus. Então, abandonando-me nos braços de Jesus ouvia-me sussurrar ao ouvido sua voz dulcíssima que me
dizia:
(2) "Minha pequena filha, quanto mais abandonada estiveres em Mim, tanto mais sentirás minha Vida em ti, e Eu tomarei o posto de vida primária em tua alma. Deves saber que a verdadeira confiança em Mim forma os braços da alma, e os pés para subir até Mim e estreitar-me tão forte, de não poder separar-me dela, portanto quem não tem confiança não tem braços nem pés, assim que é uma pobre aleijada, por isso sua confiança será sua vitória sobre Mim, e Eu te terei estreitada em meus braços, colada a meu peito para te dar o leite contínuo de minha Divina Vontade.
(3) Agora, você deve saber que cada vez que a alma faz minha Vontade, Eu me reconheço a mim mesmo na criatura, reconheço minhas obras, meus passos, minhas palavras, meu amor; por isso acontece que o Criador se reconhece a Si mesmo e suas obras na criatura, e a criatura operando se projeta no Criador e se reconhece nele. Este reconhecer-se reciprocamente, Deus e a alma, chama ao primeiro ato da Criação, e Deus sai de seu repouso e continua o trabalho da Criação.
Com esta criatura que vive e trabalha em meu Querer, porque nosso trabalho não terminou, só demos um repouso, e a criatura, fazendo nossa Vontade nos chama ao trabalho, mas doce chamado, porque para nós o trabalho é nova felicidade, novas alegrias e prodigiosas conquistas.
Por isso não fazemos outra coisa senão continuar nossos desabafos de amor, de potência, de bondade e de sabedoria inalcançável, os quais deram início na Criação, e a criatura sente que seu Deus não repousa para ela, senão que continua o trabalho de sua obra criadora; e conforme age em nosso Querer, assim sente sobre sua alma a chuva do amor constante de Deus, sua potência e sabedoria que não estão inativas, senão que trabalham em sua alma. Oh! Se você soubesse o prazer, o prazer que sentimos quando a criatura chama-nos ao trabalho: Chamando-nos reconhece-nos, chamando-nos abre-nos as portas, dá-nos o domínio e toda a liberdade de fazer o que queremos na sua alma. Portanto faremos um trabalho digno de nossas mãos criadoras, por isso não deixe jamais escapar nossa Vontade Divina se quer que nosso trabalho seja contínuo, Ela será seu porta-voz e o nosso, onde você emitirá sua voz para nos chamar, e Nós ouviremos o doce sussurro, e rápido desceremos em nosso mesmo querer em tua alma para continuar nosso trabalho, porque tu deves saber que os atos contínuos formam vida e obras completas, o que não é contínuo pode-se chamar efeito de meu Querer, não vida que se forma na criatura, e os efeitos aos poucos se desvanecem e ficam em jejum. Por isso, ânimo e confiança, e sempre adiante a navegar o mar da Divina Vontade".
(4) Depois disto estava seguindo os atos que meu sumo bem Jesus havia feito em sua Humanidade quando estava na terra, e fazendo-se ouvir acrescentou:
(5) "Minha filha, minha vontade humana não teve nenhum ato de vida, senão que estava em ato de receber o ato contínuo de minha Divina Vontade, que Eu como Verbo do Pai Celestial possuía, por isso todos meus atos e penas, orações, respiros, batimentos que fazia, recebendo minha vontade humana a Vida da Vontade Divina, formava tantas ataduras para voltar a atar as vontades humanas à minha, e como estas vontades humanas eram como habitações, algumas em ruínas, outras lesionadas, e outras reduzidas a escombros, minha Vontade Divina que age em minha Humanidade, com meus atos preparava as ajudas para sustentar as que se encontravam em perigo de cair, para cimentar as lesionadas, e para voltar a construir sobre os mesmos escombros as salas destruídas. Eu nada fazia para Mim, não tinha nenhuma necessidade, fazia tudo para refazer, reabilitar as vontades humanas, minha única necessidade era o amor e que queria ser amado. Agora, para receber todas as minhas ajudas e todas as minhas penas e obras como obras atuantes, voz falante, e mensageiros que ajudam, a criatura deve unir sua vontade à minha, e rapidamente se sentirá atada de novo com a minha, e todos os meus atos se disporão ao redor para fazer seu ofício, para sustentar, cimentar, e levantar novamente a vontade humana. Assim que a criatura se une e se decide a fazer minha Vontade Divina, todos meus atos, como exército armado se colocam em defesa da criatura, e formam a barca de segurança no mar tempestuoso da vida. Mas para quem não faz minha Vontade, poderia dizer que nada recebe, nem pode receber, porque só Ela é a doadora de tudo o que Eu fiz por amor das criaturas".
30-2
9 de Novembro de 1931
Deus tem estabelecido os atos da criatura. Ato constante e incessante da Divina Vontade. Quem não faz a Divina Vontade fica sem Mãe e permanece órfã e desamparada.
(1) O meu abandono no Querer Divino continua, oh! Com que ternura me espera em seu colo materno para me dizer: "Filha de meu Querer, não me deixe sozinha, sua Mamãe te quer junto; quero sua companhia no trabalho incessante que faço para todas as criaturas. Eu faço tudo por elas, não as deixo um instante, porque se as deixasse perderiam a vida. No entanto, há aqueles que não me reconhecem, na verdade, me ofendem, enquanto Eu sou tudo para elas. Oh! Como é dura a solidão, por isso te suspiro minha filha, oh como me é querida tua companhia em meus atos! A companhia torna doce o trabalho, alivia o peso e é portadora de novas alegrias".
(2) Mas enquanto minha mente se perdia na Divina Vontade, meu amável Jesus me fazendo sua breve visita me disse:
(3) "Minha filha, minha Vontade é incansável, querendo manter a vida, a ordem, o equilíbrio de todas as gerações e do universo inteiro, não pode nem quer cessar em seu trabalho, muito mais que cada movimento é como dado a luz por Ela e atado com vínculos inseparáveis. Imagem do ar que enquanto nenhum o vê, também dá à luz o respiro nas criaturas, e é inseparável da respiração humana, oh! Se o ar parasse o seu trabalho de fazer-se respirar, de um só golpe cessaria a vida de todas as criaturas. Mais que ar é minha Vontade, o ar não é nada mais que um símbolo, imagem, e que produz a vida da respiração pela virtude vital do meu Querer Divino, enquanto a minha é Vida em Si mesma e incriada. Agora, Deus tem estabelecido todos os atos das criaturas e o número dos atos delas; por isso o empenho destes atos, porque estabelecidos por Deus vêm tomados por minha Divina Vontade, os ordena e põe sua Vida dentro deles, mas quem dá o cumprimento a esses atos estabelecidos pelo Ser Supremo? Quem coopera e se faz dominar pela Vontade Divina, com a cooperação e com seu domínio, sente o vínculo e a inseparabilidade dela, e sente correr sua Vida Divina em seus atos. Enquanto que quando não coopera perde o domínio de minha Vontade Divina, e em vez de fazer a minha, faz sua vontade, e cada ato de vontade humana forma um vazio para o divino na alma. Estes vazios desfiguram a pobre criatura, e como foi feita para Deus, só Ele pode preencher estes vazios, porque os atos, cujo número está estabelecido, deviam servir para preenchê-la do Ser Divino. Oh! Como são horríveis estes vazios, veem-se neles vias torcidas, atos sem princípio divino e sem vida, por isso não há coisa que estrague mais a criatura que sua vontade.
Agora, minha Vontade é ato constante e incessante dentro e fora da criatura, mas, quem recebe seu ato operante? Quem a reconhece em todos seus atos, quem a reconhece, a ama, a estima, a aprecia; ao ser reconhecida, minha Vontade faz tocar com a mão seu ato operativo e incessante, e a criatura sente os braços dela nos seus, a potência do seu movimento nos seus, a sua virtude vivificadora no seu respiro, a formação da sua Vida no batimento do seu coração, por toda parte, por dentro, por fora, sente-se vivificar, tocar, abraçar, beijar pela minha Vontade. E Ela, quando vê que a criatura sente seus abraços amorosos, estreita-se mais a seu seio divino e vai formando suas doces cadeias de inseparabilidade entre Ela e sua criatura amada. Parece que se sente paga ao ser reconhecida por seu trabalho incessante, e com seu poder tira o véu que a escondia à criatura, e lhe faz conhecer quem é quem forma a vida de todos seus atos. Por isso quanto mais a reconheceres, mais sentirás o quanto ela te ama e tu a amarás mais.
(4) Além disso, você deve saber que a alma sem minha Divina Vontade é como uma flor cortada da planta; pobre flor, tiraram-lhe a vida, porque não está mais unida à raiz, e separada dela não recebe mais os humores vitais, que como sangue circulavam e a mantinham viva, fresca, bela, cheirosa; perdeu a raiz que como mãe a amava, a alimentava e a tinha estreitada a seu seio, e enquanto a raiz se está debaixo da terra, como sepultada viva para dar vida às flores, filhas suas, e fazê-las fazer uma bela aparição, tanto de chamar a atenção humana com seu doce encanto, mas como é cortada da planta, como se tivesse perdido a mãe, parece que se põe em atitude de tristeza, perde a sua frescura e acaba por murchar. Tal é a alma sem minha Divina Vontade, separa-se da raiz divina, que mais que mãe a amava, a alimentava, e enquanto vive como sepultada, vive em todos seus atos e no fundo de sua alma para fornecer-lhe os humores divinos, que como sangue faz circular em todos os seus atos para mantê-la fresca, bela, perfumada por suas virtudes divinas, de formar o mais belo e doce encanto à terra e a todo o Céu. Portanto, assim que se separa da minha Divina Vontade, perde a sua verdadeira Mãe, que com tantos cuidados maternos a guardava, a tinha estreitada a seu seio, a defendia de todos e de tudo, e acaba por desfigurar-se e murchar a tudo o que é bem, e chegam a sentir a triste melancolia porque vivem sem Aquela que a gerou, sem a vida, as carícias de sua Mãe. Então você pode chamá-los de pobres órfãs abandonadas, desprotegidas, e talvez nas mãos de inimigos e tiranizada pelas paixões do próprio eu. Oh! Se a raiz estiver certa, quantos gritos dilacerantes de dor não emitiria ao ver arrancar a vida de suas flores, e que a obrigaram, como mãe estéril, a permanecer sem a coroa de seus filhos? Mas se não chora a planta, chora minha Vontade ao ver tantos filhos seus órfãos, mas órfãos voluntários, que sentem todas as penas da orfandade, enquanto sua Mãe vive e não faz outra coisa que chorar e chamar à coroa de seus filhos em torno de Si".
30-3
16 de Novembro de 1931
Cada ato humano é um jogo, uma prenda para vencer as graças celestiais. O ato humano é terra onde o Querer Divino põe sua semente. Como o amor constitui um direito.
(1) Sinto-me em poder da Divina Vontade, mas não forçada, mas voluntária, e sinto a viva necessidade de conseguir também eu uma presa que me faça feliz no tempo e na eternidade, e por isso em todos meus atos trato de tomar presa à luz da Divina Vontade, à sua santidade, à sua própria Vida. Por isso a chamo, a tomo para raptá-la em meus atos, para encerrá-la neles e poder dizer: "Cada ato meu é uma presa e uma conquista que faço". Presa e conquista da Vontade Divina, muito mais, que tendo aprisionado a minha, sem vontade não posso viver, portanto é justo e direito, que eu faça presa da sua, e neste tomar-nos como presa reciprocamente parece-me que mantemos a correspondência, o jogo, e o amor de ambos os lados acende mais. Agora, enquanto pensava isto, meu doce Jesus parecia que se agradava ao ouvir minhas loucuras, e eu dizia entre mim: "Além disso sou pequena e recém-nascida apenas, se digo desatinos não é grande coisa, mas bem há que me compadecer, porque os pequenos é fácil que digam desatinos, e muitas vezes o amado Jesus se deleita dos desatinos feitos por puro amor, e toma ocasião deles para dar uma lição, como de fato o fez". Visitando minha pequena alma me disse:
(2) "Minha pequena filha do meu Querer, é certo que tudo o que acontece entre o Criador e a criatura, os atos que ela faz, e o que recebe de Deus, serve para manter a correspondência, para conhecer-se mais, para amar-se mais e para manter o jogo entre um e outro, para conseguir o intento do que quer Deus da criatura, e do que ela quer de Deus. Assim, cada ato é um jogo que se prepara para fazer as mais belas vitórias e levá-las em penhor reciprocamente. O ato serve como matéria para jogar e como penhor para ter o que dar a quem vence. Deus com dar põe sua prenda, a criatura ao fazer seu ato põe a sua e organizam o jogo, e nossa bondade é tanta, que nos fazemos fracos para fazer vencer a criatura, outras vezes nos fazemos fortes e vencemos Nós, e isto o fazemos para colocá-la no ponto de que fazendo mais atos, ponha mais roupas e assim poder vencer para refazer-se da derrota. Além disso, como poderia manter-se a união se nada devíamos dar, e nada devia dar-nos a criatura? Cada ato é um compromisso de gratidão, e uma correspondência entre o Céu e a Terra, e um jogo em que você chama seu Criador para se divertir com você. Muito mais que cada ato feito pela Divina Vontade no ato da criatura, é uma semente divina que germina nela, o ato prepara a terra onde minha Vontade lança sua semente para fazê-la germinar em planta divina, porque de acordo com a semente que se lança no seio da terra, essa planta nasce; se a semente é de flores, nascem flores; se a semente é de fruto, nasce o fruto.
Agora, minha Divina Vontade em cada ato de criatura lança uma semente diferente, onde lança a semente da santidade, onde a semente do amor, em outros a semente da bondade, e assim do resto, quanto mais atos faz nela, tanta terra prepara onde meu Querer põe sua semente distinta para encher a terra destes atos humanos. Então, quem se faz dominar por minha Vontade Divina é bela, é formosa, cada ato seu contendo a variedade de sementes divinas, é uma nota de seu Criador: Um ato diz santidade, outro misericórdia, outro justiça, sabedoria, beleza, amor, em resumo, se vê uma harmonia divina, com tal ordem que aponta o dedo de Deus que age nela. Vês então a necessidade do ato da criatura para poder encontrar a terra onde pôr nossa semente divina? Caso contrário, onde o colocaria? Nós não temos terra, por isso deve-nos formar com seus atos, para poder com nossas sementes germinar nosso Ser Divino na criatura. Por isso quem faz e vive em nosso Querer Divino, pode-se chamar aquele que reproduz a seu Criador, e abriga nela Aquele que a criou".
(3) Depois continuava meus atos no Divino Querer, e minha pequenez queria abraçar tudo em meu abraço de amor, para poder fazer correr meu pequeno amor em todas as coisas e por todas s partes. Mas enquanto isso fazia, meu doce Jesus continuou:
(4) "Minha filha, amar significa possuir e querer fazer sua a pessoa ou ao objeto que se ama. Amar significa vínculo, ou de amizade ou de parentesco ou de filiação, de acordo mais ou menos com a intensidade do amor. Portanto, se entre a criatura e Deus não há nenhum vazio de amor divino, se todos os seus atos correm para Deus para amá-lo, se do amor têm princípio e no amor terminam, se olha todas as coisas que pertencem ao Ser Supremo como suas, isto diz amor de filho para com o seu Pai, porque assim não se sai nem das propriedades divinas nem da habitação do Pai Celestial, porque o amor verdadeiro constitui um direito na criatura, direito de filiação, direito de participação de bens, direito de ser amado. Cada ato seu de amor é uma nota vibrante que bate no coração divino e com seu som diz ‘Eu te amo, e me ame', e o som não termina se você não ouvir a nota do seu Criador, que ecoando ao som da alma responde, ‘te amo oh filho'. Oh! Como esperamos o te amo da criatura para fazê-la tomar o seu lugar no nosso amor, para ter o doce gosto de poder dizer-lhe ‘te amo, oh filho', e assim poder dar-lhe mais direito de nos amar e de fazê-lo pertencer à nossa família. Um amor interrompido e que não faz suas coisas, nem as defende, não se pode chamar amor de filho, mas poderá ser amor de amizade, amor de circunstância, amor de interesse, amor de necessidade, que não constitui um direito, porque só os filhos têm direito de possuir os bens do Pai, e o Pai tem o sacrossanto dever, mesmo com leis divinas e humanas de fazer possuir os bens a seus filhos. Por isso ama sempre, a fim de que encontres em todos os teus atos o amor, o encontro, o beijo do teu Criador".
30-4
29 de Novembro de 1931
Coragem e império dos atos feitos na Divina Vontade. Troca de vida entre Criador e criatura. Doce murmúrio no Ser Divino.
(1) Sinto o santo dever, a força irresistível, a necessidade extrema de viver na habitação dada a mim pelo Celestial Jesus, isto é, sua adorável Vontade, e se alguma vez faço as pequenas saídas, oh! Quanto me custam, sinto que todos os males me chovem em cima, e sentindo o grande contraste que há entre viver em minha querida habitação onde o amado Jesus me deu meu lugar, e fora dela, volto a tomar meu lugar que Ele me designou, e abençoo Aquele que me deu uma habitação tão feliz e me deu o grande bem de me fazer conhecer a sua Santíssima Vontade.
(2) Mas enquanto minha pequena inteligência navegava o grande mar do Fiat Supremo, meu amado Bem Jesus fez-se ouvir em minha pobre alma, e me disse:
(3) "Minha filha, estar na habitação de minha Divina Vontade é estar em seu posto de honra, dado por Deus quando a criatura foi posta fora à luz do dia, e a quem está em seu posto Deus não lhe faz faltar nada, nem santidade, nem luz, nem força, nem amor. É mais, põe à disposição da criatura o que quer tomar de dentro da fonte divina, assim que vive na abundância de todos os bens, todos os atos feitos na Divina Vontade têm a virtude operativa de Deus, o Qual se sente, por sua mesma potência, atraído a agir no ato da criatura, e por isso estes atos têm virtude de lançar-se com tal ímpeto e império no mesmo mar da Divina Vontade, para movê-la e colocá-la em atitude de duplicar sua glória, e fazê-la operar nova bondade, nova misericórdia, novo amor e luz para com todas as criaturas, assim que com seus atos, não faz outra coisa que girar o motor divino para fazê-lo agir. É verdade que por nós mesmos somos movimento contínuo que produz obras incessantes, mas também é verdade que com fazer ela seus atos em nosso Querer, entra neste movimento, põe nele do que é seu, e o nosso movimento sente-se a girar e a mover-se pela criatura para produzir as nossas obras, e sentimos o seu ato imediato com todas as nossas obras. Por isso, senti-la juntamente conosco, com os nossos atos, é a maior glória e felicidade que podemos receber.
Parece-te pouco que lhe demos a virtude de mover todo o nosso Ser Divino? E assim como gozamos por que está em seu posto, assim lhe fazemos fazer o que quer, porque estamos seguros que não fará senão o que queremos Nós. Tudo ao contrário para quem vive de vontade humana, seus atos não têm poder divino, estão sem impulso, ficam no baixo e muitas vezes amargam o seu Criador".
(4) Depois disto, dizia entre mim: "Ó! como gostaria de dar ao meu Jesus, para lhe testemunhar o meu amor, tantas vidas por quantos atos eu faço". E meu Jesus acrescentou:
(5) "Minha filha, você deve saber que em cada coisa que a criatura faz, damos o ato de vida quesai de nós, se pensa, lhe damos a vida do pensamento de nossa Inteligência; se fala, lhe damos em sua voz a vida de nossa palavra; se age, corre a vida de nossas obras na sua; se caminha, damos a vida de nossos passos nos seus; olha, são dois atos de vida que devem concorrer em cada um dos atos da criatura: Primeiro o ato de Vida Divina, e imediatamente o ato dela. Agora, se em todas as coisas que faz, as faz por amor de Quem lhe dá a vida, forma-se uma troca de vida; vida damos e vida recebemos. E embora haja grande diferença entre os atos de Vida nossa e os da criatura, ficamos glorificados e satisfeitos, porque isso pode nos dar, e isso nos dá, muito mais que todos os atos feitos por ela para nos dar o intercâmbio de vida, ficam não fora de Nós, mas dentro de nós, como testemunhos de vida perene da criatura; sentimos a troca de sua vida à Vida que lhe demos. Em nosso Ser Divino, em nosso Querer e em nosso amor, nos leva o doce murmúrio da vida de seus pensamentos em nossa Inteligência, o suave murmúrio de sua palavra em nossa voz, suas obras murmuram docemente em nossas obras, e o pisar de seus passos, enquanto caminham, assim murmuram amor e testemunhos de vida ao meu Criador. E Nós, em nossa ênfase de amor dizemos: ‘Quem é quem murmura em nosso Ser Divino com a vida de seus atos? Quem está em nosso Querer e obra por puro amor nosso'. Mas qual não é nossa dor quando damos vida aos atos da criatura e nada recebemos, estes atos seus ficam fora de Nós e como dispersos, porque falta a corrente de nosso Querer e de nosso amor que nos traz, e estes atos, a maior parte carrega o selo da ofensa a quem lhes deu a vida. Oh! Se as criaturas compreendessem com clareza o que significa fazer sua vontade, morreriam de pena ao compreender o grande mal em que se precipitam, e o grande bem que perdem com não fazer nossa Vontade Divina. Seja atenta minha filha se não queres perder os olhos da alma, qual é minha Vontade, e perdidos estes, tu mesma não compreenderás tua grande desventura, como não a compreendem tantas outras criaturas que se jogam a Divina Vontade para fazer a própria; mas para fazer o que? Para se tornarem infelizes".
30-5
06 de Dezembro de 1931
O bem da prolixidade do tempo. Deus conta as horas e os minutos para enchê-los de graças.Quem faz a Divina Vontade rompe o véu que esconde o seu Criador. Banho de luz que dá a Divina Vontade.
(1) Sentia-me oprimida pelas privações de meu doce Jesus e cansada de meu longo exílio, e pensava entre mim: "Jamais o teria acreditado, uma vida tão longa. Oh! Se tivesse sido mais breve, como tantas outras, não teria passado tanto tempo, mas Fiat! Fiat!" Sentia que minha mente queria desatinar, por isso implorei a Jesus que me ajudasse e lhe jurei que quero fazer sempre sua Vontade adorável. E o Soberano Jesus, afastando as trevas que me circundavam, fez a sua visita à minha alma e disse-me com ternura indescritível:
(2) "Filha boa, ânimo, como teu Jesus te quer dar mais e receber mais de ti, permito a prolixidade do tempo. Não há comparação possível entre quem me deu provas por poucos anos, e quem por longos anos. Um tempo prolongado diz sempre demais: Mais circunstâncias, mais ocasiões, mais provas, mais penas, e mantêm-se fiel, constante, paciente em tantas circunstâncias, e não por pouco mas por longo tempo, oh! Quantas coisas diz de mais. Você deve saber que cada hora de vida sob o império de minha Divina Vontade, são novas Vidas Divinas que se recebem, novas graças, novas belezas, novas ascendências a Deus, correspondentes a nova glória. Nós medimos o tempo pelo que damos, e esperamos a correspondência do ato da criatura para dar de novo; e à criatura é necessário o tempo para digerir o que lhe demos, e assim fazê-la dar outro passo para Nós; se nada acrescenta ao que lhe demos, Nós não damos súbito, mas esperamos seu ato para dar de novo. Por isso não há coisa maior, mais importante, mais aceitável diante de nós, que uma vida longa, santamente vivida, já que cada hora é uma prova mais de amor, de fidelidade, de sacrifício que nos deu, e Nós contamos também os minutos, a fim de que nenhum deles não seja enchido de graças e de nossos carismas divinos. A uma vida breve, poucas horas podemos contar, e não lhe podemos dar grande coisa, por isso deixa-me fazer, e quero que fiques contente do que Eu faço, e se queres estar contente pensa que cada hora da tua vida é uma prenda de amor que me dás, a qual servirá para me empenhar em te amar de mais, não está contente?".
(3) Depois disto estava seguindo meus atos na Divina Vontade e sentia sobre mim o império, sua imensidão que toda me envolvia por dentro, e meu amado Jesus acrescentou:
(4) "Filha amada de minha Vontade, viver nela significa reconhecer sua Paternidade, e sentindo-se filha quer estar abraçada, apertada sobre os joelhos de seu Pai, e viver em sua casa, e com direito, porque se reconhece como seu parto, que com tanto amor o tem gerado e dado à luz, e vê todas as outras coisas como estranhas, e sem o doce vínculo, nem de Paternidade nem de filiação; por isso vê com clareza que, saindo da casa de seu Pai, será uma filha desaparecida que não terá nem sequer um ninho onde possa formar sua habitação. Quem faz e vive em meu Querer Divino rompe os véus de nossa potência, e encontra que seu Criador potentemente a ama e atrai com sua potência a sua criatura para fazer-se amar potentemente, rasgando o véu encontra o sacrário da potência divina e não teme mais, porque, se é poderoso, é poderoso para amar e para se fazer amar, e amando com amor poderoso, faz-se ousada e rompe o véu da sabedoria divina, da bondade, da misericórdia, do amor e da justiça, e encontra como tantos Santos divinos que sabiamente a amam, e com uma bondade terníssima e excessiva, unida a misericórdia extraordinária, a amam, encontra o amor transbordante, que imensamente a ama, e sendo o Ser Divino ordem, a ama com justiça, e a criatura passando de um sacrário a outro, não fora mas dentro destes véus, sente os reflexos de seu Criador e o ama sabiamente, com bondade e ternura, unidas a misericórdia, que não tendo necessidade seu Deus o dirige para o bem de todas as gerações, e sentindo-se o amor que lhe transborda no seio, oh! Como gostaria de se desfazer em amor para amá-lo, mas a justiça conservando-a dá-lhe o amor justo quanto a criatura é possível e a confirma em vida. Minha filha, quantas coisas escondem estes véus de nossas qualidades divinas, mas a nenhum é dado quebrar estes nossos véus, senão a quem faz e vive em nosso Querer, ela sozinha é a afortunada criatura que não vê seu Deus velado, senão como Ele é em Si mesmo. Mas como não somos reconhecidos qual somos em Nós mesmos, de nosso Ser Supremo têm idéias tão baixas e inclusive também torcidas, e isto é porque não tendo neles nossa Vontade, não sentem em si mesmos a Vida Daquele que os criou, tocam nossos véus, mas não o que há dentro, e por isso sentem nossa potência como opressiva, nossa luz eclipsante como em ato de afastá-los de Nós e colocá-los à distância, sentem nossa santidade velada que lhes dá vergonha, e desconfiados vivem imersos em suas paixões, mas a culpa é toda deles, porque existe uma sentença dita por Nós no paraíso terrenal: ‘Aqui não se entra, este é lugar só para quem faz e vive em nossa Vontade', e por isso as primeiras criaturas foram postas fora, pondo um anjo de guarda a fim de que lhes impedisse a entrada. Nossa Vontade é paraíso terrestre na terra, e celestial no céu das criaturas, e se pode dizer que um anjo é posto à guarda dela. Quem não a quer fazer, e não quer viver em seus braços e fazer vida comum em sua habitação, seria um intruso se isso fizesse, mas nem sequer pode fazê-lo, porque nossos véus se fazem tão densos que não encontraria o caminho para entrar; e assim como um anjo lhe proíbe o ingresso, assim outro anjo guia e dá a mão a quem quer viver de nossa Vontade. Por isso se importa com morrer milhares de vezes antes de não fazer nossa Vontade, você deve saber que Ela é toda olhos sobre a feliz criatura que quer viver dela, e conforme faz seus atos, assim lhe faz seu banho de luz divina; este banho a refresca e lhe faz sentir os refrigérios divinos, e assim como a luz, conforme se forma, assim produz por própria natureza sua, dentro de seus véus de luz, fecundidade, doçura, gostos, cores, assim que enquanto aparentemente só parece luz, dentro esconde tantas belas riquezas e inumeráveis qualidades, que nenhum outro elemento pode ser dito semelhante a ela, aliás, é da luz que imploram a fecundidade e o bem que cada elemento deve fazer na ordem na qual foi posto por Deus. A luz pode ser chamada de alma das coisas criadas, símbolo de nossa luz incriada de nosso Fiat Divino que anima tudo. Por isso com este banho de luz divina, enquanto está por fazer seus atos nela, a alma se sente adoçar, embalsamar, fortalecer, purificar e investir pelo belo arco-íris das cores divinas que tornam à alma tão graciosa e bela, que o próprio Deus se sente raptado por uma beleza tão especial. Este banho de luz é como o preparativo para poder atravessar o umbral e romper o véu que esconde nosso Ser Divino às criaturas humanas. Muito mais, que é nosso interesse, que quem viva em nosso Querer nos assemelhe, e não faça nada que seja indigno de nossa Majestade três vezes Santa, por isso pense em que, cada vez que te disponhas a fazer teus atos em sua luz interminável, minha Vontade te dá um banho de luz, a fim de que sejas atenta a recebê-lo".
30-6
8 de Dezembro de 1931
A Rainha do Céu retira os atos bons das criaturas em seus mares de graça. A imutabilidade de Deus e a mutabilidade da criatura.
(1) Continuo meu abandono no Fiat Divino, suas doces correntes me estreitam tanto, mas não para tirar-me a liberdade, não, não, mas para me tornar mais livre nos campos divinos e para ter-me defendida de todos e de tudo, assim que eu me sinto mais segura acorrentada pela Divina Vontade. E enquanto fazia meus atos nela, sentia a necessidade de minha Mãe Celestial, que me ajudasse e que sustentasse meus pequenos atos, a fim de que pudessem encontrar a complacência e o sorriso divino. E o Celestial Consolador que nada sabe me negar quando se trata de lhe agradar, visitando minha pobre alma me disse:
(2) "Minha filha, nossa Mãe Celestial tem a proeminência sobre todos os atos bons das criaturas.
Ela, como Rainha, tem o mandato e o direito de retirar todos os atos delas em seus atos; é tanto seu amor de Rainha e de Mãe, que assim que a criatura se dispõe a formar seu ato de amor, assim desde a altura de seu trono faz descer um raio de seu amor, inviste e circunda o ato de amor delas para pôr nele o seu como primeiro amor, e assim que é formado, coloca-o novamente em seu mesmo raio de amor na fonte de seu amor e diz a seu Criador: ‘Majestade adorável, em meu amor que sempre surge para Ti, está o amor de meus filhos fundido no meu, que Eu, com direito de Rainha, retirei em meu mar de amor, para que possa encontrar em meu amor o amor de todas as criaturas'. Se as criaturas adoram, se orarem, se repararem, se sofrerem, descem da altura de seu trono, o raio da adoração, o raio de sua oração, o raio de sua reparação, emite o raio vivificante de dentro do mar de suas dores, e investe e circunda a adoração, a oração, a reparação, os sofrimentos das criaturas, e quando fizeram e formaram o ato, o mesmo raio de luz os eleva até seu trono e se fundem na fonte dos mares da adoração, da oração, da reparação, das dores da Mãe Celestial, e repete: ‘Vossa Majestade santíssima, minha adoração se estende em todas as adorações das criaturas, minha oração roga na oração delas, repara com seus reparos, e como Mãe, minhas dores investem e circundam suas penas, não me sentirei Rainha se não corro e ponho meu ato primeiro sobre todas as suas obras, nem provarei as doçuras de Mãe se não correr para circundar, ajudar, suprir, embelezar, fortificar todos os atos das criaturas, e assim poder dizer:
Os atos de meus filhos são um com os meus, tenho-os em meu poder junto a Deus para defendê-los, ajudá-los e como penhora segura que me alcançarão no Céu".
(3) Por isso minha filha, tu jamais estás sozinha em teus atos, tens a Mãe Celestial junto contigo, que não só te circunda, senão que com a luz de suas virtudes alimenta teu ato para dar-lhe a vida, porque tu deves saber que a Soberana Rainha, desde sua Imaculada Conceição, foi a primeira e única criatura que formou o anel de conjunção entre o Criador e a criatura, quebrado por Adão. Ela aceitou o divino mandato de vincular Deus e os homens, e os vinculava com seus primeiros atos de fidelidade, de sacrifício, de heroísmo de fazer morrer sua vontade em cada ato seu, não uma vez, mas sempre, para fazer reviver a de Deus. Disto brotava uma fonte de amor divino que cimentava a Deus e ao homem e todos os atos deles, assim que seus atos, seu amor materno, seu domínio de Rainha, são cimento que corre, que consolida os atos das criaturas para torná-los inseparáveis dos seus, a menos que algum ingrato recuse receber o cimento do amor de sua Mãe. Portanto, você deve estar convencida que junto a tua paciência é a paciência da Mãe Rainha, que circunda, sustenta e alimenta a tua em torno das tuas penas; circundam-te as suas dores que sustentam e alimentam como óleo balsâmico a dureza das tuas penas, em resumo, em tudo.
Ela é a Rainha que não sabe estar ociosa em seu trono de glória, mas desce, corre como Mãe nos atos e necessidades de seus filhos, por isso agradeça-lhe por seus tantos cuidados maternos, e agradeça a Deus que deu a todas as gerações uma Mãe tão santa, amável, e que ama tanto, que chega a ser a que recolhe todos os atos deles para cobri-los com os seus, e para suprir o que neles falta de belo e de bom".
(4) Depois continuava o meu habitual giro nas coisas criadas, para seguir o que a Divina Vontade nela tinha feito, e oh! Como me parecia bela e encantadora, cada vez que giro nela encontro surpresas que me raptam, notícias que antes não tinha entendido, o antigo e o novo amor de Deus que jamais se muda. Mas enquanto minha mente se estendia nos horizontes da Criação, meu amável Jesus surpreendendo-me acrescentou:
(5) "Minha pequena filha do meu Querer, como são belas nossas obras, não é verdade? Tudo é solidez, equilíbrio perfeito, imutabilidade que não está sujeita a mudar-se nem pode mudar-se.
Olha, toda a Criação diz e revela nosso Ser Divino, nossa firmeza em nossas obras, nosso equilíbrio é universal em todas as coisas, e por quantas coisas agradáveis e desagradáveis podem acontecer, nossa imutabilidade está sempre em seu posto de honra. Nada mudou do modo como foi criada, e se a criatura vê e sente tantas e múltiplas mudanças, é ela que se muda, se muda a cada circunstância, e como está dentro e fora dela mudar, sente como se nossas obras se mudassem para ela, são as suas mudanças que a rodeiam que têm força para a afastar da nossa imutabilidade. Tudo é contínuo e equilibrado em Nós; o que fizemos na Criação continua ainda, e como tudo foi feito para quem devia viver de nossa Vontade, enquanto a criatura se põe em ordem com Ela, nossa obra criadora desenvolve nela seu ato contínuo, e sente a vida de nossa imutabilidade, o perfeito equilíbrio de nossas obras, nosso amor que a ama sempre sem cessar.
Onde encontramos nossa Vontade continuamos a obra de nossa Criação, não porque a nossa seja interrompida, porque não se faz nossa Vontade, não, não, não há perigo, é porque falta neles a causa pela qual foram criados, qual é o fazer nossa Vontade, e portanto não têm olhos para ver nosso perfeito equilíbrio, que está sobre eles para equilibrar suas obras e torná-los imutáveis junto com nossa imutabilidade, nem ouvidos para escutar o que dizem nossas obras, nem mãos para tocá-las e receber nosso amor contínuo que lhes oferecemos, por isso eles mesmos se fazem como estranhos na casa de seu Pai Celestial, e nossos atos continuam, fazem seu curso, mas para eles ficam como suspensos e sem efeitos".
30-7
14 de Dezembro de 1931
Quem faz a Divina Vontade é levada entre os braços de sua imensidão. O homem fortaleza de Deus. Diferença entre quem vive e quem faz a Divina Vontade.
(1) Estou sempre de volta no Querer Divino. Minha pequena alma me parece que toma seu voo em sua luz para consumir-se e perder minha vida nela, mas o que? Enquanto me consumo ressuscito a novo amor, a nova luz, a novo conhecimento, a nova força, a nova união com Jesus e com sua Divina Vontade. Oh! Feliz ressurreição que tanto bem leva a minha alma, parece-me que minha alma na Divina Vontade está sempre em ato de morrer para receber a verdadeira vida e formar pouco a pouco a ressurreição da minha vontade na sua. Depois o meu sumo Bem Jesus, visitando a minha pequena alma disse-me:
(2) "Minha filha, nossa Vontade é o primeiro ponto e o apoio irremovível e inabalável da criatura, ela é levada entre os braços de nossa imensidão, de modo que dentro e fora dela nada vacila, senão tudo é firmeza e fortaleza insuperáveis, por isso não queremos outra coisa senão que se faça nossa Divina Vontade, para encontrar no fundo de sua alma nosso sacrário divino, o fogão que sempre arde e jamais se apaga, a luz que forma o dia divino e perene. E como nossa Vontade quando reina na criatura se desembaraça de tudo o que é humano, por isso acontece que do centro de sua alma nos dá atos divinos, honras divinas, orações e amor divino, que possuem força invencível e amor insuperável, tanto que, conforme tu em meu Querer querias abraçar todas as obras daqueles que estão no Céu, e das criaturas que estão na terra, para que todas pedissem que se faça a Divina Vontade como no Céu assim na terra, todas as obras ficavam marcadas pela grande honra de pedir que meu Fiat fosse a vida de cada criatura, e que nelas reine e domine, e nossa Divindade recebia a maior honra, que todas as obras pedissem a vida, o reino da Divina Vontade. Nenhum reescrito de graça é concedido por Nós se não estiver assinado com a assinatura de ouro de nosso Querer, as portas do Céu não se abrem senão a quem quer fazer nossa Vontade, nossos joelhos paternais não se adaptam a tomar em nossos braços, para fazê-la repousar em nosso seio amoroso, senão a quem vem como filha de nosso Querer. Eis por isso a grande diferença que nosso Ser Supremo teve ao criar o céu, o sol, a terra e o resto, com a criação do homem; nas coisas criadas pôs um basta, de modo que não podem nem crescer nem decrescer, embora lhes tenha posto toda a suntuosidade, beleza e magnificência de obras saídas de nossas mãos criadoras, por outro lado ao criar o homem, devendo ter nossa sede nele, e portanto nossa Vontade dominante e constante, não pôs um basta, não, mas dei-lhe virtude de fazer multiplicidade de obras, de passos, de palavras, mas uma diferente da outra. Nossa Vontade no homem ficaria obstruída se não lhe desse virtude de fazer sempre novas obras, não sujeito a fazer uma só obra, de dizer a mesma palavra, de caminhar sobre um mesmo caminho, ele foi criado por nós como rei da criação, porque devendo habitar nele seu Criador, o Rei dos reis, era justo que aquele que formava a habitação a nosso Ente Supremo, devia ser o pequeno rei que devia dominar as mesmas coisas criadas por Nós, e ele mesmo por amor nosso devia ter o poder de fazer não uma só obra, mas muitas obras novas, ciências para poder iniciar coisas novas, também para dar honra Àquele que o habitava dentro, e que entretendo-se com ele em familiar conversação, ensinava-lhe tantas coisas belas que fazer e que dizer. Por isso nosso amor ao criar o homem foi insuperável, mas tanto, que deveria unir todos os séculos para dar amor e pedir amor, e formar nele o reino de nossa Divina Vontade. Não temos outra visão sobre as criaturas, nem pedimos outro sacrifício, senão que façam nossa Vontade, e isto para dar-lhe o direito de rei de si mesmo e das coisas criadas, e para poder habitar nele com nossa decência e honra como nossa fortaleza e palácio real que nos pertence".
(3) Depois disto, continuando meu abandono no Querer Divino, meu amado Jesus acrescentou:
(4) "Minha boa filha, você deve saber que nossa Vontade tem sua Vida, seu domínio, sua sede, seu centro, em nosso Ser Divino, forma uma só coisa com Nós e nossa própria Vida, de seu centro emanam seus raios plenos de sua Vida que enche Céu e terra. Agora quem vive em nosso Querer, seus atos vêm formados no centro de sua Vida, ou seja em nosso Ser Divino, ao contrário quem faz só nossa Vontade, faz também o bem, mas não vive nela, seus atos são formados nos raios que emanam de seu centro. Há diferença entre quem pudesse operar na luz que o sol expande do centro de sua esfera, e entre quem pudesse subir a seu centro de luz, esta sentiria a consumação de seu ser e o ressurgimento de seu ser naquele centro de luz, de modo que lhe seria difícil separar-se de dentro daquela esfera de luz, ao contrário, os outros que operam na luz que enche a terra, não sentem a força intensa da luz que os consome, nem a força de ressurgir na mesma luz, apesar de fazer o bem, permanece tal qual é. Tal é a diferença entre quem vive e quem faz minha Vontade; portanto, quantos atos faz nela, tantas vezes ressurge a Vida Divina, e consome e morre ao que é humano. Quão belas são estas ressurreições na alma, basta dizer que vêm formadas pela sabedoria e maestria do Artífice Divino, e isto diz todo, todo o belo e tudo o bom que podemos fazer da criatura".
30-8
21 de Dezembro de 1931
Um ato contínuo é como juiz, ordem e sentinela da criatura. Quem são as depositárias de Jesus. Campos e mares divinos.
(1) Meu abandono no Fiat Divino continua, seu poder se impõe sobre mim, e quer que eu o reconheça em cada um de meus atos, como vida de meu ato, para poder estender com seu poder os novos céus de beleza, de amor, para poder reconhecer em meu ato o seu ato, que não sabe fazer coisas pequenas mas grandes, que devem maravilhar a todo o céu e que possam fazer concorrência com todas as suas obras. Em troca, se eu não o reconheço, meu ato não se presta a receber a potência do ato da Divina Vontade, e meu ato fica ato de criatura e sua potência fica aparte. Oh! Vontade Divina, faz que eu te reconheça sempre, para poder encerrar em meu ato tua potencialidade constante e glorificante de obras de tua Vontade adorável. Depois, enquanto pensava assim, o meu amado Jesus fez a sua breve visita à minha pobre alma, e disse-me:
(2) "Minha filha, reconhecer o que pode fazer minha Vontade no ato da criatura, forma o ato divino nela, e neste ato, como fundo põe o princípio divino, e conforme se vai formando assim a investe de sua imutabilidade, de modo que a criatura sentirá em seu ato um princípio divino que não termina jamais, e uma imutabilidade que jamais se muda, ouvirá em si o som do sino de seu ato contínuo que faz seu curso contínuo. Este é o sinal se a alma tem recebido em seus atos o princípio divino:
‘A continuação', um ato prolixo diz que Deus habita nela e em seus atos, diz confirmação no bem, porque é tanto o valor, a graça, a potência de um ato contínuo, que preenche os pequenos vazios de intensidade de amor, as pequenas fraquezas a que a natureza humana está sujeita. Pode-se dizer que um ato, uma virtude contínua é como o juiz, a ordem, a sentinela da criatura. É por isso que me importo tanto que os teus atos sejam contínuos, porque eles têm o meu interior, e se não forem contínuos, eu envergonhar-me-ia do meu ato no teu. Olha minha filha, é tanto o ímpeto de amor, que quero ser reconhecido em tudo o que fiz por amor das criaturas, mas isto não por outra coisa senão para dar, sinto uma necessidade de dar, quero formar as depositárias de minha vida, de minhas obras, de minhas penas, de minhas lágrimas, de tudo, mas estas não saem de Mim se não são reconhecidas, ao não reconhecê-las me impedem de aproximar-me para pôr nelas o que com tanto amor quero dar, e além disso ficariam sem efeitos, seriam como tantos cegos que não veem o que os rodeia. Ao contrário, o reconhecer é vista à alma, que faz surgir o desejo e o amor, e portanto a gratidão a Mim que tanto quero dar, e com zelo conservam meu tesouro depositado nelas, e nas circunstâncias se servem de minha Vida como guia, de minhas obras para confirmar suas obras, das minhas dores como sustento das tristezas delas, e das minhas lágrimas para se lavarem se estiverem manchadas, e oh! Como estou contente de que se sirvam de Mim e de minhas obras para se ajudar. Foi esta minha finalidade ao vir à terra, para ficar como seu irmãozinho no meio a elas, e dentro delas como ajuda em suas necessidades. Enquanto e reconhecem, Eu não faço outra coisa que refletir nelas para selar o bem que conheceram, quase como sol, que com refletir, com sua luz sobre as plantas e sobre as flores comunica a substância da doçura e das cores, não aparentemente, mas na verdade. Então, se queres receber muito, trata de conhecer o que fez e faz minha Vontade na Criação, e o que fez na Redenção, e Eu serei generoso e nada te negarei do que te faço conhecer. E mais, deves saber que se não me detenho agora para te fazer de mestre, para te fazer conhecer tantas outras coisas que me pertencem, é porque quero dar-te ainda o que te faço conhecer. Não ficaria contente se não tivesse o que dar, e sempre coisas novas para dar a minha filha, por isso espero com ânsia que ponha em seu lugar em sua alma o que tem conhecido, a fim de que o tenha como coisa tua, e enquanto as põe em seu lugar, para ajudar-te a arrumá-las vou acariciando-te, modelando, fortalecendo-te, ampliando a tua capacidade, em resumo renovo o que fiz na criação da primeira criatura. Muito mais do que ser coisas minhas que você conheceu e que quero colocar em você, não quero confiar em ninguém, nem sequer em você, quero ser eu mesmo, com minhas mesmas mãos criadoras preparar o lugar e colocá-las em você, e para tê-las seguras as circundo com meu amor, com minha força e ponho por guarda minha luz. Por isso seja atenta, não deixe escapar nada, e assim me dará o campo para poder te fazer as mais belas surpresas".
(3) Depois disto, minha pequena inteligência continuava navegando o mar interminável da Divina Vontade, e meu sumo Bem Jesus acrescentou:
(4) "Minha filha, Nós temos campos e mares divinos intermináveis, que estão cheios de alegrias, de bem-aventuranças, de belezas encantadoras de toda espécie, e possuem a virtude de fazer surgir alegrias sempre novas e belezas tais, que uma não assemelha à outra, mas nestes nossos mares e campos divinos, embora haja coisas e bem-aventuranças inumeráveis, não temos vidas que pulsam, enquanto Nós somos vida e pulsação de tudo, também de nossas alegrias; falta-nos o batimento da criatura que palpite no nosso e como vida enchem estes nossos campos e mares inumeráveis. Agora, queres saber quem nos dá a sua vida, não uma coisa nova, pois temos tantas? Quem vem a viver em nossa Vontade, porque Ela, transbordando de Nós forma nossos campos e mares divinos, cheios de todas as felicidades possíveis e imagináveis, e a criatura vem a eles como vida, e temos a grande alegria e a grande glória que pode nos dar uma vida, e embora esta vida tenha saído de nós, mas é livre de estar ou não estar em nossos campos divinos, e ela perde, sacrifica sua liberdade humana, e em nossa Vontade toma a liberdade divina, e como vida vive em nossos campos e mares sem confins. E oh! Como é belo ver esta vida que amplia seu posto no meio dos apertados grupos de nossas felicidades e alegrias, e nelas lança sua semente, seu grão de trigo, imagem de sua vontade que aí forma sua espiga, tão alta, mas como realidade, e não aparente, da vida palpitante e constante em nosso campo celestial, ou bem como peixinho, símbolo também de sua vontade, que como vida palpita, nada em nosso mar, vive e se nutre, se entretém, nos faz milhares de brincadeiras e recria, não como alegria mas como vida, a seu Criador. Há grande diferença entre aquelas que podem nos dar nossas alegrias, e aquelas que podem nos dar uma vida. E por isso podemos dizer: ‘Nossos campos estão desertos, nossos mares estão sem peixes'. Porque falta a vida das criaturas para os encher, para podermos dar e receber vida por vida, mas virá o tempo em que estarão cheios, e teremos o pleno contentamento e a grande glória de ter no meio as nossas muitas alegrias, multidões de vidas que viverão nestes campos e nos darão vida por vida.
(5) Agora, você deve saber que estes nossos campos e mares estão à disposição daqueles que vivem na terra e que querem fazer vida em nossa Divina Vontade, não para aqueles que vivem no Céu, porque eles não podem adicionar nem mesmo uma vírgula de mais do que eles fizeram, estas são as vidas jubilosas em nossos campos divinos, não as vidas que agem, pode-se dizer deles: ‘O que ele fez fez'. Ao contrário, são as vidas constantes e conquistantes da terra que suspiramos, e que enquanto estão na terra entrem nestes nossos campos e ajam e façam de conquistadoras em modo divino, muito mais, que desde que o homem pecou, saiu de nossa Vontade, e lhe foram, com justiça, fechadas as portas destes nossos campos. Agora queremos abrir estas nossas portas, depois de tantos séculos, a quem queira entrar, não forçá-las, mas livremente, para fazê-las povoar estes nossos campos divinos, para dar uma nova forma, um modo de vida todo novo à criatura, e poder receber, não obras dela, senão em cada ato seu, vida formada em nossa mesma Vida. Esta é a causa de tanto falar sobre minha Vontade, a força de minha palavra criadora as disporá, lhes dará o desejo, mudará a vontade humana, e sabendo que quero abrir as portas, tocarão, e Eu rápido lhes abrirei a fim de que Eu mesmo fique satisfeito, e tenha o meu povo afortunado que me dará em troca da minha Vida que dei por eles, a sua vida em troca da minha. Nunca falei sem obter nada, ou em vão, falei na Criação, e minha palavra serviu para formar as coisas admiráveis de todo o universo, falei na Redenção, e a minha palavra, o meu Evangelho, serve de guia à minha Igreja, serve de luz, de sustento, pode-se dizer que a minha palavra é a substância e a minha Vida palpitante no seio da Igreja. Agora, se falei e falo ainda sobre minha Divina Vontade, não será em vão, não, senão que terei seus admiráveis efeitos, e a Vida de minha Vontade conhecida, constante e palpitante em meio às criaturas. Por isso me deixe fazer e Eu disporei as coisas de modo que minha palavra não será palavra morta, mas viva, que dará vida com todos seus admiráveis efeitos. Muito mais, que estes nossos campos e mares celestiais farão de mãe as almas afortunadas que queiram viver neles, as educarão em modo divino, as alimentarão com alimentos requintados tirados da mesa celestial e crescê-los de forma nobre e santas, que em todos os seus atos, passos e palavras será claramente escrito: ‘Eles são semelhantes ao seu Criador'. Deus ouvirá a melodia da sua voz na palavra delas, a sua força nas suas obras, o seu doce movimento dos passos que correm junto a todos porque os quer consigo, nos passos deles, e como arrebatado dirá: ‘Quem é quem me assemelha? Quem sabe imitar minha voz doce, harmoniosa e forte de poder sacudir Céu e Terra? Quem tem tanta força de me raptar em suas obras para me fazer trabalhar junto com ela? Quem é? Quem é?' Ah! É quem vive em nossos campos divinos, é justo que nos assemelhem em tudo, por quanto a criatura é possível, é nossa filha, e basta, vamos imitá-la, que nos assemelhe, será nossa glória de nossa obra criadora, a suspirada de seu Pai Celestial, estas almas formarão a nova hierarquia na pátria celestial, onde há um posto reservado para elas, que a nenhum outro é dado ocupar".
30-9
25 de Dezembro de 1931
Desejo de Jesus da companhia da criatura. Extrema necessidade do menino Jesus de ser amado com amor divino por sua Mãe Celestial.
(1) Sinto-me como inundar pelo mar de luz da Divina Vontade, oh! Como gostaria de ser na verdade o peixinho neste mar, de modo a não ver mais que luz, tocar, respirar, viver de luz, oh!
Como ficaria feliz em ouvir-me dizer que sou a filha do Pai Celestial. Mas enquanto isto e outras coisas pensava, minha querida vida, o doce e soberano Jesus, visitando minha pequena alma, fazia ver que de dentro de sua adorável pessoa saíam mares de luz interminável, e de dentro dela saíam almas que povoavam a terra e todo o Céu, e Jesus chamando-me disse-me:
(2) "Minha filha, vem nesta luz, aqui te quero, a virtude da minha luz, o seu movimento como fonte de vida, não faz outra coisa que fazer sair de dentro do seu seio de luz almas, isto é, vida de criaturas, sua potência é tanta, que conforme se move faz sair almas, e Eu quero a minha amada junto Comigo, no seio de minha luz, isto é de minha Vontade, porque conforme as almas venham formadas e saiam fora, não quero estar sozinho, quero a tua companhia a fim de que reconheças o grande presságio da criação das almas, o nosso amor excessivo, e como te quero em minha Vontade quero colocá-las em ti, confiá-las, não as deixar sozinhas enquanto peregrinam a terra, quero ter junto comigo quem me proteja e defenda. Oh! Como é doce a companhia de quem tem
cuidado das vidas saídas de Mim, me é tão grato, que faço, a quem vive em minha Vontade,
depositária da criação das almas, canais pelos quais as faço sair a luz, e canais para fazê-las
entrar de novo em nossa pátria celestial. Tudo quero dar a quem quer viver em meu Fiat, sua
companhia, necessidade a meu amor, a meus desabafos e a minhas obras, que querem ser
reconhecidas; fazer e não ser reconhecidas, são como obras que não sabem produzir triunfo, nem
cantar vitória e glória. Por isso não me negue sua companhia, negaria um desabafo de amor a seu
Jesus, e às minhas obras faltaria o cortejo e o contentamento da criatura, e ficariam como obras
isoladas, e meu amor contido se trocaria em justiça".
(3) Depois disto estava pensando no nascimento do Menino Jesus, especialmente no ato quando
saiu do ventre materno, e o celestial Infante me disse:
(4) "Filha queridíssima, você deve saber que assim que saí do seio da minha mãe senti a
necessidade de um amor e afeto divinos. Eu deixei meu Pai Celestial no Empíreo, que nos
amávamos com amor todo divino, tudo era divino entre as Três Divinas Pessoas: Afetos, santidade,
potência, e assim do resto. Agora, Eu não quis mudar modos vindo à terra, minha Divina Vontade
me preparou a Mãe Divina, de modo que tive Pai Divino no Céu, e Mãe Divina na terra, e assim
que saí do seio Materno, sentindo extrema necessidade destes afetos divinos, corri para os braços
de minha mãe para receber, como o primeiro alimento, o primeiro respiro, o primeiro ato de vida de
minha pequena humanidade, seu amor divino, e Ela fez sair de Si os mares de amor divino que
meu Fiat tinha formado nela, e me amou com amor divino, como me amava meu Pai no Céu. E oh!
Como estava contente, encontrei o meu paraíso no amor da minha mãe. Agora, tu sabes que o
verdadeiro amor jamais diz basta, se pudesse dizer basta perderia a natureza do verdadeiro amor
divino, e por isso, desde os braços de minha Mãe, enquanto tomava o alimento, o respiro, o amor,
o paraíso que Ela me dava, meu amor se estendia, se fazia imenso, abraçava os séculos, buscava,
corria, chamava, delirava, porque queria as filhas divinas, e minha Vontade para tranquilizar a meu
amor, apresentou-me a minhas filhas divinas, que no transcurso dos séculos me formaria, e Eu as
olhei, abracei, amei e recebi o respiro de seus afetos divinos, e vi que a Rainha Divina não teria
ficado só, mas teria tido a geração das minhas e suas filhas divinas. Minha Vontade sabe mudar e
dar a transformação e formar o nobre enxerto de humano em divino. Por isso quando te vejo
trabalhar Nela, sinto-me dar e repetir o paraíso que me deu minha Mãe quando criança me recebeu
Volume 30
24
em seus braços. Quem faz e vive em minha Divina Vontade, faz surgir e forma a doce e bela
esperança de que seu reino virá sobre a terra, e Eu me deleitarei no paraíso da criatura que meu
Fiat formou nelas".
(5) E enquanto minha mente continuava pensando no que Jesus me havia dito, com um amor mais
intenso e terno acrescentou:
(6) "Minha boa filha, nosso amor corre continuamente para a criatura, nosso movimento amoroso
que não cessa jamais corre no batimento do coração, nos pensamentos da mente, no respiro dos
pulmões, no sangue que circula, corre, corre sempre e vivifica com a nossa nota e movimento de
amor o bater, o pensamento, o respiro, e quer o encontro do amor palpitante, do respiro amante, do
pensamento que recebe e nos dá amor, e enquanto o nosso amor corre com rapidez inalcançável,
o amor da criatura não se encontra com o nosso, fica para trás, e não segue a corrida de nosso
amor que corre sem jamais deter-se, e não nos vendo nem sequer seguir enquanto continuamos a
girar no batimento, no respiro, em todo o ser da criatura, delirantes exclamamos: ‘Nosso amor não
é conhecido, nem recebido, nem amado pela criatura, e se o recebe é sem conhecê-lo'. Oh! Como
é difícil amar e não ser amado. No entanto, se nosso amor não corresse, cessaria
instantaneamente a vida delas; sucederia como o relógio: se tem corda faz ouvir seu tic tac, e
admiravelmente marca as horas e os minutos, e serve para manter a ordem do dia, a ordem
pública, se termina a corda, o tic tac não se ouve mais, fica parado, como sem vida, e pode haver
muitas desordens por causa do relógio que não caminha. A corda da criatura é meu amor, que
conforme corre esta corda celestial, bate o coração, circula o sangue, forma o respiro, podem-se
chamar as horas, os minutos, os instantes do relógio da vida da criatura, e ao ver que se não faço
correr a corda do meu amor, não podem viver, e não obstante que não sou amado, meu amor
continua seu curso, mas pondo-se em atitude de amor doloroso e delirante. Agora, quem nos tirará
esta dor e adoçará nosso delírio amoroso? Quem terá por vida nossa Divina Vontade. Ela como
vida formará a corda no batimento, no respiro e assim do resto da criatura, formará o doce
encontro com nosso amor, e nossa corda e a delas caminharão juntas. Nosso tic contínuo será
seguido pelo tac delas, e nosso amor não estará mais só no correr, senão que terá seu curso junto
com a criatura. Por isso não quero outra coisa, que Vontade minha, Vontade minha na criatura".
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30-10
Volume 30
25
Janeiro 3, 1932
Certeza da vinda do reino da Divina Vontade à terra. Todas as dificuldades se derreterão
como neve diante de um sol ardente. A vontade humana é a permanência escura da criatura.
(1) O meu abandono continua no Fiat Divino, mas estava preocupada com o pensamento, como
poderá vir este reino da Vontade Divina? O pecado abunda, os males pioram, as criaturas me
parecem indispostas para receber um bem tão grande, tanto, que não há alma, por quão boa fora,
que verdadeiramente queira ocupar-se em fazer conhecer o que concerne à Divina Vontade. Se
Deus não opera um prodígio de Sua Onipotência, o reino do Fiat Divino poderá estar no Céu, mas
para a terra é inútil pensar nisso. Enquanto isso e outras coisas pensava, meu amado Jesus
fazendo sua habitual visita à minha alma me disse:
(2) "Minha filha, tudo é possível para nós. As impossibilidades, as dificuldades, os obstáculos
insuperáveis das criaturas, dissolvem-se ante nossa Majestade Suprema como neve frente a um
sol ardente; tudo que está em si Nós queremos, todo o resto é nada. Não foi assim na Redenção?
O pecado abundava mais do que nunca, apenas um pequeno núcleo de pessoas suspirava ao
Messias, e no meio deste núcleo, quantas hipocrisias, quantos pecados de todas as espécies,
frequentemente idolatravam, mas estava decretado que Eu devia vir à terra, e diante dos nossos
decretos, todos os males não podem impedir o que queremos fazer. Um ato único de nossa
Vontade nos glorifica mais do que nos ofendem todos os males e pecados que cometem as
criaturas, porque nosso ato de Vontade é divino e imenso, e em sua imensidão abraça toda a
eternidade, todos os séculos, se estende a todos; por isso não é de nossa infinita sabedoria não
dar vida a um só ato de nossa Vontade pelos males das criaturas, Nós nos colocamos do nosso
lado divino e fazemos o que devemos fazer, e às criaturas as deixamos no lado humano, e fazendo
de Soberanos, dominamos tudo e a todos, mesmo sobre o mal, e colocamos fora nossos decretos.
(3) Agora, assim como foi decreto nosso a minha vinda sobre a terra, assim é decreto nosso o reino
de nossa Vontade sobre a terra, melhor se pode dizer que um e o outro é um só decreto, e que
tendo cumprido o primeiro ato deste decreto, nos resta cumprir o segundo. É verdade que nos
sujeitamos à boa disposição das criaturas para dar o grande bem que pode produzir um ato de
nossa Vontade, e por isso, ao máximo tomamos tempo e abrimos caminho em meio a seus males
para dispô-los. É verdade que os tempos são tristes, os mesmos povos estão cansados, se veem
fechados todos os caminhos, não encontram caminhos de saída, mesmo para os necessários
meios naturais, as opressões, as exigências dos governantes são insuportáveis, justa pena por ter
escolhido por governantes homens sem Deus, de má vida, sem justo direito para ser cabeças, que
Volume 30
26
Eles mereciam mais uma prisão do que o direito de governar. Muitos tronos e impérios foram
esmagados, e os poucos que permaneceram estão todos vacilantes e a ponto de serem
destruídos, assim que a terra permanecerá quase sem rei, nas mãos de homens iníquos. Pobres
povos, pobres filhos meus, sob o regime de homens sem piedade, sem coração, e sem a graça de
poder servir de guia aos seus dependentes; repete-se a época do povo hebreu, que quando eu
estava próximo a vir sobre a terra, estava sem rei, e estava sob o domínio de um império
estrangeiro, homens bárbaros e idólatras que nem sequer conheciam o seu Criador, no entanto era
este o sinal da minha próxima vinda entre eles. Entre aquela época e esta, em muitas coisas se
dão a mão, e o desaparecimento dos tronos e dos impérios, é o anúncio de que o reino de minha
Divina Vontade não está distante. Devendo ser um reino universal, pacífico, não haverá
necessidade de rei que o domine, cada um será rei para si mesmo; a minha vontade lhes será lei,
guia, sustento, vida e Rei absoluto de todos e de cada um, e todas as cabeças arbitrárias e sem
direito se reduzirão a pedaços, como poeira ao vento. As nações continuarão debatendo-se entre
elas, quem para guerra, quem para revoluções entre elas e contra minha Igreja, têm um fogo que
as devora no meio a elas que não lhes dá paz, e não sabem dar paz, é o fogo do pecado e o fogo
do fazer sem Deus o que não lhes dá paz, e jamais farão a paz se não chamarem a Deus no meio
a eles, como regime e vínculo de união e de paz, e Eu os deixo fazer, e farei tocar com a mão o
que significa fazer sem Deus. Mas isto não impede que venha o reino do meu Fiat Supremo, estas
são coisas da criatura, do submundo, que o meu poder quando quer, lança por terra e destrói, e faz
surgir da tempestade o céu mais sereno e o sol mais resplandecente. Em troca, o reino de minha
Divina Vontade é do alto, dos Céus, formado e decretado em meio às Divinas Pessoas, nenhum
nos possa tocar nem destruir. Primeiro trataremos com uma só criatura, formando o primeiro reino
nela, depois com poucos, e depois, fazendo uso da nossa Onipotência, vamos divulgá-lo em todo o
lado. Esteja segura, não se preocupe porque os males piorarão, nossa potência, nosso amor
vencedor que tem virtude de sempre vencer, nossa Vontade que tudo pode e que com paciência
invicta sabe esperar inclusive séculos, mas o que quer e deve fazer vale mais do que todos os
males das criaturas; ante sua potência invencível e seu valor infinito, serão como gotinhas de água
os males delas, como tantas coisinhas que servirão ao triunfo de nosso amor e à maior glória de
nossa Vontade cumprida. E depois, quando tivermos a grande glória de formar este reino dentro de
uma só criatura, ela será como sol, que todos têm direito de gozar e possuir a sua luz, mais do que
o sol, dará a todas as criaturas o direito de fazer possuir um reino tão santo, e nós, com sabedoria
infinita, abundaremos de graças, de luz, de ajudas, de meios surpreendentes, para fazer reinar o
reino da minha Vontade no meio deles. Por isso deixa-me fazer, se Jesus te disse, é suficiente, é
como se já estivesse feito. Todas as criaturas e todos os males juntos não têm poder nem direito
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27
sobre nossa Vontade, nem podem impedir um só ato de nossa Vontade querida com decretos de
nossa sabedoria".
(4) Depois continuava pensando no Fiat Divino, e meu doce Jesus acrescentou:
(5) "Minha filha, minha Vontade é luz, a vontade humana é a permanência escura na qual vive a
pobre criatura; assim que meu Querer entra nesta estadia escura, assim fica toda investida desta
luz que tudo ilumina, inclusive os mais remotos e pequenos esconderijos da alma. Faz-se luz do
pensamento, da palavra, das obras, dos passos, mas com uma diversidade maravilhosa; o
pensamento toma uma variedade de cores animadas pela luz, a palavra toma outra variedade de
cores, a ação, o passo, outras variedades de cores, e conforme repete o pensamento, a palavra, a
ação, o passo, animados pela luz da minha Vontade, assim se formam os matizes das cores
divinas, e a beleza é que todas as cores estão animadas pela luz. Oh! Como é bonito ver a criatura
animada pelo arco-íris de nossas cores divinas, é uma das cenas mais belas que ela nos
apresenta, e nos faz gozar, olhamos e vemos que não são outra coisa que os reflexos de nossos
pensamentos, de nossas ações, e assim do resto, que formou a variedade de nossas cores
divinas, e a nossa Vontade que faz alarde de luz nos atos da criatura, que com seu doce encanto
nos sequestra e nos faz espectadores de nossos atos, e oh! Como esperamos com todo amor a
repetição destas cenas tão belas e deleitáveis".
+ + + +
30-11
Janeiro 7, 1932
A Divina Vontade pode ser querida, ordenada, constante e cumprida. Exemplo: A Criação.
(1) Continuo seguindo ao Querer Divino, o sinto sempre sobre mim, em ato de fechar-se em meus
atos para ter o contentamento de dizer-me: "Teu ato é meu, porque dentro está minha Vida que o
formou". Parece-me que com uma paciência invicta, mas paciência amorosa, doce, amável, que
rapta minha pobre alma, numera, observa quando devo agir, dar um passo e o resto, para encerrar
sua Vida constante e o mover seu passo no meu, como se se quisesse encerrar em meu ato,
apesar de ser enorme. Mas quem pode dizer o que experimento e sinto sob o império da Divina
Vontade? Sou sempre a pequena ignorante que apenas sei dizer o a, b, c, da Divina Vontade. Em
muitas coisas me faltam as palavras, enquanto a minha mente está cheia e quem sabe quantas
coisas eu gostaria de dizer, mas eu faço por dizê-lo e não encontro as palavras para expressar-me,
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28
e é por isso que eu vou em frente. Depois, meu doce Jesus, me surpreendeu, disse:
(2) "Minha filha, minha Vontade tem modos surpreendentes e diferentes de agir, e opera segundo
as disposições das criaturas. Muitas vezes faz conhecer o que Ela quer, mas deixa a decisão das
criaturas fazê-lo ou não fazê-lo, e esta se chama Vontade querida. Outras vezes, ao querer
acrescenta a ordem, e dá graças duplicadas para fazer que se cumpra essa ordem, e isto é de
todos os cristãos, não fazer isto significa não ser nem sequer cristãos. O outro modo é constante,
neste, desce no ato da criatura e age como se o ato da criatura fosse seu ato, e por isso como ato
seu põe nele sua Vida, sua santidade, sua virtude operativa; mas para chegar a isto, a alma deve
estar habituada à Vontade querida e ordenada, estas preparam o vazio no ato humano para
receber o ato constante do Fiat Divino, mas não se detém aí, o ato constante chama ao ato
cumprido e completo, e este é o ato mais santo, mais potente, mais belo, mais resplandecente de
luz que pode fazer minha Divina Vontade, e sendo seu ato completo, tudo o que tem feito vem
encerrado neste ato, de modo que se vê correr e encerrado nele: O céu, o sol, as estrelas, o mar,
as bem-aventuranças celestiais, tudo e todos".
(3) E eu fiquei surpreendida: "Mas como pode ser que um só ato possa encerrar tudo? Parece
incrível".
(4) E Jesus adicionou: "Como que incrível? Minha Vontade não pode fazer tudo e encerrar tudo,
tanto no grande como no menor ato? Tu deves saber que nos atos cumpridos de minha Vontade,
entra a inseparabilidade de tudo o que tem feito e fará, de outra maneira não seria um ato só,
senão que estaria sujeito a sucessão de atos, o que não pode ser, nem em nosso Ser Divino, nem
em nossa Vontade, e a Criação é um exemplo palpável: Todas as coisas criadas são inseparáveis
entre elas, mas distintas uma da outra, olha o céu, ato cumprido do Fiat, o qual pela parte de cima
serve de banco à pátria celestial, onde correm todas as felicidades e alegrias, ocupado por todos
os anjos e santos e onde formamos nosso trono. Esse mesmo céu forma a abóbada azul sobre a
cabeça das criaturas, e no mesmo espaço se veem muitas estrelas, mas não se estendem além do
céu; mais abaixo está o sol, o vento, o ar, o mar, mas debaixo daquele mesmo espaço de céu, e
enquanto cada um faz seu ofício, é tanta sua inseparabilidade, que ao mesmo tempo e no mesmo
lugar se sente e se vê que o sol golpeia com sua luz, o vento sopra e dá suas rajadas refrescantes,
o ar se faz respirar, o mar faz ouvir seu murmúrio, parece que estão fundidos juntos, tanta é sua
inseparabilidade, tanto, que a criatura no mesmo tempo e lugar pode gozar o céu, o sol, o vento, o
mar, a terra florida. Os atos cumpridos de minha Divina Vontade não estão sujeitos a separar-se,
porque da Vontade única de onde saíram, saíram com força e potência unitiva, por isso não é
nenhuma maravilha se nos atos cumpridos que faz na criatura encerra tudo, e veem-se delineadas
como se se pudesse ver dentro de um vidro todas suas obras, enquanto que cada coisa está em
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29
seu lugar, mas se refletem com uma potência admirável no ato cumprido de minha Vontade no ato
da criatura. É esta a razão que em um ato cumprido de minha Vontade, tanto na criatura como fora
dela, é tanto o valor, que por quanto damos ficamos sempre por dar, porque não tem a capacidade
de tomar todo o valor que contém. Enche até a borda, derrama fora, forma-se os mares ao redor, e
que coisa tomou? Pode-se dizer que pouquíssimo, porque este ato encerra o infinito e a criatura é
incapaz de tomar o valor de um ato infinito de meu Fiat Divino, seria mais fácil que fechasse toda a
luz do sol no breve giro de sua pupila, o que também é impossível, pode encher-se o olho de luz,
mas quantos mares de luz não ficam fora de sua pupila, por que? Porque há um Fiat Divino
naquele sol, pelo qual a todas as pupilas não lhes é dado encerrá-lo, tomarão quanta luz queiram,
mas examiná-la jamais; terão sempre que tomar; verdadeira imagem de um ato cumprido de minha
Vontade na criatura. Por isso seja atenta e faça com que Ela seja a vida em seus atos".
+ + + +
30-12
Janeiro 12, 1932
Giro na Divina Vontade. Garantias, adiantamentos e compromissos por parte das criaturas.
Capital da parte do Criador. Eco que forma a Divina Vontade nas criaturas.
1) Estava segundo meu costume fazendo meu giro volta nos atos da Divina Vontade, sentia que
nela e com Ela podia abraçar tudo, recordar tudo, admirar tudo o que tinha feito a Divina Vontade.
Era o teatro infinito que se apresentava diante de minha pequena mente, que com cenas divinas e
inumeráveis, fazia saborear doçuras indizíveis e as cenas mais belas e encantadoras que a
potência do Fiat Divino pôs fora, no giro da Criação, Redenção e Santificação. Parece que é uma
reviravolta que ele fez ao longo dos séculos, e nesta reviravolta ele fez tantas coisas maravilhosas,
maravilhosas, de fazer estremecer o céu e a terra, e essa reviravolta fez isso para nos fazer girar
ao redor, para nos fazer saber o quanto pode fazer, e sabe fazer por amor nosso. Então, enquanto
girava no giro infinito do Querer Divino, meu amável Jesus visitando a sua pequena recém-nascida
me disse:
(2) "Minha pequena filha de minha Vontade, se você soubesse quanto gozo ao te ver girar no
infinito giro de meu Fiat Supremo, e ao ver que te detém como suspensa frente a seus prodígios, a
suas obras admiráveis e adoráveis, a suas cenas encantadoras e que raptam, em meu ímpeto de
amor digo: ‘Como estou feliz por minha filha ser espectadora e apreciar as cenas admiráveis
Volume 30
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dAquela que a criou.' Mas isto não basta, você deve saber que para adquirir uma propriedade, é
necessário que quem a quer ceder, deve dar a liberdade a quem deve tomá-la, visitá-la, levá-la
quase pela mão para lhe fazer conhecer todos os bens que nela há, as fontes que possui, a
raridade e preciosidade das plantas, a fertilidade do terreno, e isto serve para apaixonar quem a
deve adquirir; e quem deve adquiri-la é necessário que dê os adiantamentos, faça os
compromissos relevantes para vincular aquele que deve ceder a propriedade, a fim de que não
possa retratar-se.
(3) Agora, filha bendita, querendo dar o reino de minha Divina Vontade, é necessário que você gire
em suas propriedades divinas, e Eu, levando-a pela mão, te faço conhecer seus mares
intermináveis, os bens, os prodígios, as maravilhas surpreendentes, as alegrias, as felicidades,
coisas todas de valor infinito que possui, a fim de que você o conheça o ame, e se apaixone tanto,
que não só não saberia viver sem ele, senão que daria a vida para adquirir um reino tão santo,
pacífico e belo. Mas não é tudo ainda, requer sua parte, suas garantias, seus adiantamentos e
compromissos. E nosso amor e bondade é tanta, que querem dar nossa Vontade como
propriedade que pertence à criatura, que põe à sua disposição o que Ela tem feito, a fim de que se
sirva disso como garantias e compromissos equivalentes para receber um dom tão grande. Agora,
quando você gira na Criação e vê o céu e se alegra ao ver a bela abóbada azul forrada de estrelas,
o sol transbordante de luz, e reconheça e sinta o Fiat Divino palpitante ainda, que o criou por amor
das criaturas, e você fazendo sair de seu coração seu pequeno amor, ama Aquele que tanto te
amou, seu amor se sela no ato do céu, na luz do sol, e nos dá como penhor o céu, por antecipação
as estrelas, por compromisso o sol, porque foi criado para ti, e basta que possuas como vida tua
nossa Vontade, e já tudo é teu e pode ser o válido compromisso para obter seu reino. E assim,
conforme gira em todas as outras coisas criadas, as reconheça e nos ame, e quantas vezes repete
seus giros, tantas vezes repete as vestes, faz os compromissos, e nos compromete a dispor as
coisas, a dar graças, ajudas, para dar como reino o grande dom do Fiat Voluntas Tua como no Céu
assim na terra. Nós sabemos que a criatura não tem o que nos dar, e nosso amor se impõe para
lhe dar nossos atos como se fossem seus, colocando em suas mãos nossas obras como moeda
divina, para que tenha meios suficientes para poder contratar com nosso Ser Supremo. Mas se não
tem nada, tem seu pequeno amor, desprendido do nosso no ato de criá-la, por isso tem uma
partezinha do amor infinito de Deus, e quando a criatura nos ama, põe o infinito em atitude,
sentimos a força magnética da parte do nosso amor infinito, que, fazendo-se sentir, nos ama nela,
se eleva, se estende, chega até nós e quer entrar no infinito de onde saiu, oh! Como nos rapta, e
no ímpeto de nosso amor dizemos: ‘Quem pode resistir à força de nosso amor infinito que sai da
criatura e nos ama?’ Dar céus e terra nos parece pouco para retribuí-la por seu pequeno amor, que
Volume 30
31
se bem é pequeno, possui a parte do infinito, e isto nos basta. Oh! Como é doce e querida a
preciosa prenda do amor da criatura, e como não há coisa que no giro dos séculos não tenha saído
de nossa Vontade, teu giro na criação do homem é uma visita que lhe fazes, para conhecer o que
fez, e conhecer em que mares de graças, de santidade, de amor foi posto no ato de ser criado, e
você gostaria de fazer todo teu aquele amor para nos amar, e nos compromete com os mesmos
atos com que criamos o homem. E assim quando você gira na criação da Virgem, em seus mares
de graças, em minha vinda à terra e em tudo o que Eu fiz e sofri, você coloca por compromisso a
Rainha do Céu, minha própria Vida e todos meus atos. Minha Vontade é tudo, e para dar-se à
criatura quer ser reconhecida, quer ter o que fazer, quer contratar com ela, e quanto mais a visites
em seus atos, tanto mais se encontra empenhada e comprometida e começa o desembolso de seu
capital; todas as verdades, os conhecimentos que te dei sobre a Divina Vontade, não foi porventura
capital que pus em tua alma? E é tão exuberante, que pode encher de luz, de amor, de santidade,
de graças, de paz, o mundo inteiro, e não foi acaso depois de um giro que fizeste em seus atos,
que já te esperava com todo amor para te dar suas roupas e adiantamentos de que seu reino teria
vindo sobre a terra? Tu davas as tuas roupas e o meu Fiat dava-te as dele, pode-se dizer que cada
verdade e palavra que dizia a respeito dele, eram disposições que tomava de como formar este
reino, leva que chamava para formar o seu exército, capital que desembolsava para mantê-lo,
alegrias e delícias para atraí-los, força divina para vencê-los, porque primeiro Nós fazemos os atos,
ordenamos tudo, e depois mostramos e fazemos conhecer os atos que temos feito. E como este
bem queremos dar às criaturas, é necessário, justo e razoável que nos entendamos ao menos com
uma criatura, a fim de que de uma passe à outra. Nós não fazemos nossas obras no ar, mas
queremos um pequeno apoio para formar nossas maiores obras, não foi nosso pequeno apoio a
Rainha do Céu na grande obra da Redenção, que depois se estendeu a todos e a quem a queira?
Por isso seu voo em minha Vontade seja contínuo, a fim de que troquemos, você suas garantias e
Ela seus capitais, para acelerar seu reino sobre a face da terra".
(4) Depois disto me sentia mais do que o habitual toda imersa no Fiat Divino, e meu soberano
Jesus adicionou:
(5) "Minha filha, rapidamente se conhece quando minha Divina Vontade opera na alma, enquanto
Ela age estende no ser humano suavidade, doçura, paz, fortaleza, firmeza, antes de que trabalhe
sopra e imprime seu Fiat Onipotente, o qual estende seu céu em torno da obra que quer fazer,
parece que sem seu céu minha Vontade não sabe agir, e enquanto obra faz ressoar seu eco doce,
harmonioso nas Três Divinas Pessoas, pondo-as ao dia do que está fazendo na alma, porque
sendo uma a Vontade que está operando nela, com a das Divinas Pessoas, acontece que o que
faz nas Divinas Pessoas, faz ressoar seu eco potente na criatura, e neste eco lhe leva os
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32
admiráveis segredos, as doçuras inefáveis, o amor inseparável, como se amam as Divinas
Pessoas, o doce acordo entre Elas. Este eco é o portador das coisas mais íntimas do Ente
Supremo à criatura; onde está atuando minha Vontade, o eco de um se funde no outro, o de cima
se faz revelador divino, aquele de baixo, ressoando em Deus, tem a virtude de falar potentemente
com os modos divinos do bem das criaturas e do mesmo amor com que Eles a querem. Minha
Vontade com sua potência forma as doces correntes, e funde e transforma a Deus e à criatura, de
maneira que Deus se sente refeito na criatura, e ela se senta refeita em Deus. Oh! Minha vontade,
como és admirável e poderosa, estende tuas doces correntes e ata a Deus e às criaturas, a fim de
que todos voltem ao meu seio divino".
+ + + +
30-13
Enero 12, 1932
Modos dominantes, falantes e felicitantes da Divina Vontade. Como o céu fica atrás. Vitória
de Deus e conquista da criatura. A Divina Vontade coletora de suas obras. Exemplo de uma
mãe que chora a seu filho aleijado.
(1) A minha pequena alma continua a navegar o mar interminável do Fiat Divino, e oh! Como fico
surpreendida, porque enquanto me parece que fiz um longo caminho, faço por olhar e não encontro
outra coisa que poucos passos em comparação com os que me restam fazer. Sua
interminabilidade é tanta, que embora deva caminhar séculos me encontraria sempre no princípio,
e há tanto por conhecer do Querer Divino, que me encontrando em seu mar sinto sempre a
pequena ignorante que apenas aprendeu as vogais da Divina Vontade, e talvez as consoantes as
irei aprender na pátria celestial, que espero alcançar em breve. Oh! Como gostaria de mover a
piedade a todo o Céu, para que termine meu longo exílio; mas do resto Fiat! O Fiat! O Fiat! O Fiat!
E o meu sempre amável Jesus, tendo compaixão de mim, apertou-me nos seus braços dizendo-
me:
(2) "Filha bendita, coragem, não fique tão abatida, por agora quero que teu Céu seja minha Divina
Vontade, Ela será tua pátria celestial na terra, e não deixará de te felicitar e de dar-te as puras
alegrias de lá acima; onde Ela reina tem múltiplas maneiras para dar novas surpresas de alegrias,
de contentamentos, para fazer que a alma que a possui possa gozar seu paraíso na terra, e por
isso agora toma modos dominantes, e seu domínio se estende na mente, na palavra, no coração,
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33
em todo o ser da criatura, até no menor movimento, e oh! Como é doce seu domínio, é domínio e
vida, é domínio e força, é domínio e luz que se faz caminho, e sua luz afasta as trevas, tira as
barreiras que podem impedir o bem, e seu domínio põe em fuga os inimigos, em resumo, a criatura
se sente levada pelo domínio da Divina Vontade, e enquanto é dominada fica dominadora de si
mesma, de seus atos e da mesma Divina Vontade que enquanto domina e reina, é tanta sua
suavidade, força e doçura, que se funde com a criatura e quer que domine junto, porque seu
domínio é pacífico, e a todos os atos que faz a criatura dá seu beijo de paz dominante. Este beijo,
suavidade e doçura arrebatam a vontade humana na Divina e estendem o domínio juntos para
formar o reino divino no fundo da alma. Não há coisa mais bela, mais querida, maior, mais santa,
que sentir correr o domínio de minha Vontade em todos os atos, e em todo o conjunto da criatura,
poderia dizer que o Céu fica atrás ante o domínio de minha Vontade no coração da criatura
viadora, porque nos santos não tem nada a acrescentar, não fica outra coisa a não ser fazê-los
felizes continuamente; ao contrário, na alma peregina há obras que pode fazer, nova vida que pode
infundir, novas conquistas que pode adquirir para ampliar e estender maioritariamente seu domínio.
O domínio total de minha Vontade Divina na criatura é nossa vitória contínua, por cada ato seu que
faz nela com seu domínio, tantas vitórias nós fazemos, e a criatura fica vencedora da minha Divina
Vontade em seus atos; ao contrário, no Céu não temos nada a vencer, porque tudo é nosso, e
cada bem-aventurado cumpre seu trabalho no ato de expirar, por isso nossa obra conquistante é
sobre a terra, nas almas peregrinas, não no Céu; no Céu não temos nem que perder nem que
adquirir.
(3) Agora, quando minha Divina Vontade se tem assegurado seu total domínio na criatura, toma
seu modo falante, você deve saber que cada palavra sua é uma criação, onde Ela reina não sabe
estar ociosa, e como possui a virtude criadora não sabe falar se não criar, mas que coisa cria?
Quer criar-se a Si mesma na criatura, quer fazer desabafo de suas qualidades divinas, e o faz
palavra por palavra, quase como fez na Criação do universo, em que não disse uma só palavra,
senão tantas palavras por quantas coisas distintas quis criar. A alma nos custa mais do que todo o
universo, e quando está segura de seu domínio, não poupa suas palavras, antes, conforme a
criatura recebe o ato de sua palavra criadora, assim amplia sua capacidade e prepara outra. Assim
que fala e cria a luz, fala e cria a doçura, fala e cria a força divina, fala e cria seu dia de paz, fala e
cria seus conhecimentos, cada sua palavra é portadora de criações do bem que Ela possui e
revela; sua palavra se faz anunciadora dos bens que quer criar na alma. Quem pode te dizer o
valor que possui uma só palavra da minha Divina Vontade? E quantos céus, mares de riquezas,
variedade de belezas coloca na afortunada criatura que possui seu doce e feliz domínio?
(4) Agora, depois do trabalho surge a alegria, a felicidade. Minha Vontade por sua natureza está
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cheia de alegrias inumeráveis, Ela vê a criatura que se prestou a receber a criação de suas
palavras e, oh! Como se sente feliz, porque vê que cada criação recebida dá à luz uma alegria e
felicidade sem fim, e Ela passa do modo falante ao modo felicitante, e para fazer que a criatura
goze de mais, não se afasta, não, senão que se felicita junto, e para fazê-la gozar mais, vai
explicando-lhe a natureza e diversidade das alegrias que criou em sua alma só porque a ama e
quer vê-la feliz, e como as alegrias, a felicidade, na solidão não são plenas, parece que morrem,
por isso deixa-me junto contigo para poder felicitar-te sempre e preparar as novas alegrias com o
trabalho da minha palavra criadora. Por isso nossa única festa e felicidade que temos sobre a terra,
é a alma que se faz possuir pelo domínio de minha suprema Vontade, nela encontra lugar nossa
palavra, nossa Vida, nossas alegrias, pode-se dizer que a obra de nossas mãos criadoras está na
ordem, onde foi estabelecido por nossa sabedoria infinita, isto é em nossa Divina Vontade, está em
seu posto de honra. Pelo contrário, quem se faz dominar pela vontade humana, está na desordem
e é o nosso contínuo fracasso de nossa obra criadora. Por isso seja atenta minha filha, e faça feliz
a quem quer tornar-te feliz no tempo e na eternidade".
(5) Depois disto continuava nadando no mar de luz do Fiat Divino, me sentia afogar de luz, e eram
tantos seus conhecimentos, que eu não sabia a quais deles prestar atenção, dada minha pequenez
não sabia onde colocá-los, e se perdiam em sua mesma luz, e eu ficava surpreendida sem saber
de nada, e meu doce mestre Jesus adicionou:
(6) "Minha filha, minha Vontade é a coletora de todas as suas obras, em sua luz tudo esconde, com
sua luz as defende e põe a salvo todas as suas obras, esta luz, quanto não faz para pôr a salvo a
criatura, a obra mais bela de nossas mãos criadoras, e para fazê-la retornar bela, preciosa como a
tiramos? Recolhe-a no seu seio de luz, e põe-lhe tanta luz em cima, de lhe fazer desaparecer todos
os males: se está cega, por meio de luz lhe dá a vista; se está muda, por via de luz quer dar-lhe a
palavra; a luz toma-a por todos os lados, e dá-lhe o ouvido se for surda; se for aleijada, endireita-a,
se for feia, faz com que seja bela. Uma mãe não faz quanto faz minha Divina Vontade para fazer
bela e regenerar sua criatura, suas armas são de luz, porque não há potência que a luz não
esconda e bem que não possua. O que uma mãe não faria que tendo dado à luz um belo menino,
que a arrebatava com sua beleza, e a mãe se sentia feliz na beleza do filho, mas que uma
desventura o golpeia e o deixa cego, mudo, surdo, aleijado; pobre mãe, vê a seu filho e não o
reconhece mais, o olho apagado que não a vê mais, não escuta mais sua voz claríssima que a
fazia estremecer de alegria ao ouvir-se chamar-se mamãe; seus pés que corriam para ir a seu colo,
com dificuldade se arrastam. Este filho é a dor mais transbordante para uma pobre mãe, e o que
não faria se soubesse que seu filho pudesse voltar de novo a seus traços originais? Percorreria
todo o mundo se pudesse obter isto, e lhe seria doce pôr a própria vida com tal que pudesse ver a
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seu filho belo como o deu a luz; mas pobre mãe, não está em seu poder restituir a beleza original a
seu querido filho, e será sempre sua dor e o espinho mais penetrante de seu coração materno. Tal
se tornou a criatura com fazer sua vontade: cega, muda, aleijada, nossa Vontade chora com
lágrimas de luz ardente de nosso amor, mas o que a mãe não pode fazer por seu filho aleijado, a
minha Vontade Divina não lhe falta o poder, Ela, mais do que mãe, colocará à disposição seus
capitais de luz, que possuem a virtude de restituir todos os bens e beleza da criatura. Ela, Mãe
terna, amante e vigilante da obra de suas mãos, que mais do que filho queridíssimo o trouxe à luz,
percorrerá não todo o mundo, senão todos os séculos para preparar e dar os remédios potentes de
luz, que vivifica, transforma, endireita e embeleza, e só parará quando vir no seu colo materno,
bela como a tirou, a obra de suas mãos criadoras, para refazer-se de tantas dores e gozá-la para
sempre. Não são por acaso remédios os tantos conhecimentos sobre minha Vontade? Cada
manifestação e palavra que digo é uma fortaleza que ponho em torno da debilidade da vontade
humana, é um alimento que preparo, é uma isca, um gosto, uma luz, para fazê-la readquirir a vista
perdida. Por isso seja atenta e não percas nada do que minha Vontade te manifesta, porque a seu
tempo tudo servirá, nada se perderá. Crês tu que Ela nem sequer leva em conta uma palavra do
que diz? Tudo numera e nada perde, e se em tua alma formou sua cátedra para pôr suas
verdades, entretanto a cátedra principal a tem reservada em Si mesma, como o maior tesouro que
lhe pertence, de modo que se você perde qualquer palavra ou manifestação que lhe pertence,
conserva em Si o original, porque o que concerne a minha Divina Vontade é de valor infinito, e o
infinito não pode, nem está sujeito a perder-se; aliás, zelosa conserva nos arquivos divinos suas
verdades. Por isso, aprende também tu a ser ciumenta e vigilante, e a apreciar as suas santas
lições".
+ + + +
30-14
Janeiro 24, 1932
Cada visita de Jesus é portadora de verdades celestes. Quem vive na Divina Vontade está
sob a chuva do ato novo de Deus. Exemplo da flor. Cada ato feito na Divina Vontade é um
degrau. Ofício de mãe.
(1) Sentia-me toda pensativa sobre as tantas verdades que Jesus bendito me disse sobre sua
Divina Vontade, e enquanto sentia em mim o sagrado depósito de suas verdades, sentia ao mesmo
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tempo um santo temor do como as guardava em minha pobre alma, e muitas vezes malamente
exposto, sem a atenção que convém a verdades que contêm valor infinito, e oh! Como gostaria de
imitar os bem-aventurados, que enquanto conhecem tanto da Divina Vontade, não dizem nada a
nenhum dos pobres peregrinos, têm-nas todas com eles, beatificam-se, felicitam-se, mas lá de
cima não mandam nem uma palavra para fazer conhecer uma só verdade das muitas que
conhecem. Mas enquanto isso eu pensava, meu amável Jesus, visitando minha pequena alma,
com toda bondade me disse:
(2) "Minha filha, cada palavra que te disse sobre minha Divina Vontade, não foi outra coisa que
tantas visitas que te fiz, deixando em ti a substância do bem que cada uma de minhas palavras
contém, e não me confiando de ti, porque tu és incapaz de guardar uma só minha palavra, me
deixava em custódia do valor infinito de minhas verdades que punha em tua alma. Por isso seus
temores não são justos, estou Eu em guarda de tudo, são verdades celestiais, coisas do Céu,
desabafos de amor reprimidos de minha Vontade, e de tantos séculos. E antes de me decidir a
falar-te, já tinha decidido ficar em ti para guardar o que punha em ti, você entra na ordem
secundária, o primeiro guardião sou Eu. Agora, sendo estas minhas visitas portadoras de coisas
celestiais, as levarás contigo à pátria celestial como triunfo de minha Vontade, e como garantia de
que seu reino não somente virá sobre a terra, senão que estabeleceu o princípio de seu reinar.
Aquelas que ficarão sobre o papel ficarão como memória perene de que minha Vontade quer reinar
em meio às humanas gerações, e serão estímulos, incitações, súplicas divinas, força irresistível,
mensageiros celestiais, condutores do reino de meu Fiat Divino, e também reprovações potentes a
quem deveria ocupar-se em fazer conhecer um bem tão grande, e que por indolência e por vãos
temores não deixá-las-ão girar pelo mundo inteiro, a fim de que levem a jubilosa nova da era feliz
do reino da minha Vontade. Por isso abandone-se em Mim e deixe-me fazer".
(3) Depois continuava meus atos na Divina Vontade, na qual tudo o que tem feito na Criação está
tudo em ato, como se agora a estivesse criando, para dá-las como desabafo de seu amor à
criatura, e como sou muito pequena não posso tomá-las todas juntas, e vou pouco a pouco até
onde posso chegar; e o divino amor espera-me em cada coisa criada para repetir e duplicar o ato
criante e dizer-me: "Olha quanto te amo, para ti as criei, por ti conservo o ato criante em ato, para
te dizer não só com palavras, mas com os fatos: ‘Te amo', te amo tanto que estou afogado de
amor, anseio, deliro, porque quero ser amado, tanto, que com criar a Criação antes de ti, te
preparava o caminho todo de amor, com manter o ato criante em ato, te digo a cada instante te
amo e quero amor". Por isso eu percorria as coisas criadas, para não deixar dolorido o artífice
amoroso por não ter recebido o seu amor que tinha posto em cada coisa criada, e que o tinha
posto por mim, e tendo chegado ao ato exuberante do amor da criação do homem, eu me sentia
Volume 30
37
sob a chuva deste amor intenso, e meu sempre amável Jesus me disse:
(4) "Filha bendita, nosso modo com as criaturas não se muda jamais, como foi no princípio ao
externar-se na criação, assim continua e continuará sempre, sempre. Agora, quem entra em nossa
Vontade toca com a mão nosso ato criante, sempre em ato, e nosso amor sempre novo em ato de
dar-se à criatura; mas não é só nosso amor, senão o grande amor nosso, nos faz tirar de nosso
seio e põe em vida sobre elas nova bondade, nova potência, nova santidade, nova beleza, de
modo que temos a criatura sob a chuva de nossos atos novos, sempre novos e sempre em ato.
Assim, toda a Criação está sempre em ato de se repetir e de se dar a elas. E assim como nossos
modos são sempre iguais e não se mudam jamais, o que fazemos com os bem-aventurados no
Céu, alimentando sua bem-aventurança com nosso novo ato sem cessar, assim fazemos para
quem vive em nossa Divina Vontade na terra, alimentamos sua vida com nova santidade, nova
bondade, novo amor, a temos sob a chuva de nossos atos novos e sempre em ato, com esta
diferença: Que os bem-aventurados nada adquiram de novo, só nadam nas novas alegrias do seu
Criador; ao contrário, a viadora afortunada que vive em nosso Querer, está sempre em ato de fazer
novas conquistas. Então, quem não faz e não vive em nossa Vontade Divina se torna estranha da
família celestial, não conhece os bens de seu Pai Celestial, e apenas as gotinhas toma do amor e
dos bens de seu Criador, ela se torna filha ilegítima que não tem plenos direitos nas posses de seu
Pai Divino. Só minha Vontade dá o direito de filiação, e a liberdade de tomar o que quer da casa de
seu Pai Celestial. Quem vive em nossa Vontade é como a flor que permanece na planta, e a mãe
terra sente o dever de dar lugar à raiz da flor em sua própria casa, de alimentá-la com seus
humores vitais que ela possui, de tê-la exposta aos raios do sol para lhe dar cor, e espera o orvalho
noturno para que sua flor receba humores suficientes para fazê-la resistir aos beijos ardentes do
sol, para fazê-la desenvolver e receber o colorido e o perfume mais intenso e mais belo; assim que
a mãe terra se pode dizer que é o alimento e a vida da flor. Assim é a alma que vive em nossa
Vontade, devemos dar-lhe o lugar em nossa casa, e mais que mãe alimentá-la, crescê-la, e dar-lhe
tanta graça de poder sustentar e estar exposta diante e dentro à luz ardente da imensidão de
nossa Vontade. Mas quem não faz e não vive Nela, é como a flor arrancada da planta e posta nos
vasos, pobre flor, já perdeu a sua mãe que com tanto amor a alimentava, a tinha exposta ao sol
para aquecê-la e dar-lhe cor, e embora haja água no vaso, não é a mãe que a dá, por isso não é
água que alimenta, e com tudo e que é conservada no vaso, mas está sujeita a murchar e morrer.
Tal é a alma sem minha Vontade, lhe falta a Mãe Divina que a gerou, lhe falta a virtude
alimentadora e fecundadora, lhe falta o calor materno que a aquece e com sua luz lhe dá suas
pinceladas de beleza para fazê-la bela e florida. Pobre criatura sem as ternuras e o amor de quem
lhe deu a vida, como crescerá débil e sem beleza, e como murcha no verdadeiro bem".
Volume 30
38
(5) Depois disto girava na Divina Vontade para encontrar todos os atos das criaturas para pôr neles
meu amor, e pedir em cada ato de criatura o reino da Divina Vontade sobre a terra, e meu doce
Jesus acrescentou:
(6) "Minha filha, minha Divina Vontade no ato da criatura quando é invocada, tira a dureza à
vontade humana, adoça seus modos, reprime os modos violentos, e com sua luz esquenta as
obras endurecidas pelo frio do humano querer. Portanto, quem vive na minha Divina Vontade
prepara a graça preventiva às gerações humanas para que a conheçam, e cada ato seu nela forma
o degrau para subir, primeiro ela e as criaturas junto aos conhecimentos do Fiat Supremo. Assim,
quem vive em minha Divina Vontade, Ela lhe dá as virtudes maternas e lhe dá o ofício de fazer
para Deus e para as criaturas o ofício de verdadeira mãe. Vê então a necessidade de teus atos em
minha Vontade, para formar uma escada longa que deve tocar o Céu, de modo a violentar com sua
mesma força divina, que meu Fiat venha sobre a terra e forme seu reino, fazendo encontrar sobre
esta escada o primeiro povo que o receba e se preste a fazê-lo reinar em meio a eles. Sem escada
não se pode subir, por isso é necessário que uma criatura a faça para dar o campo para fazer subir
aos outros, e para fazer que esta se preste, devemos dar-lhe o ofício de mãe, que amando as
criaturas como suas filhas, as quais lhe foram dadas por minha Divina Vontade, ela aceite o
mandamento e não poupe nem fadigas, nem sacrifícios, e se for necessário ainda a mesma vida
por amor destes filhos. Muito mais que ao dar o ofício de mãe, meu Querer Divino dota a alma de
amor materno e a faz sentir no próprio coração estes filhos, e lhe dá ternura divina e humana para
vencer a Deus e à criatura, e uni-los juntos para fazê-los fazer sua Divina Vontade. Não há maior
honra que possamos dar à criatura do que a maternidade, ela é portadora de gerações e damos-
lhe a graça de formar-se nosso povo predileto. E embora a maternidade diga dor, mas sentirá a
alegria toda divina de ver sair de dentro da dor os filhos da minha Vontade. Por isso repete sempre
os teus atos, e não recues, o retroceder é dos vilões, dos medíocres, dos inconstantes, não dos
fortes, muito menos dos filhos da minha Vontade".
+ + + +
30-15
Janeiro 30, 1932
A Divina Vontade espiã, sentinela, Mãe e Rainha. Seu alento forma na alma o apoio de amor
para encerrar suas verdades. Êxtase de amor do Criador, alimento que dá aos seus dons.
Volume 30
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(1) Estava seguindo os atos do Fiat Divino, e me parecia que em cada ato seu que eu seguia me
preparava seu sopro de amor, que continha em Si e que suspirava por fazê-lo sair de Si, para fazê-
lo prisioneiro em minha pobre alma, e eu sentindo seu amor, de dentro do seu mesmo amor fazia
sair o meu amor para quem tanto me amava, e suspirava o seu novo alento de amor para lhe dizer
com afeto mais intenso: "Amo-te". Parecia-me que é tanto o desejo da Divina Vontade de querer
ser amada, que Ela mesma põe na alma a dose de seu amor para fazer-se amar, e depois espera
o amor da criatura para poder dizer-lhe: "Como estou contente de que me ames". Mas enquanto
isso eu pensava, meu adorado Jesus, fazendo sua breve visita me disse:
(2) "Minha filha, tu deves saber que nosso amor dá no incrível. Nossa Divina Vontade é a espiã da
criatura, e vai espiando quando ela está disposta a receber seu alento de amor contido, porque Ela
sabe que a criatura não possui uma grande quantidade de amor divino, apenas tem uma
partezinha do amor infinito quando foi criada, e se esta não foi alimentada, é como o fogo quando
está debaixo das cinzas, que embora o fogo exista, as cinzas o têm coberto e reprimido, de modo
que não faz sentir nem sequer o calor. Amor humano não queremos, e por isso nossa Vontade
Divina usa seus estratagemas amorosos, espia as disposições e faz sair seu alento, este, como
leve brisa põe em fuga as cinzas que tem produzido o querer humano, a partícula de nosso amor
infinito se reaviva, se acende; meu Querer Divino continua mandando seu alento e agrega outro
amor divino, a alma se sente esvaziar, aquecer, prova os refrescos amorosos, e desde dentro da
partícula do amor infinito que possui nos ama, e nos dá como seu nosso amor divino. Você deve
saber que é tanto o amor desta minha Divina Vontade, que usa todas as artes, a faz de espião e
lhe dá seu alento, lhe faz de Mãe e a arrulha em seus braços, lhe faz de sentinela e a vigia, lhe faz
de Rainha e a domina, lhe faz de sol e a ilumina, e presta-se até a servi-la, e quando quer pôr em ti
os seus conhecimentos, as suas verdades, até uma só palavra que diz, infunde-te tanto o seu
alento, que forma em ti, primeiro, o seu apoio de amor, de luz, para fechar as suas verdades dentro
do apoio do seu amor e da sua luz que formou em ti. Assim, confia as suas verdades ao seu
próprio amor, à sua luz, sabendo que só o seu amor poderá ter verdadeiro interesse em conservá-
las, em incitar-te a fim de que não fiquem ocultas. Oh! Se não fosse por este meu apoio de amor
que encerra todos os conhecimentos do meu Fiat, quantas coisas terias sepultado em tua alma,
sem que ninguém soubesse nada. Esta é a causa pela qual antes que te deva manifestar suas
verdades faz o trabalho em torno de ti, para te preparar, para te pôr novo amor, para formar o novo
apoio às suas verdades, e colocá-las no banco seguro do seu amor divino. E se te espero em seus
atos com tanto amor, são acostumados pretextos, ocasiões que vamos buscando para encontrar a
vírgula, o ponto da criatura para lhe dar novo amor, novas graças, mas muito mais porque
queremos sua companhia; sem quem quer fazer nossa Vontade não sabemos estar, Ela mesma
Volume 30
40
nos leva entre seus braços a nossos atos, a fim de que esteja conosco, e com tudo o que Nós
fazemos".
(3) Depois disto seguia meu giro nos atos da Divina Vontade, e tendo chegado ao ponto da criação
do homem, parei para ser espectadora daquele amor com que o Artífice Divino o havia criado. E o
meu sumo Bem Jesus acrescentou:
(4) "Pequena filha da minha Divina Vontade, aos pequeninos sentimos-nos levados a dizer os
nossos inefáveis e infinitos segredos, queremos dizer a nossa história, muito mais, que entra a sua
origem no meio, para fazê-la tocar com a mão com qual amor foi amada e voltar a amar por Nós
sua pequenez, porque ela estava presente, já estava em Nós no ato da criação do homem, e isto
para fazê-la festejar e Nós festejar junto o ato solene de sua criação. Agora, você deve saber que
nosso Ser Supremo se encontrou no ato de criar a criatura em uma espécie de êxtase profundo,
nosso amor arrebatou a nosso Ser Divino, nosso amor nos arrebatou e nosso Fiat se pôs em ato
de agir com sua virtude criadora, e foi neste êxtase amoroso que foram postas fora de nós todas as
graças, os dons, as virtudes, as belezas, as santidades e assim do resto, com os quais deviam ser
dotadas e enriquecidas todas as criaturas; nosso amor não se contentou, mas quando pôs em
ordem, fora de nós, tudo o que devia servir a todas e a cada uma das criaturas, todas as
diversidades de santidades e especialidade de belezas e dons para ser cada uma a cópia de seu
Criador. Estes dotes e riquezas já estão à disposição de todos, assim que cada criatura ao nascer
já tem pronta seu dote, que Deus desde que foi criado o homem tirava de Si para cada um. Mas
quantos não a conhecem, nem fazem uso dos direitos que Deus lhes deu, e enquanto são ricos
levam uma vida pobre, e estão tão distantes da verdadeira santidade, como se não fossem seres
saídos daquele Deus três vezes santo, que não sabe fazer outra coisa que criaturas santas, belas
e felizes, semelhantes a Ele; mas não terminarão os séculos, nem virá o último dos dias, se tudo o
que trouxemos em nosso êxtase de amor não for tomado pelas criaturas, porque se pode dizer que
pouquíssimo foi tomado do que pusemos à sua disposição. Mas escuta filha boa outro excesso de
nosso ardente amor: Ao pôr fora de Nós os dotes, as graças, os dons, não os separamos de nós;
fora de Nós, sim, mas inseparáveis de Nós, a fim de que a criatura tomando nossos dons, com
nossa inseparabilidade recebesse o alimento contínuo para alimentar nossos dons, nossa
santidade, nossa beleza, nossas graças, assim, junto com nossos dons tornamos à mesma criatura
inseparável de Nós, porque ela não tem os alimentos necessários e santos para alimentar nossos
dons, e Nós nos oferecemos a dar dons e alimentos para alimentar nossa santidade, nossas
graças celestiais. Por isso, estamos continuamente a estar com ela para lhe dar agora o alimento
para alimentar a nossa santidade, agora o alimento para alimentar a nossa Fortaleza, agora o
alimento distinto para alimentar nossa beleza, em resumo estamos em torno dela e sempre
Volume 30
41
ocupados em dar os diversos alimentos a cada dom que lhe demos, e isto serve para conservar,
crescer e coroar nossos dons, e junto fica coroada a feliz criatura com nossos, e em nossos
mesmos dons. Portanto, dar um dom à criatura serve para nos empenharmos com ela, não só de
alimentá-lo, mas damos-lhe por penhor nosso trabalho, nossa inseparabilidade e nossa própria
Vida, porque se queremos nossa semelhança devemos dar nossa Vida, para poder produzir nossa
semelhança nela, e isto fazemos com muito gosto, é mais, nosso amor nos repete nosso êxtase e
nos faz dar tudo, para nos fazer tomar a pequenez da criatura, que é também nossa, e que de nós
saiu. Disto podes compreender quais são as nossas angústias, os nossos êxtases de amor,
quando não damos um dom, mas a nossa mesma Vontade por vida da criatura, alimentar os
nossos dons é uma coisa, alimentar a nossa Vontade é outra. Já a criatura em virtude dEla nos
arrebata continuamente a si, e Nós sofremos contínuos êxtases de amor, e nestes êxtases não
fazemos outra coisa que desabafar amor a rios, mares de luz, graças indescritíveis, nada vem dado
à medida, porque não só devemos alimentá-la, mas devemos tê-la cortejada e honrada com honras
divinas na criatura. Por isso minha filha, seja atenta, e faz que de ti nada saia de humano, para
poder também tu honrar com atos divinos a minha Vontade em ti".
+ + + +
30-16
Fevereiro 6, 1932
Quem vive na Divina Vontade, Deus a faz crescer com traços e modos divinos. A carreira no
Fiat. Os atos feitos nEle são postos sobre a balança eterna e guardados no banco divino.
(1) Meu abandono no Querer Divino continua, sinto-me sempre o pequeno átomo que vou de cima
para baixo, como errante em seus atos para encontrar sua Vida e a minha em seus atos, e meu
átomo não se detém, corre, corre sempre, porque sinto a extrema necessidade de encontrar a vida
no Fiat. De outra maneira sinto que não posso viver sem a sua Vida, e sem as suas ações sinto-me
em jejum, e por isso devo correr para encontrar vida e alimento. Muito mais, que a Divina Vontade
me espera com um amor indescritível em seus atos para preparar seu alimento a sua pequena
filha. Mas enquanto minha mente se perdia em sua luz, o doce e Soberano Celestial Jesus,
fazendo sua escapadinha a sua pequena filha me disse:
(2) "Filha bendita, como é bela a tua carreira na nossa Vontade, e se és o pequeno átomo,
podemos fazer-te crescer como Nós queremos; aos pequenos pode-se fazer crescer com os
Volume 30
42
nossos traços que nos assemelhem, ensinamos-lhes os nossos modos divinos, a nossa ciência
celestial, de modo que ela esqueça os modos rústicos e a ignorância da vontade humana.
Daqueles que são grandes, já estão formados, e pouco ou nada podemos refazer, e além disso
estão acostumados a viver como grandes, segundo o querer humano, e para destruir os costumes
se requerem os milagres, se é que se consegue. Em troca com os pequenos nos resulta fácil, não
nos custa tanto, porque não têm costumes implantados, no máximo algum movimento passageiro,
que basta uma palavra nossa, um sopro de nossa luz para fazer que não se recorde mais. Por isso
seja sempre pequena se queres que minha Divina Vontade, fazendo-te de verdadeira Mãe, te faça
crescer, a fim de que seja toda nossa glória e também tua. Agora, você deve saber que um ato
repetidamente renovado forma o costume, e como um ato que não cessa jamais é só do Ente
Supremo, por isso se a criatura se sente em posse de um ato que repete sempre, significa que
Deus nesse ato encerrou sua Vida, seu modo; um ato contínuo é Vida e ato divino, e só quem vive
em minha Vontade Divina pode sentir em si a potência, a virtude, a força milagrosa de um ato que
não cessa jamais, porque havendo-a nos feito crescer, não é fácil afastar-se de nossos modos, e
de não sentir em si a Vida e os atos contínuos Daquele que a fez crescer, por isso seu correr,
sentir sempre a extrema necessidade de encontrar nossa Vida e a sua no Fiat, em seus atos, e nós
que corremos em você para estar em nossos atos incessantes, e enquanto nós corremos você
corre junto, a fim de que nossos atos que estão em você façam vida comum com nossos atos que
estão fora de você, e assim como você sente a extrema necessidade, assim sentimos Nós a
extrema necessidade de amor de fazer girar sua pequenez em todos os atos de nosso Fiat, porque
você não sendo capaz de encerrá-los todos em ti, com seu girar neles fazem parte por quantos
mais conseguires. Por isso corre, corre sempre, mas bem digo corramos sempre, porque não há
graça maior que posso dar à criatura, que fazer-lhe sentir em si a virtude de um ato contínuo".
(3) Depois continuava seguindo os atos da Divina Vontade, e meu amado Jesus acrescentou:
(4) "Minha filha, cada vez que forma um ato teu no ato de minha Divina Vontade, tantos vínculos de
mais formas Nela, ficando confirmada tantas vezes por quantos atos fazes no Fiat Divino, e Ela fica
confirmada tantas vezes mais em ti, e cada vínculo e confirmação que faz, minha Vontade aumenta
seus mares em torno de você, e por confirmação, como selo, põe uma verdade sua, um
conhecimento seu e te manifesta um grau de valor mais que minha Vontade contém, mas você
sabe o que fazem em sua alma estes vínculos, confirmações, verdades, conhecimentos, valores
que você não conhece? Fazem crescer a Vida de minha Vontade em ti, e não só isso, senão que
repetindo teus atos, terão tantos graus de valores de mais, quanto conheceste de mais, teus atos
vêm postos na balança do valor divino, e tanto valem por quanto conheceste, e por quanto valor foi
comunicado por nós em seu ato. Então seu ato de ontem, repetindo hoje, não tem o mesmo valor
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43
de ontem, mas conquistou o novo valor que Nós fizemos conhecer. Por isso a repetição dos atos,
acompanhados de novas verdades e conhecimentos, adquirem dia a dia novos graus sempre
crescentes de valor infinito. Nós, aos atos da criatura feitos em nossa Vontade, não só os
colocamos em nossa balança eterna para dar-lhes o peso de um valor infinito, senão os
conservamos em nosso banco divino para dar-lhes o cêntuplo, por isso cada vez que repete seus
atos, tantas vezes você vem para colocar suas moedas em nosso banco divino, e então você
adquire tantos direitos de mais o que receber de nós. Veja então até onde chega o excesso de
nosso amor, que queremos nos tornar devedores da criatura, recebendo as moedas de seus atos
em nosso banco imenso, e que embora possuímos tanto, amamos receber as pequenas moedas
para dar-lhe o direito de dar-lhe o nosso. Nosso amor a qualquer custo quer ter o que fazer com a
criatura, quer estar em contínua relação com ela, e isto à força de dar, e talvez também de perder;
quantas vezes, enquanto Nós queremos dar-lhe, queremos fazer-lhe conhecer tantas belas coisas
nossas, queremos fazer-lhe sentir que doce e potente é nossa palavra, e ela mostra-se fria,
indiferente, se é que não nos vira as costas, e nosso amor fica como derrotado por parte da
ingratidão humana, mas a filha pequena não o fará jamais, não é verdade? A tua pequenez faz-te
sentir a extrema necessidade do teu Jesus, do seu amor, e da sua Vontade".
+ + + +
30-17
Fevereiro 10, 1932
Trabalho de Deus na alma que vive na Divina Vontade. Acordo entre Deus e a criatura.
Vigilância de Jesus para ter a companhia da criatura em suas obras.
(1) Meu doce Jesus com sua força arrebatadora me atrai sempre em sua adorável Vontade, para
fazer-me percorrer a multiplicidade de suas obras, que parece que me esperam para me dar
alguma coisa de mais do que me deram, e eu fico surpreendida de tanta bondade e generosidade
divina. E o amado Jesus para infundir em mim maior amor e desejo de seguir os atos da Divina
Vontade, disse-me:
(2) "Filha bendita de meu Querer, cada vez que te eleva Nela para unir-te a cada ato que tem feito,
e ao seu unir o teu, o ato divino surge e te dá um grau de graça, de amor, de santidade, um grau
de Vida Divina e de glória; estes graus unidos formam a substância necessária para formar a Vida
Divina na criatura: quem forma o batimento, quem o respiro, quem a palavra, quem o olho, quem a
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44
beleza, quem a santidade de Deus no fundo da alma. Nossos atos surgem conforme se aproxima a
criatura, para dar o que possuem, com ânsia a esperam para pôr-se em atitude de surgir, para
formar seus desabafos divinos, para pôr-se e repetir os atos nela. Assim quem se une com os atos
de nossa Vontade Divina, nos dá ocasião de pôr-nos a trabalhar, mas para fazer o que? Formar a
nossa Vida com o nosso trabalho na criatura. Você deve saber que a criatura com elevar-se em
nossa Divina Vontade, deixa tudo e se reduz em seu nada, este nada reconhece a seu Criador e o
Criador reconhece o nada que trouxe à luz, não o nada cheio de coisas que a Ele não pertencem,
não, e encontrando o nada o enche do Todo. Eis o que significa viver em minha Vontade, despojar-
se de tudo, e ligeira voar ao seio do Pai Celestial, para fazer que este nada receba a Vida daquele
que a criou. Além disso, nossa Vontade é nossa Vida e nosso alimento, e como Nós não temos
necessidade de alimentos materiais, por isso Ela nos dá o alimento de suas obras santas, e como
a criatura é uma de nossas obras, queremos encontrar nela nossa Vontade como vida, a fim de
que não só ela, mas todas as suas obras nos sirvam de alimento, e Nós por correspondência lhe
damos o alimento das nossas. Este alimentar-nos dos mesmos alimentos forma a aproximação
entre Deus e a criatura, esta aproximação produz paz, comunicação de bens, inseparabilidade;
parece que o sopro divino sopra na criatura e o dela em Deus, e os une tanto, de sentir como se a
respiração de um fosse um só com o do outro. Por isso acontece um acordo de Vontade, acordo de
amor, de obras, sentimos aquele alento que tiramos na criação do homem, que interrompeu ao
fazer sua vontade, renascido de novo na criatura, nossa Vontade tem virtude e ofício de regenerar
nela o que perdeu com o pecado, e de reordená-la como saiu de nossas mãos criadoras".
(3) Depois disto estava girando nas obras da Criação e Redenção e meu Soberano Jesus
adicionou:
(4) "Minha filha, nossas obras sofrem o isolamento se não são reconhecidas como obras feitas por
amor das criaturas, porque não houve outro objetivo ao criar tantas obras maravilhosas na Criação,
que dar-lhes tantos testemunhos de amor. Nós não tínhamos nenhuma necessidade, tudo foi feito
com um amor intenso para elas. Agora, se este nosso amor não é reconhecido em cada coisa
criada, nossas obras ficam sozinhas, sem cortejo, sem honras e como separadas das criaturas,
assim que o céu, o sol, as outras coisas criadas estão sozinhas, o que Eu fiz em Redenção,
minhas obras, minhas mágoas, minhas lágrimas e tudo o mais estão isoladas. Agora, quem forma
a companhia a nossas obras? Quem as reconhece e gira nelas encontra nosso amor palpitante
para ela, que suspira sua companhia para dar e receber amor; tanto, que quando você gira em
nossa Vontade para encontrar nossas obras, e reconhece nosso amor e põe o seu, Sinto-me tão
atraído que quase sempre te espero em cada obra para gozar tua companhia, teu cortejo, e sinto-
me como correspondido pelo que fiz e sofri, e quando alguma vez tu demoras em vir, Eu espero e
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ponho-me a vigiar desde dentro de minhas obras, para ver quando estás por vir, para me gozares a
tua doce companhia. Por isso seja atenta, não me faça esperar".
+ + + +
30-18
Fevereiro 16, 1932
Os atos feitos sem a Divina Vontade estão vazios do infinito. É preciso fazer tudo e esperar
os eventos para fazer vir o reino da Divina Vontade. Os atos feitos nela partem para o Céu
como propriedade da Pátria Celestial.
(1) Estava continuando meus atos na Divina Vontade para encontrar todos seus atos e fundi-los
juntos, e assim poder dizer: "Faço o que Ela faz". Oh! Que felicidade se sente ao pensar que eu
estou fazendo o que faz a Divina Vontade. E meu amável Jesus, visitando sua pequena filha me
disse:
(2) "Filha boa, se tu soubesses que vazio se forma no ato da criatura quando não está cheio do
todo de minha Vontade, assim que naquele ato falta a plenitude da santidade, falta o infinito, e
como falta o infinito se vê um abismo de vazio que só o infinito podia preencher, porque a criatura
com todos os seus atos foi feita para o infinito, e quando em seus atos corre minha Vontade, lhe
põe o infinito e se vê o ato dela cheio de luz, que o tem em seu colo de luz, e com a infinitude
dentro que o torna ato completo. Pelo contrário, quando no ato da criatura não entra minha
Vontade como vida, princípio, meio e fim, o ato está vazio, e ninguém pode preencher o abismo
daquele vazio, e se está o pecado, vê-se nesse ato um abismo de trevas e de misérias que faz
horrorizar, ah! Minha filha, quantos destes atos vazios do infinito houve ao longo dos séculos, o
infinito rejeitado pelo ato humano. Minha Vontade Divina tem direito sobre cada ato de criatura, e
para vir a reinar quer que quem viva nela vá encontrando todos estes atos vazios para rogar-lhe,
pressioná-la para que em cada ato ponha o infinito, a fim de que reconheça em cada ato o seu ato
para fazer com que o seu domínio seja completo, e ainda que estes atos sejam atos passados, há
sempre, para quem vive na minha Vontade, o poder fazer e reparar, porque nela está a força de
poder ajustar e refazer tudo, contanto que encontre uma criatura que se preste; e muito mais,
porque são atos de criatura sem minha Vontade, assim que outra criatura unida com minha
Vontade pode ajustar, ordenar cada coisa. Por isso minha filha, já te disse outras vezes e repito:
‘Façamos tudo o que for necessário para fazer conhecer a Divina Vontade e fazê-la reinar'. Nada
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deve faltar de nossa parte: Orações, sacrifício da própria vida, fazer todos os atos das criaturas
para chamá-las a colocar do seu lado, a fim de que estejam meu te amo e o teu, minha oração e a
tua, que gritem: ‘Queremos a Divina Vontade'. Assim, toda a Criação e todos os atos serão
cobertos pela Vontade Divina, e Ela será chamada por cada ato de criatura de todos os pontos,
desde cada coisa criada, porque Eu e você já fizemos a chamada, querendo pôr ainda o sacrifício
da vida em cada coisa e em cada ato, para que venha a reinar. Isto será poder ante o trono de
Deus, força magnética, ímã irresistível, o que todos os atos gritem que querem a Divina Vontade
reinante em meio às criaturas, mas quem é o que grita? Eu e a pequena filha de meu Querer.
Então, como arrebatada descerá a reinar. Eis por que os giros e mais giros na Criação, em meus
mesmos atos, nos da Mãe Celestial, para empenhar a nossos mesmos atos divinos por um reino
tão santo, e naqueles das criaturas para copiá-los e pôr o que lhes possa faltar, mas todos devem
ter uma só voz, direta ou indiretamente por meio de quem quer fazer o sacrifício de se fazer
fornecedora e reparadora, para obter que venha a reinar em meio às gerações. Por isso, o que te
faço fazer e que Eu faço junto contigo, são atos necessários, preparativos, formações, substâncias,
capitais que se requerem, quando tudo tivermos feito por minha parte e por parte sua, de modo que
nada falte, poderemos dizer: ‘Tudo fizemos, não nos resta outra coisa que fazer'. Assim como Eu
disse na Redenção, tudo fiz para redimir ao homem, meu amor não sabe que outra coisa inventar
para colocá-lo a salvo, e fui ao Céu esperando que tomasse o bem que com o sacrifício de minha
Vida lhes havia formado e dado, assim, quando nada mais ficar por fazer pelo reino da minha
Vontade sobre a terra, também tu poderás vir ao Céu, esperando na Pátria Celestial que as
criaturas tomem as substâncias, o capital, o reino que já está formado do Fiat Supremo. Por isso te
digo sempre seja atenta, não omitas nada; quando não se pode fazer outra coisa, façamos nossa
parte, o resto, as circunstâncias, os eventos, as coisas, diversidade de pessoas farão o resto, e
como já está formado, sairá de si e irá adiante em seu reinar. Uma coisa se necessita, mais
sacrifício para formá-lo, que para tirá-lo se faz rápido, mas para formá-lo se requer quem ponha a
própria vida e o sacrifício de uma vontade sacrificada com atos contínuos na minha".
(3) Depois disso fez silêncio e depois acrescentou: "Minha filha, tu deves saber que cada ato de
criatura tem seu posto em torno de Deus, assim como cada estrela tem seu posto sob a abóbada
do céu, assim os atos delas, cada um tem seu lugar, mas quem são os que vão pelo caminho régio
como propriedade da Pátria Celestial, e tomam os postos mais honrados e dão glória divina a seu
Criador? Os atos feitos em minha Vontade. Quando um desses atos sai da terra, os Céus se
inclinam, todos os bem-aventurados vão ao seu encontro e acompanham aquele ato ao posto de
honra em torno do trono supremo. Nesse ato todos se sentem glorificados, porque a Vontade
eterna triunfou no ato da criatura, e ali colocou seu ato divino. Em troca, os atos não feitos em
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minha Vontade, e talvez até bons, não partem pelo caminho régio, partem pelas vias tortuosas e
fazem uma longa parada para ir ao purgatório, e aí esperam a criatura para purificar-se juntos a via
de fogo, e quando terminam de purificar-se, então partem para o Céu para tomar o seu lugar, mas
não nos postos de primeira ordem, mas nos postos secundários. Vês a grande diferença? Os
primeiros atos, não mal formados, não ficam sequer junto com a criatura, porque sendo coisa de
Céu não podem ficar sobre a terra, e por isso rapidamente empreendem o voo a sua pátria, e não
só isso, senão que todos os anjos e santos reclamam no Céu o que foi feito pela Divina Vontade
como coisa deles, porque tudo o que é feito por Ela, tanto na terra como no Céu, tudo é
propriedade da Pátria Celestial. Por isso cada pequeno ato seu é reclamado por todo o Céu,
porque todos são fontes de alegrias e bem-aventuranças eternas, que pertencem a eles. Tudo o
contrário para quem não trabalha em minha Vontade".
+ + + +
30-19
Fevereiro 24, 1932
Renascimentos contínuos da criatura na Divina Vontade. A criatura se torna protetora das
obras divinas.
(1) Estou sempre nos braços da Divina Vontade, que mais do que mãe me tem estreitada entre
seus braços, circundada de sua luz para infundir-me sua Vida de Céu, parece-me que é toda
atenção para ter sua grande glória de ter uma filha toda de Vontade Divina, que não tomou outro
alimento, que não conhece outra ciência, nem outra lei, nem outros gostos ou prazeres, que sua só
Vontade, e por isso para me manter ocupada e afastada de tudo me faz tantas surpresas, me diz
tantas coisas belas, uma mais bela que a outra, mas sempre coisas que lhe pertencem, de modo
que minha pobre mente fica como arrebatada e abismada em seus braços de luz; e como tudo o
que tem feito, apesar de o ter posto fora, tudo tem concentrado em Si, tanto que, se se vê dentro
de sua Vontade, se encontra um só ato, se se vê fora se encontram obras e atos inumeráveis que
não se podem numerar, eu sentia nela o princípio de minha existência, como se naquele ponto
estivesse por sair à luz, e eu fiquei surpreendida, e o meu amado Jesus, fazendo-me a sua breve
visita disse-me:
(2) "Minha filha, nascida e renascida no meu Querer, cada vez que com plena consciência te
abandonas em seus braços de luz e permaneces dentro, tantas vezes renasces nela, e estes
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48
renascimentos são um mais belo e atrativo que o outro. Por isso te chamei tantas vezes a pequena
recém nascida da minha Vontade, porque enquanto renasces, voltas a renascer, porque Ela não
sabe estar ociosa com quem vive juntamente com Ela, mas quer ocupar-se sempre com renascer
em modo contínuo na criatura, absorvendo-a continuamente em Si, tanto que o meu Fiat renasce
nela e ela renasce na minha Vontade. Estes renascimentos de ambas as partes, são vidas que se
trocam mutuamente, e este é o testemunho de amor maior, o ato mais perfeito, renascer, trocar a
vida mutuamente para poder dizer um ao outro: ‘Olha quanto te amo, que te dou, não atos, mas
vida contínua.’ Eis por que minha filha, para quem vive na minha Divina Vontade, Ela põe esta
afortunada criatura no primeiro ato da sua criação, sente o seu princípio em Deus, a virtude
criadora, vivificadora e conservadora de seu alento onipotente, que se se retira retorna ao seu nada
de onde saiu, e por isso sente ao vivo o seu renascimento contínuo nos braços do seu Criador, e
sentindo-se no seu princípio, a criatura restitui a Deus o primeiro ato de vida que dele recebeu, que
é o ato mais santo, mais solene, mais belo, ato do próprio Deus".
(3) Depois disto seguia o meu giro nos atos da Divina Vontade, e oh! Como gostaria de abraçar
tudo, também o que fizeram todos os bem-aventurados, para dar em cada ato uma honra e glória a
Deus e aos santos, e servir-me por meio dos mesmos atos feitos por eles para honrá-los, e meu
amado Jesus acrescentou:
(4) "Minha filha, quando a criatura recorda, honra, glorifica o que fez seu Criador por amor seu, e
seu Redentor para colocá-la a salvo, e todos os santos, se torna protetora de todos estes atos. O
céu, o sol e toda a Criação se sentem protegidos pela criatura, minha Vida terrena daqui abaixo,
minhas penas, minhas lágrimas, sentem um refúgio nela e encontram a sua protetora, os santos
encontram em sua lembrança, não só a proteção, mas os atos deles mesmos vivificados,
renovados entre as criaturas, em resumo, sentem-se dar novamente a vida em seus atos. Oh!
Quantas belas obras e virtudes ficam como sepultadas no submundo, porque não há quem as
recorde e honre. A lembrança chama as obras do passado e as faz como presentes, mas sabe o
que acontece? Acontece uma troca, a criatura se torna protetora com sua lembrança, e todas as
nossas obras, a Criação, a Redenção, e tudo o que os santos fizeram, se fazem protetores de seu
protetor, se põem em torno dela para protegê-la, defendê-la, fazem-lhe de sentinela, e enquanto se
refugiam nela para serem protegidos, cada obra nossa, todas as minhas penas, e todas as obras e
virtudes de meus santos, fazem competição fazendo-lhe guarda de honra para que fique defendida
de tudo e de todos. E além disso, não há honra maior que você possa dar, que quando pede em
cada ato o reino da Divina Vontade, se sentem chamados e postos a fazer de mensageiros entre o
Céu e a terra, de um reino tão santo. Você deve saber que passado, presente e futuro, tudo deve
servir ao reino do Fiat Divino. Agora a tua lembrança, o pedir por meio de nossas obras, virtudes e
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atos de todos este reino, todos se sentem postos ao serviço Dele e tomam seu ofício e posto de
honra. Assim, teu girar é necessário porque serve para preparar o reino da Divina Vontade. Por
isso seja atenta e continue".
+ + + +
30-20
Março 6, 1932
Quem vive na Divina Vontade sente a necessidade de girar em torno das obras divinas, e
como todas as obras divinas giram em torno da criatura. A finalidade, germe de luz.
(1) Seguia meu giro nas obras divinas, minha pobre mente a sinto como fixa em torno das obras de
meu Criador, e faz sua carreira quase contínua em torno delas, porque sendo obras feitas por amor
meu, sinto o dever de reconhecê-las, de me servir delas como escada para subir Àquele que tanto
me amou, me ama, e dar-lhe meu pequeno amor porque quer ser amado. Mas enquanto fazia isto
pensava entre mim: "E por que minha mente deve correr sempre? Parece-me que uma força
poderosa está sobre mim e mantém minha carreira". E meu doce Jesus, fazendo-me sua pequena
visita me disse:
(2) "Minha filha, tudo gira ao redor da criatura: Gira o céu e não a deixa fugir de debaixo de sua
abóbada azul, gira o sol e com seus giros de luz lhe dá luz e calor, gira a água em torno da
criatura, o fogo, o ar, o vento, dando-lhe cada elemento as propriedades que contêm; a minha
própria Vida e todas as minhas obras estão em contínuo giro das criaturas para estar em contínuo
ato de me dar a elas, aliás, tu deves saber que assim que a criança é concebida, a minha
concepção gira em torno da concepção da criança para o formar e ter defendido; e assim que
nasce, o meu nascimento se põe em torno do recém-nascido para girar-lhe ao redor e dar-lhe as
ajudas de meu nascimento, de minhas lágrimas, de meus gemidos, e até meu respiro gira ao redor
para aquecê-lo. O recém-nascido não me ama, mas inconscientemente, e eu o amo até a loucura,
amo sua inocência, minha imagem nele, amo o que deve ser, meus passos giram em torno de seus
primeiros passos vacilantes para reafirmá-los, e seguem girando até o último passo de sua vida,
para ter custodiados na virada de meus passos seus passos. Em resumo, minhas obras giram em
torno de suas obras, minhas palavras em torno das suas, minhas penas em torno de suas penas, e
quando está para dar o último suspiro de sua vida, minha agonia gira em torno dele para sustentar
a sua, e a minha morte com força impenetrável gira em redor para lhe dar ajudas inesperadas, e
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50
com zelo todo divino se estreita em torno de fazer com que a sua morte não seja morte, mas
verdadeira vida para o Céu; e posso dizer que a minha própria Ressurreição gira em torno da sua
sepultura, esperando o tempo propício para chamar com o império de minha Ressurreição sua
ressurreição do corpo a vida imortal. Agora, todas as obras saídas de minha Vontade, todas giram
e giram em torno, por cujo fim foram criadas. Deter-se significa não ter vida e não produzir o fruto
estabelecido por Nós, o que não pode ser, porque o Ser Divino não sabe fazer nem obras mortas,
nem obras sem fruto. Então quem entra em minha Divina Vontade toma seu lugar na ordem da
Criação, e sente a necessidade de girar junto com todas as coisas criadas, sente a necessidade de
fazer seus rapidos giors em torno de minha concepção, a meu nascimento, a minha idade infantil, e
a tudo o que eu fiz sobre a terra. E a beleza é que enquanto ela gira em torno de todas as nossas
obras, as nossas obras giram em torno dela, em resumo, fazem concorrência em girar-se
reciprocamente, mas isto é todo efeito e fruto do meu Querer Divino, que sendo movimento
contínuo, quem está n'Ele sente a vida do seu movimento, por isso a necessidade de correr juntos,
mas digo-te, se tu não sentes a corrida contínua de girar em torno de nossas obras, é sinal de que
tua vida não é permanente em minha Vontade, senão que fazes as saídas, as escapadas, e por
isso a corrida cessa, porque falta quem lhes dê a vida de correr, e conforme entras nela, assim te
põe em ordem e segues a carreira, porque outra Vontade Divina, que opera, entrou em ti. Por isso
fique atenta, porque deve ter o que fazer com uma Vontade Onipotente, que corre sempre e tudo
abraça".
(3) Depois disto pensava entre mim: "Qual será o bem, a utilidade desta minha carreira, deste girar
e girar nos atos da Divina Vontade?" E o Celestial Rei Jesus acrescentou:
(4) "Minha filha, tu deves saber que cada ato de criatura contém o valor da finalidade com a qual
anima seu ato, a finalidade é como a semente, que sepultada debaixo da terra se pulveriza com a
terra, mas não para morrer, mas para renascer e formar a plantinha carregada de ramos, de flores
e frutos que àquela semente pertencem. A semente não se vê, está escondida na planta, mas
pelos frutos conhece-se a semente, se é boa ou má. Tal é a finalidade, é semente de luz, e se
pode dizer que fica como sepultada e se pulveriza no ato da criatura. E se a finalidade é santa,
todos os atos que vêm dessa finalidade, todos serão atos santos, porque há a primeira finalidade, a
primeira semente que anima e dá vida ao séquito dos atos da primeira finalidade, e estes atos
formam a vida da finalidade, nos quais se veem flores e frutos de verdadeira santidade. E até
enquanto a criatura com todo o conhecimento de sua vontade não destrói a primeira finalidade,
pode estar segura que seus atos são encerrados na primeira finalidade. Agora sua carreira em
minha Divina Vontade terá a finalidade que você quer, que se forme seu reino, e por isso todos
seus atos vêm concentrados em meu Fiat, e convertendo-se em sementes de luz, todos se tornam
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atos de minha Vontade, os quais eloquentemente, com vozes arcanas e divinas, pedem este reino
tão santo em meio às humanas gerações".
+ + + +
30-21
Março 13, 1932
A prisioneira e o Prisioneiro divino. A Virgem, anunciadora, mensageira, condutora do reino
da Divina Vontade. Quem vive na Divina Vontade forma a criação falante.
(1) O meu abandono no Fiat continua, mas sinto ao vivo a minha pobreza extrema, a minha
nulidade, a dor contínua das privações do meu doce Jesus. Se não fosse por seu Querer Divino
que me sustenta, e que frequentemente me infunde com o Céu, de modo que me infunde nova
vida, eu não teria conseguido seguir adiante sem Aquele que frequentemente desaparece, se
esconde, e eu fico sobre a fogueira do amor a esperá-lo, que me consome lentamente, e então
repete sua breve visita quando chego aos extremos. Então pensava entre mim: "Jesus aprisionou-
me e amarrou-me com correntes, que não há perigo que se possam romper, sou na realidade a
pobre prisioneira. Oh! Como queria a minha Mãe Celestial em minha companhia, a fim de que sob
sua guia pudesse viver como se necessita viver na Divina Vontade. Mas enquanto pensava assim,
o meu doce Jesus repetiu a sua breve visita, e com toda a ternura me disse:
(2) "Minha querida prisioneira! Como estou contente porque te aprisionei e te amarrei, porque
minhas ataduras e minhas correntes dizem que meu amor, só por te ter a minha disposição, tem
usado ataduras e correntes para te tornar prisioneira só para Mim, mas sabe? O amor quer quem o
iguale, se te fiz prisioneira, primeiro me fiz prisioneiro Eu por você em seu próprio coração, e não
querendo estar sozinho, te fiz prisioneira, em modo de poder dizer: ‘Somos dois prisioneiros, que
um não sabe estar sem o outro'. Assim poderemos preparar o reino de minha Divina Vontade. As
obras feitas a sós não são agradáveis, mas a companhia as torna agradáveis, empurra ao trabalho,
adoça o sacrifício e forma as obras mais belas, e ao ver-te chamar a nossa Mãe Celestial como teu
guia, teu prisioneiro Jesus exultou de alegria ao ter sua doce companhia em nosso trabalho. Tu
deves saber que foi Ela a verdadeira e celestial prisioneira de minha Divina Vontade, assim que
conhece todos os segredos, os caminhos, possui as chaves de seu reino, e mais, cada ato que
fazia a Rainha Prisioneira, preparava em seu ato o posto para receber os atos da criatura feitos na
Divina Vontade, e oh! Como a Soberana Celestial está à expectativa e muito atenta para ver se a
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52
criatura trabalha em meu Fiat, para levar com suas mãos maternas estes atos e encerrá-los em
seus atos como vestígio de que se quer o reino da Divina Vontade sobre a terra. Assim que este
reino já foi formado por Mim e pela Celestial Senhora, já existe, só que se deve dar às criaturas;
para dá-lo é necessário conhecê-lo, e como Ela é a criatura mais santa, maior e que não conheceu
outro reino que o de minha Divina Vontade, ocupa o primeiro lugar nela, e por direito a Celestial
Rainha será a anunciadora, a mensageira, a condutora de um reino tão santo, por isso roga-lhe,
convida-a, e Ela te servirá de guia, de mestra, e com amor todo materno receberá todos teus atos e
os encerrará nos seus, e ele vai dizer-te: ‘Os atos da minha filha são como os atos da sua Mãe, por
isso podem estar com os meus para duplicar o direito das criaturas para que lhes seja dado o reino
da Divina Vontade'. E como este seu reino, Deus o deve dar e a criatura o deve receber, se
requerem os atos de ambas as partes para obter a tentativa, por isso Aquela que tem mais
ascendência, mais poder, mais império sobre o coração divino, é a Soberana do Céu, os seus atos
serão seguidos pelos outros atos das criaturas que mudaram em divinos em virtude da minha
Vontade, para lhes dar o direito de receber este Reino, e Deus ao ver estes atos se sentirá movido
a dá-lo por aquele amor que teve na Criação, que tudo o criou para fazer que sua Vontade se
fizesse como no Céu assim na terra, e que cada criatura fosse um reino de sua Vontade, para que
tivesse seu total domínio. Por isso sempre avante no agir e viver no Fiat Supremo".
(3) Depois disto, minha mente se perdia no Querer Divino, e meu doce Jesus adicionou:
(4) "Minha filha, a alma que entra em minha Vontade se converte em luz, e todos seus atos sem
perder nada de sua diversidade, de sua natureza, e do que são em si mesmos, são vivificados e
animados pela luz, assim que cada ato, ainda que distintos entre eles, têm por vida a luz de meu
Fiat, E agora ele se deleita em formar com sua Vida de luz o pensamento, a palavra, a obra, o
passo, e assim do resto, e a alma como céu primeiro animado pelo Fiat, forma com seus atos o sol,
as estrelas, o mar que sempre murmura, o vento que geme, que fala, que uiva, que assobia, que
acaricia e que forma seus refrigérios de luz divina a seu Criador, a si mesma, e desce até o baixo
das criaturas, e como a luz é fecunda e tem a virtude que por si mesma se expande por toda parte,
forma as mais belas flores, mas toda investida de luz. E eis que a minha Divina Vontade repete a
sua amada Criação na alma que vive na sua luz, aliás, mais bela ainda, porque se a Criação é
muda, e se fala eloquentemente é sempre na sua linguagem muda, pelo contrário a criação que
forma na alma é toda falante, fala o sol de suas obras, o mar de seus pensamentos, o vento de
suas palavras, o pisar de seus passos, que à medida que caminha deixa as flores de suas virtudes,
e tudo o que faz, falam como estrelas brilhantes, que com seu brilho rogam, amam, louvam,
abençoam, reparam e agradecem continuamente, sem jamais deter-se, àquele Fiat Supremo que
com tanto amor se deleita de formar neles a bela criação falante, animada toda de sua luz divina.
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53
Por isso não é maravilha se seu Jesus forma sua contínua morada em meio a esta criação falante
que me forma minha Divina Vontade, seria mais maravilha se Eu não estivesse nela, porque
faltaria o Senhor, o Rei que com tanto amor a formou. Para que formá-la se Eu não deveria morar
dentro e gozar minha agradável criação falante? Muito mais que nesta criação falante há sempre o
que fazer, sempre o que adicionar. Cada ato seu é uma voz de mais que adquire, e que com toda
eloquência me fala de meu amor e de seu amor, e Eu devo escutá-la; e não só isto, mas quero
desfrutar de seus gostos que ela me dá. Gosto tanto deles que os suspiro, e por isso não posso
afastá-los. Além disso há sempre o que dar, e sempre o que tomar, por isso não posso deixá-la
nem sequer um instante sem Mim, no máximo agora falo e agora faço silêncio, agora faço-me
sentir e agora estou escondido, mas deixar quem vive em minha Divina Vontade não posso. Por
isso está segura que mesmo que você não saia dela, seu Jesus não te deixa, estará sempre
contigo, e você estará sempre Comigo".
+ + + +
30-22
Março 20, 1932
Três condições necessárias para obter o reino da Divina Vontade. Como todos vivem na
Divina Vontade. Modo diverso de viver.
(1) Estava pensando na Divina Vontade e dizia entre mim: "Se Nosso Senhor ama tanto fazer
conhecer um Querer tão santo, e quer que reine no meio das criaturas, por que então quer que se
peça para obtê-lo? Enquanto que uma vez que o quer pode dá-lo, mesmo sem tanto pedir. E meu
doce Jesus, me surpreendeu, disse:
(2) "Minha filha, conhecer minha Divina Vontade é a coisa maior que Eu posso dar e a criatura
pode receber, e seu reinar é a confirmação de seu grande dom, e o desenvolvimento de sua
Vontade conhecida. Por isso é necessário pedi-lo; com pedi-lo se dispõe, forma em si a morada
real onde o recebo; com pedi-lo adquire o amor para amá-lo, adquire os dotes de sacrifício
necessário para possuí-lo, e conforme se pede, o querer humano perde seu terreno, se debilita,
perde a força e se dispõe a receber o domínio do Querer Supremo, e Deus vendo que lhe rogam
se dispõe a dá-lo. São necessárias as disposições de ambas as partes para dar nossos dons
celestiais, quantos dons queremos dar! Mas como não são pedidos os retenhamos em Nós
mesmos, esperando dá-los quando forem pedidos. Pedir é como se o comércio entre o Criador e a
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54
criatura fosse aberto; se não for pedido, o comércio está fechado, e os nossos dons celestiais não
descem para se porem em giro sobre a face da terra, por isso, a primeira necessidade
indispensável para obter o reino da Divina Vontade, é pedir com orações incessantes, porque
conforme se pede, assim nos chegam as cartinhas, agora de pressas, agora de súplicas, agora de
acordo que querem fazer com nossa Vontade, até que chegue a última carta do acordo final.
(3) Segunda necessidade, mais indispensável que a primeira, para obter este reino, é necessário
saber que se pode ter. Quem pode pensar em um bem, desejá-lo, amá-lo, se não sabe que pode
obtê-lo? Nenhum. Se os antigos não tivessem conhecido que o futuro Redentor devia vir, ninguém
teria pensado, nem pedido, nem esperado salvação, porque a salvação, a santidade daqueles
tempos estava fixada, concentrada no futuro Salvador Celestial. Fora disto não se podia esperar
nenhum bem. Saber que se pode ter um bem forma a substância, a vida, o alimento daquele bem
na criatura. Eis por que os tantos conhecimentos sobre minha Vontade que te manifestei, a fim de
que se possa conhecer que podem ter o reino de minha Vontade. Quando se sabe que um bem se
pode ter, se usam as artes, as indústrias, e se empenham os meios para obter a tentativa.
(4) O terceiro meio necessário é conhecer que Deus quer dar este reino, isto põe os fundamentos,
a esperança certa para obtê-lo, e forma os últimos preparativos para receber o reino de minha
Divina Vontade. Um bem que se ama e suspira, saber que quem o pode dar, já quer dar, pode-se
chamar o último golpe de graça, e ato final para obter o que se quer. De fato, se Eu não te tivesse
manifestado que posso dar, e quero dar minha Vontade Divina dominadora e reinante entre as
criaturas, tu terias sido indiferente, como todos os demais, a um bem tão grande, assim que teu
interesse, tuas orações, foram efeitos e partos do que você conheceu. E Eu mesmo, quando vim
sobre a terra, os trinta anos da minha Vida escondida, pode-se dizer que aparentemente não fiz
bem a ninguém, nem sequer um me conheceu; estava no meio deles não observado, todo o bem
se desenvolvia entre Eu e o Pai Celestial, minha Mãe Celestial e o amado São José, porque
sabiam quem eu era; todos os outros nada. Quando, porém, saí do meu escondimento, e
abertamente me fiz conhecer, dizendo que era propriamente Eu, o Messias prometido, seu
Redentor e Salvador; e, embora eu tenha sido atraído por calúnias, perseguições, contradições, ira,
ódio dos hebreus, e a mesma Paixão e morte, todos estes males que como chuva tupida choviam
sobre Mim, teve origem porque Eu fazendo-me conhecer, afirmava o que Eu era na realidade, o
Verbo Eterno descido do Céu para salvá-los. Tanto é verdade que, estando eu na casa de Nazaré,
não sabendo quem eu era, ninguém me disse nada, nem me caluniaram, nem me fizeram mal
algum; assim que me revelei, todos os males choveram sobre mim. Mas o me fazer conhecer era
necessário, de outra maneira teria retornado ao Céu sem cumprir a finalidade pela qual vim à terra.
Mas com o fazer-me conhecer, apesar de ter sido atraído por tantos males, no meio deste turbilhão
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de males formei os meus apóstolos, anunciei o Evangelho, fiz prodígios, e o meu conhecimento
instigou os meus inimigos a fazer-me sofrer tantas penas até dar-me a morte de cruz. Mas
consegui minha tentativa, que muitos me conheceram no meio de tantos que não quiseram me
conhecer, e de cumprir minha Redenção. Eu sabia, que com me fazer conhecer, a perfídia e
soberba dos hebreus me teriam feito tanto, mas era necessário fazer-me conhecer, porque uma
pessoa, um bem se não se conhece, não é portador de vida, nem de bem. O bem, a verdade não
conhecida, ficam impedidos em si mesmos, sem fecundidade, como tantas mães estéreis que
terminam com elas a sua geração. Veja então como é necessário que se saiba que posso dar o
reino de minha Vontade e que quero dá-lo. Posso dizer que há a mesma necessidade como aquela
de fazer conhecer que Eu era o Filho de Deus que veio sobre a terra. É também verdade que
muitos ao conhecerem isto, repetirão o que me fizeram quando fiz saber que Eu era o suspirado
Messias; calúnias, contradições, dúvidas, suspeitas, desprezo, como já o fizeram assim que se
iniciou a impressão com a qual se iniciava o dar a conhecer a minha Divina Vontade; mas esta não
é a causa principal, é o bem, que possuindo a força que fere ao mal, as criaturas, o inferno,
sentindo-se feridos se armam contra o bem e querem aniquilar o bem, e àquela ou aquele que quer
fazer conhecer o bem. Mas apesar de tudo o que quiseram fazer no princípio do querer nascer o
conhecimento de minha Vontade e que quer reinar, que a têm como sufocado, no entanto deu seus
primeiros passos, e o que não acreditavam alguns outros acreditaram, os primeiros passos
chamarão aos segundos, aos terceiros, e assim pouco a pouco, embora não faltarão aqueles que
suscitarão contradições e dúvidas, mas é de absoluta necessidade que se conheça minha Divina
Vontade, que posso dá-la, e quero dá-la. Estas são condições, que sem elas Deus não pode dar o
que quer dar, e a criatura não pode receber. Por isso roga, e não dê marcha atrás em fazer
conhecer minha Divina Vontade. O tempo, as circunstâncias, as coisas, as pessoas, mudam, nem
sempre são as mesmas, por isso o que não se obtém hoje, se poderá obter amanhã, e será para
confusão de quem sufocou um bem tão grande. Mas minha Vontade triunfará e terá seu reino
sobre a terra".
(5) Depois continuava pensando na Divina Vontade, e toda me abandonava em seus braços
divinos, e meu amado Jesus acrescentou:
(6) "Filha boa, você deve saber que minha Divina Vontade possui e contém dentro de Si tudo,
todas as alegrias, todas as belezas, dela tudo sai e sem perder nada tudo contém em Si, pode-se
dizer que leva a todos e tudo em seu regaço imenso de luz. Assim que todos vivem nela, com esta
diferença, que quem com toda a sua vontade quer viver nela, e se faz dominar por seu domínio,
vive como filha, e como filha é constituída herdeira das alegrias, das belezas, dos bens de sua
Mãe, de modo que esta Mãe Divina está toda atenta a embelezar, enriquecer e a fazer gozar a sua
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filha. Em vez disso, quem quer viver de vontade humana e não se faz dominar pelo seu domínio,
vive nesta Santa Vontade, mas vive não como filha, mas como estranha, e todas as alegrias se
convertem para a criatura em amargura, as riquezas em pobreza, as belezas em feiúras, porque
vivendo como estranha vive como afastada dos bens que minha Divina Vontade possui, e
justamente merece que nada possua de bem, seu querer humano que a domina lhe dá o que tem,
paixões, debilidades, misérias. Nada foge de minha Divina Vontade, nem sequer o inferno, e como
não a amaram em vida, viveram como membros separados dela, mas sempre dentro, não fora,
agora, naquelas tétricas prisões, as alegrias, a felicidade, as bem-aventuranças de minha Divina
Vontade se convertem em penas e tormentos eternos, por isso viver em minha Vontade não é novo
como alguns crêem, todos vivem nela, bons e maus, se se quer dizer novo, é o modo de viver,
quem a reconhece como um ato contínuo de vida, que lhe dá o domínio em todos os seus atos,
porque viver nela é a santidade de cada instante que a criatura recebe, pode-se dizer que cresce
continuamente em santidade, mas santidade dada por minha Vontade, cresceu junto com Ela,
assim que sente por vida, mais a minha Vontade que a sua própria vida. Ao contrário, quem não
vive nela, embora esteja dentro, não a reconhece em cada ato seu, e vive como se vivesse distante
dela e não recebesse o ato contínuo de sua vida, mesmo que o receba. Desta maneira não se
forma a santidade de viver em meu Querer, senão ao mais a santidade das circunstâncias, assim
que se recordam de minha Divina Vontade quando as oprime uma necessidade, uma dor, uma
cruz, então se ouvem exclamar: ‘Seja feita a Divina Vontade.’ E em todo o resto de sua vida, minha
Vontade, onde estava? Não estava já com elas contribuindo para todos os seus atos? Estava, mas
não a reconheciam. Acontece como a uma mãe que vive em seu palácio, a qual deu à luz muitos
filhos, alguns deles estão sempre junto à mãe, a qual infunde nos filhos seus modos nobres, os
nutre com alimentos delicados e bons, os veste com vestidos decentes, lhes confia seus segredos
e os faz herdeiros de seus bens. Pode-se dizer que a mãe vive nos filhos e os filhos na mãe, se
fazem felizes mutuamente e se amam com amor inseparável; os outros filhos vivem no palácio da
mãe, mas não estão sempre junto a ela, encontram prazer em viver em estadias distantes da de
sua mãe, por isso não aprendem seus modos nobres, não vestem com decência, os alimentos que
tomam lhes fazem mais mal que bem, e se alguma vez vão à mãe não é por amor, senão por
necessidade. Por isso a grande diferença entre um e outro destes filhos, mas apesar de tudo isso,
no palácio da mãe vivem um e outro. Assim é, todos vivem em minha Vontade, mas só quem quer
viver dela, vive nela como filho com sua Mãe, todos os demais, apesar de viverem nela, nem
sequer a conhecem, outros vivem como estranhos, outros a conhecem para ofendê-la".
+ + + +
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30-23
Março 27, 1932
Condições para assegurar a vinda do reino do Fiat sobre a terra. As manifestações sobre a
Divina Vontade serão exército armado de amor, armas, redes para vencer a criatura.
(1) Sentia-me imersa no Querer Divino, e oh! Quantos pensamentos se aglomeravam em minha
mente, e sua luz formava suas ondas, uma seguia a outra, e estas ondas se convertiam em voz,
em murmúrio, em música celestial, mas oh! Como é difícil reter a linguagem daquela luz
interminável. Quando se está dentro Dela parece que se compreende muito, mas assim que se
retira fica só alguma gotinha e o doce, inesquecível e amado, lembrança de ter estado na luz do
eterno Fiat. Se o bendito Jesus não fizesse um milagre, abaixando-se Ele com modo mais
adaptável à natureza humana, eu nada saberia dizer. Então via em minha mente o quadro do reino
da Divina Vontade, e queria que Jesus me dissesse quais eram suas condições para estar segura
de sua vinda, e meu Mestre Celestial, visitando a pequena recém-nascida de seu Querer me disse:
(2) "Minha filha bendita, as condições absolutas, necessárias e de suma importância, que formam a
vida e o alimento para assegurar o reino de minha Divina Vontade, é pedir da criatura grandes
sacrifícios e prolissão de contínuo sacrifício; então nossa bondade, em virtude do sacrifício que
pede, deve dar graças surpreendentes a quem pede este sacrifício, de modo que à criatura
fascinada por meu amor, por meus dons e por minhas graças, parecerá nada o sacrifício que Eu
lhe peço, apesar de saber que sua vida acabou, que não terá mais direito sobre si mesma, e que
todos os direitos serão de quem lhe pediu o sacrifício; se não conhecesse toda a magnitude do
sacrifício que aceita, não teria todo o valor, porque quanto mais se conhece a grandeza, o peso do
sacrifício, mais valor vem posto dentro. O conhecimento põe o valor exato e completo no sacrifício,
pelo contrário quem não conhece todo o peso de um sacrifício, oh! Quanto diminui o valor, a graça,
o bem que deve obter, além de nosso amor ficar ferido, nossa potência se sente impotente diante
de uma criatura a quem pedimos grandes sacrifícios, fazendo-lhe conhecer o peso a que se deve
submeter, e ela, só por nosso amor e para cumprir nossa Vontade, aceita tudo. O sacrifício puro
traz a prolixidade da oração, e oh! Como nossos ouvidos se põem atentos, nossos olhares ficam
arrebatados ao ver que no meio da fogueira do sacrifício querido por Nós, roga, e que coisa pede e
quer? O que Nós queremos: ‘Que nossa Vontade seja feita como no Céu assim na terra.’ Ah! Se
ela pudesse, atropelaria Céu e Terra, quereria tudo em seu poder para fazer que todos pedissem o
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58
que quer, a fim de que seu sacrifício obtenha a finalidade e leve o fruto querido por Deus. Nossa
bondade paterna é tanta, que nos é impossível não ouvir favoravelmente o propósito de um
sacrifício prolongado e uma oração prolixa. Estas são as condições por parte das criaturas, e isto o
temos feito contigo e queremos que o conheças, porque Nós não damos nossas coisas aos cegos,
que por sua cegueira não conhecem os bens que lhe são dados, nem aqueles que lhe estão ao
redor, muito menos aos mudos, que por seu mutismo não têm palavras para manifestar nossas
verdades e nossas graças. A primeira coisa que damos é o conhecimento do que queremos fazer
dela, e depois damos e fazemos o que temos disposto. O conhecimento pode ser chamado o
princípio, o vazio, a semente onde colocar o sacrifício, nossas coisas, e fazer surgir a bela oração
que nos debilita, nos encadeia com correntes, com ataduras inseparáveis, e nos faz dar o que
quer. Muito mais do que sendo nossa Vontade vida e obra que dá vida a tudo e a todos, para vir a
reinar sobre a terra queria da parte da família humana uma vida de criatura à sua disposição, e que
sem opor-se estivesse em poder de sua Vontade Divina, a fim de que dela fizesse o que quer; isto
lhe servirá de apoio e condição para assegurar seu reino por parte das criaturas. Agora vêm as
garantias por parte de Deus, mas a quem poderia fazê-las senão a quem pedira o sacrifício?
Assim, minha prolixidade em manifestar tantas verdades sobre minha Divina Vontade, meu longo
dizer sobre seu reino e sobre o bem que quer e deve fazer, sua prolongada dor de cerca de seis
mil anos porque quer reinar e a rejeitaram, as muitas promessas que quer dar de bens, de
felicidade, de alegria se a fazem reinar, não foram outra coisa que garantias que dei à criatura
deste reino do meu Fiat, e estas garantias vinham feitas e seladas na coisa mais bela, mais
sagrada, mais preciosa, isto é o centro da fogueira do teu sacrifício querido por nós. Posso dizer
que não me canso jamais de fazer garantias, digo, volto sempre a dizer com novos modos, novas
verdades, novas formas, semelhanças surpreendentes sempre sobre minha Divina Vontade, jamais
teria dito tanto se não fosse verdade que meu reino devia ter seu domínio sobre a terra. Por isso é
quase impossível que um dizer meu tão prolixo, e um sacrifício teu tão contínuo, não devam ter os
suspirados frutos da parte de Deus e da parte das criaturas, por isso continua teu voo naquele Fiat
que tem poder de fazer-se caminho, de abater todas as dificuldades, e à força de amor fazer-se os
mais fiéis amigos e defensores de seus mais impiedosos inimigos".
(3) Depois acrescentou: "Minha filha, minha concepção, meu nascimento, minha Vida oculta, meu
evangelho, os milagres, minhas penas, minhas lágrimas, meu sangue derramado, minha morte,
reunido tudo junto, formaram um exército invencível para cumprir minha Redenção. Assim todas as
minhas manifestações sobre minha Divina Vontade, desde a primeira até a última palavra que direi,
devem servir para formar o exército armado, todo de amor, de força invencível, de luz irresistível,
de amor que transforma, elas colocarão em torno da criatura uma rede, que se quiserem sair cairão
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59
dentro, se enredarão tanto, que não saberão como sair, e enquanto tentará sair, minhas tantas
manifestações sobre Ela continuarão cobrindo-a, de modo a fazer mais estendida sua rede, então,
vendo-se enredada tomará gosto das tantas belezas de verdade, e se sentirá feliz de ter sido
enredada na rede de tantas verdades minhas manifestadas. Então elas formarão o cumprimento do
reino da minha Divina Vontade! Por isso cada manifestação minha sobre Ela é uma arma que deve
servir para completar um reino tão santo. Se Eu a manifesto e você não a diz, farás faltar as armas
necessárias, por isso seja atenta.
(4) Além disso, você deve saber que cada palavra saída da incriada sabedoria contém vida,
substância, obra, ensinamentos, assim que cada verdade manifestada sobre nossa Divina Vontade
terá em nosso reino seu próprio ofício, muitas verdades terão o ofício de formar e fazer crescer a
Vida da Divina Vontade na criatura, outras ocuparão o ofício de alimentá-la, outras farão de mestre,
outras verdades terão o ofício de defensores, de modo que se porão como um exército em torno da
criatura para que ninguém a possa tocar. Vê então a necessidade de meu dizer tão prolixo e das
tantas verdades que manifestei, é um reino que devo formar, o qual não se forma com poucas
palavras, com poucos atos e ofícios; se requerem tantas! E cada verdade minha tem virtude de
ocupar um ofício para manter a ordem perfeita, paz perene, será o eco do Céu e nadarão dentro de
um mar de graças, de felicidade, sob um sol que não conhece nuvens, o céu será sempre sereno.
Minhas verdades sobre minha Divina Vontade serão as únicas leis que dominarão as criaturas que
entrarão a viver neste reino, leis não de opressão mas de amor, que docemente se farão amar,
porque nelas encontrarão a força, a harmonia, a felicidade, a abundância de todos os bens. Por
isso ânimo e sempre adiante em minha Divina Vontade".
+ + + +
30-24
Abril 2, 1932
O poder divino porá um limite aos males do homem, e lhes dirá: Basta, até aqui. Nosso
Senhor mostra com os fatos que quer dar o reino de sua Vontade.
(1) Estou sempre de volta no Santo Querer Divino, não posso fazer outra coisa, porque sendo vida,
a vida se sente sempre, se sente o respiro, o movimento, o calor; assim é a Divina Vontade, assim
que se sente, assim se sente sua Vida, seu calor, seu movimento e tudo o que Ela encerra, com
esta única diferença, que quando se põe atenção em uma coisa que como vida encerra, e quando
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em alguma outra. Então pensava entre mim: "Como é que a criatura pode regressar bela e santa
como saiu das mãos criadoras de Deus, para realizar o reino do seu Fiat no meio da família
humana?" E meu amado Jesus me surpreendeu me disse:
(2) "Minha filha, todas as obras do nosso Ser Supremo são perfeitas e completas, nenhuma obra
nossa está pela metade. A Criação está toda completa e perfeita, aliás, há muitas coisas que não
são de absoluta necessidade, senão como luxo e ostentação de nossa potência, amor e
magnificência. Só o homem, por quem todas as coisas foram criadas, deve ficar como nossa obra
imperfeita e incompleta, sem a finalidade pela qual foi criado, a qual é que nosso Fiat tenha seu
reino em cada criatura? E isto porque pecou e ficou manchado e sem beleza, que o tornou como
uma habitação a ponto de ruir, exposto aos ladrões e aos seus inimigos? Como se a nossa energia
fosse limitada e não tivesse todo o poder de fazer o que quer, como quer e quando quer? Quem
pensa que o reino de nossa Vontade não pode vir, põe em dúvida a mesma potência suprema.
Tudo podemos, o querer pode nos faltar, mas quando o queremos nosso poder é tanto, que o que
queremos fazemos, não há coisa que se possa resistir frente a nossa potência; assim temos poder
de reabilitá-lo, de fazê-lo mais belo que antes, fortalecer e pôr cimento em sua habitação
derrubada, de modo a torná-la mais forte que antes, e com o sopro de nosso poder encerrar nos
escuros abismos os ladrões e seus inimigos. Assim que o homem, embora tenha saído de dentro
de nossa Divina Vontade, não deixou de ser obra nossa, e se bem que se desordenou, nossa
potência por decência de nossa obra, que deve ser perfeita e cumprida como Nós a queremos,
com seu poder colocará um limite a suas desordens, a suas fraquezas, e lhe dirá com seu império:
‘Basta, até aqui, retorna à ordem, toma o teu lugar de honra como obra digna do teu Criador.’ São
prodígios de nossa Onipotência que operará, e que o homem não terá força para resistir, mas sem
esforço, espontâneo, encorajado e atraído por uma força suprema, por um amor invencível. Não foi
um prodígio de nossa potência a Redenção querida por nossa Vontade e por nosso amor, que
sabe vencer tudo, inclusive as ingratidões mais negras, as culpas mais graves, e corresponder em
amor onde o homem ingrato o ofendeu demais? Se se trata do homem, certamente que não
poderá levantar-se com todas as ajudas da minha Redenção, porque não está disposto a tomá-las,
muitos não cessam de ser pecadores, débeis, manchados com as culpas mais graves. Mas se se
trata do meu poder, do meu amor, quando as duas balanças transbordarem um pouco de mais e o
tocarem com vontade de vencê-lo, o homem se sentirá sacudido e jogado por terra, de maneira
que ressurgirá do mal no bem e entrará de novo em nossa Vontade Divina de onde saiu, para
tomar sua herança perdida. Sabes onde está o todo? O todo está em si, nossa Vontade o quer e
com decretos divinos o decidiu; se isto há, tudo está feito, e é tão certa esta decisão, que já estão
os fatos. Tu deves saber que quando vim sobre a terra, enquanto fazia o ofício de Redentor, ao
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61
mesmo tempo tudo o que fazia minha Santa Humanidade encerrava tantos atos de minha Vontade
Divina como depósito para dar à criatura, Eu não tinha necessidade porque era a mesma Divina
Vontade, assim que a minha Humanidade fazia como uma mãe terníssima, encerrava em Si tantos
partos da minha Vontade por quantos atos fazia, para os dar à luz e pari-los no seio dos atos das
criaturas, para formar em seus atos o reino dos atos do meu Fiat. Por isso está como uma mãe,
esperando com um amor que a faz sofrer, dar à luz estes seus partos divinos. O outro fato é que
Eu mesmo ensinei o Pater Noster, a fim de que todos suplicassem que venha meu reino, para que
se faça minha Vontade como no Céu assim na terra. Se não devesse vir teria sido inútil ensinar tal
oração, e Eu coisas inúteis não sei fazer, e ademais as tantas verdades manifestadas sobre minha
Divina Vontade, não dizem claramente que seu reino virá sobre a terra, não por obra humana mas
por obra de nossa Onipotência? Quando Nós queremos tudo é possível, tão facilmente fazemos as
coisas pequenas como as grandes, porque toda a virtude e potência está em nosso ato, não no
bem que recebe o ato de nossa potência. De fato, quando estava sobre a terra, como em todos
meus atos corria minha potência, tornava-se potente o toque de minhas mãos, o império de minha
voz, e assim de tudo o mais, e com a mesma facilidade chamei a vida a menina morta fazia poucas
horas, que chamei a vida a Lázaro, morto há quatro dias, o qual já se tinha corrompido e exalava
um fedor insuportável; ordenei que lhe tirassem as vendas e depois liguei-lhe com o império da
minha voz, Lázaro, vem para fora. À minha voz imperante Lázaro ressuscitou, a corrupção
desapareceu, o fedor cessou e voltou são e vigoroso como se não tivesse morrido. Verdadeiro
exemplo de como meu poder pode fazer ressurgir o reino de meu Fiat entre as criaturas, este é um
exemplo palpável e certo de como meu poder, apesar de que o homem esteja corrompido, o fedor
de suas culpas mais que o cadáver infecta-o, pode-se chamar um pobre enfaixado que tem
necessidade do império divino para tirar as vendas de suas paixões, mas se o império de minha
potência o investe e quer, sua corrupção não terá mais vida, e ressurgirá são e mais belo que
antes. Por isso, no máximo se pode duvidar que minha Divina Vontade o queira, porque poderia
não merecer tanto bem, mas que minha potência não o pudesse, isso jamais".
+ + + +
30-25
Abril 9, 1932
Jesus vai modelando a criatura para fazê-la ressurgir na nova vida de sua verdade. Só Jesus
podia manifestar tantas verdades sobre a Divina Vontade, porque possui sua fonte.
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(1) Meu abandono no Querer Divino continua, sinto-me a pequena menina que de gole a gole é
nutrida deste alimento celestial, o qual produz em minha alma, força, luz, suavidade indescritível, e
além disso, cada verdade que o meu amado Jesus manifesta à sua pequena recém-nascida é uma
das cenas mais comovedoras e deliciosas, e das mais belas que põe na minha mente como
portadora das escrituras da pátria celeste, por isso me sentia imersa em tantas verdades do Fiat
Supremo, e meu sempre amável Jesus visitando sua pequena menina me disse:
(2) "Minha pequena filha de meu Querer, você deve saber que se nosso Ente Supremo desse à
criatura todo o céu, o sol, a terra, o mar, não daria tanto como quando comunica as verdades sobre
a Divina Vontade, porque todas as outras coisas permaneceriam no exterior das criaturas,
enquanto a verdade penetra nas mais íntimas fibras de sua alma, e eu vou modelando os
batimentos, os afetos, os desejos, a inteligência, a memória, a vontade, para transformá-la toda na
vida da verdade, e enquanto a vou modelando, vou repetindo os prodígios da criação do homem, e
com o toque de minhas mãos destruo os germes do mal e faço ressurgir os germes da nova vida, a
criatura sente meu toque e como a vou modelando, sente a nova vida que lhe vem dada. Enquanto
o céu, o sol, o mar não têm a virtude transformadora de formar da criatura um céu, um sol, um mar,
todo o bem se reduz ao exterior e nada mais. Vês então quantos bens encerras com ter-te
manifestado tantas verdades? Por isso, seja atenta em corresponder a um bem tão grande".
(3) Depois continuava pensando nas tantas verdades sobre a Divina Vontade, quantas alegrias,
quantas transformações divinas. Foram elas as reveladoras do Ente Supremo, jamais teria
conhecido o meu Criador, o meu Pai Celestial, se as santas verdades não tivessem feito de
mensageiras, levando-me as tantas belas notícias de sua adorável Majestade, e enquanto se
aglomeravam em minha mente tantas verdades, uma dúvida surgiu em mim: "Foi Jesus quem me
manifestou tantas verdades, ou o inimigo, ou a minha fantasia?" E Jesus surpreendeu-me e disse:
(4) "A minha boa filha, como! Dúvidas? A multiplicidade das tantas verdades sobre minha mesma
Divina Vontade é prova segura de que só teu Jesus podia dizer tantas coisas sobre o mesmo tema,
com argumentos variados e fortes, porque possuindo a fonte não é maravilha que o tenha
manifestado a ti, e em tantos modos, poderia dizer as pequenas gotas de luz dos conhecimentos
sobre minha adorável Vontade, digo gotas para Mim, confrontando-as ao muito e ao mar infinito
que me resta por dizer, porque se Eu quisesse falar toda a eternidade, tenho tanto que dizer sobre
os conhecimentos que pertencem ao meu Fiat Supremo, que não terminaria jamais, mas para ti o
que manifestei foram mares, porque o que são gotas para Mim, que sou um Ser infinito, é mar para
ti que és criatura finita. Por isso, a mera prolixidade e meu tanto dizer, é a prova mais certa e mais
convincente, de que só seu Jesus podia ter tantas razões e que só Ele pode conhecer tanto o que
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pertence a meu mesmo Querer. O inimigo não possui a fonte, e ademais ele tocaria uma tecla que
o queimaria mais, porque a coisa que mais odeia e que mais o atormenta é minha Divina Vontade,
e se estivesse em seu poder colocaria a terra pés acima, usaria todas as artes e astúcias para
fazer que nenhum conheça e faça minha Vontade; muito menos sua fantasia, tão limitada e
pequena, oh! Como súbito ficaria apagada a luz da razão, e quando tivesse dito duas ou três
razões, teria feito como aqueles que querem falar e se sentem emudecer e não sabem seguir mais
adiante, por isso, confusa, te reduziria ao silêncio. Por isso só o teu Jesus tem a palavra sempre
nova, penetrante, plena de frescura divina, de suavidade admirável, de verdade surpreendente,
pelo qual a inteligência humana está obrigada a inclinar a testa e dizer: ‘Aqui está o dedo de Deus.’
Por isso reconhece um bem tão grande, e seu ponto central em todas as coisas seja só minha
Vontade".
+ + + +
30-26
Abril 13, 1932
A natureza humana que se faz dominar pela Divina Vontade, é campo de sua ação, e terra
florida. A Divina Vontade possui a inseparabilidade.
(1) Estou sempre nos braços da Divina Vontade, como uma menina estreitada entre os braços da
mãe, a qual me tem tão apertada entre seus braços de luz, que não me deixa ver, sentir ou tocar
outra coisa que a Divina Vontade. E eu pensava entre mim: "Oh! Se eu estivesse livre da prisão do
meu corpo, meus voos seriam mais rápidos no Fiat, teria conhecido mais, de fato seria um só ato
com Ela, mas minha natureza parece que me leva a fazer interrupções, como se me pusesse
obstáculos e me fizesse sentir fadiga para correr sempre na Divina Vontade". Mas enquanto isso
pensava, meu divino Mestre Jesus, visitando minha pequena alma me disse:
(2) "Filha bendita, você deve saber que para quem vive em minha Divina Vontade, Ela tem virtude
de ter ordenada a natureza da criatura, e em vez de ser obstáculo, lhe é de ajuda para poder fazer
mais atos de Vontade Divina, mais bem serve como terra às flores, que se presta a formar as belas
flores, as que quase a escondem e a cobrem com a variedade de suas belezas, às quais o sol lhes
comunica a variedade das mais belas cores e as vai lustrando com sua luz. Se não fosse pela
terra, faltaria às flores o lugar para formar-se a vida para poder nascer e fazer sua bela aparição, e
o sol não encontraria a quem comunicar o desabafo de suas belas cores e de suas puras doçuras.
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Assim é a natureza humana para a alma que vive em minha Divina Vontade, é como terra fecunda
e pura, que se presta para dar o campo de ação e fazê-la formar não só as belas flores, mas para
fazer aparecer tantos sóis por quantos atos vai fazendo. Minha filha, é um encanto de beleza ver a
natureza humana que vive em minha Divina Vontade, coberta e escondida como debaixo de um
prado florido, todo investido de luz fulgidíssima, a alma por si só não teria podido formar tantas
variedades de beleza, enquanto unida encontra as pequenas cruzes, as necessidades da vida, as
variedades das circunstâncias, hora dolorosas, hora alegres, que como sementes se serve delas
para semeá-las na terra da natureza humana para formar seu campo florido. A alma não tem terra
e não poderia produzir nenhuma floração; ao contrário, unida com o corpo, oh! Quanto mais belas
coisas pode fazer, muito mais que esta natureza humana foi formada por Mim, a modelei parte por
parte, dando-lhe a mais bela forma, posso dizer que fiz de artífice divino e coloquei nela tal
maestria, que nenhum outro pode alcançar. Assim que a amei, vejo ainda o toque de minhas mãos
criadoras impresso sobre a natureza humana, por isso ela também é minha, me pertence. O todo
está no acordo completo: Natureza, alma, vontade humana, e Divina; quando está isto, que a
natureza se presta como terra, a vontade humana está em ato de receber a Vida da Vontade
Divina em seus atos, faz-se dominar em tudo, não conhece outra coisa em todas suas coisas
senão só minha Vontade, como vida, atriz, portadora, conservadora de tudo, oh! Então tudo é
santo, tudo é puro e belo, meu Fiat está sobre ela com seu pincel de luz para aperfeiçoá-la,
divinizá-la, espiritualizá-la. Por isso tua natureza não pode ser obstáculo aos voos em minha
Vontade, mas pode servir de obstáculo teu querer, ao qual deves ter sempre na mira para não dar-
lhe vida, que de tua terra não há que temer, aquela, se tem recebe, e dá o que tem recebido, e
mais, dá de mais e muda as sementes em flores, em plantas, em frutos, e se não tem se está em
seu mudo silêncio e fica como terra estéril".
(3) Depois agradecia a Jesus por sua bela lição e me sentia contente de que minha natureza
humana não podia me prejudicar, mas bem podia me ajudar a fazer crescer a Vida da Divina
Vontade em minha alma, e continuava minhas voltas e voos em seus atos, e meu doce Jesus
acrescentou:
(4) "Minha filha, a minha Divina Vontade possui a inseparabilidade de todos os seus atos e efeitos,
quer atue sozinha em Si mesma e fora de Si mesma, quer atue na criatura ou a criatura Nela, quer
para levar a cabo o que quer a minha Divina Vontade. Neste modo de agir põe do seu e o retém
como ato e propriedade seus, inseparáveis dela. Agora, se a criatura vive em minha Divina
Vontade, estes atos se tornam propriedade comum de uma e da outra; se depois se sai, perde
seus direitos, primeiro porque foram feitos em nossa casa, e depois a substância, a vida do ato, a
santidade, a beleza, as prerrogativas que se requerem para poder formar um ato nosso, foram
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postos por nosso Querer Divino, a criatura não fez outra coisa que assistir e coincidir com sua
vontade de agir junto com a nossa, mas de substância nada pôs do seu. Por isso se persiste em
viver em nosso Querer, domina junto; se sai, com justiça nada lhe toca, mas se voltar a entrar
adquire de novo o direito de governar. Mas há grande diferença entre quem vive em minha Divina
Vontade e age junto, e quem não vivendo nela segue e cumpre nas circunstâncias o que quer meu
Fiat, esta toma em seu ato minha Vontade limitada, e assim que termina o ato assim fica, não
segue mais adiante, e se bem também estes atos são inseparáveis dela, mas se vê nestes atos
que não têm o agir contínuo; limitada tomaram minha Divina Vontade, e limitada ficou; em troca
quem vive nela e age, seu ato adquire o ato incessante de agir continuamente, estes estarão
sempre agindo em meu Fiat, não perderão jamais a atitude, qual é o agir de meu Querer, que não
cessa jamais, assim se fazem os atos da criatura. Por isso sempre no meu Fiat te quero, se queres
tomá-lo não limitado e como a gotas, senão como mares, de maneira de ficar tão cheia, que não
tocarás nem verás outra coisa que minha Divina Vontade".
+ + + +
30-27
Abril 23, 1932
Como a criatura é chamada pela Divina Vontade. Quantas vezes faz seus atos nela, tantas
vezes renasce em seus atos. Competição entre Criador e criatura.
(1) Meu abandono no Fiat Divino continua, sinto sua chamada em todos seus atos, isto é, no céu,
no sol, no mar, no vento, nos atos que fez na Redenção, porque não há nada que exista, que do
Querer Divino não tenha saído, e me chama para me dizer: "Tudo o que fiz para ti, vem gozar e
possuir tudo o que com tanto amor criei para ti, não te tornes estranha de tudo o que a ti pertence,
não deixes isoladas e desertas as nossas e as tuas posses, vem e faz ressoar a tua voz, a fim de
que ressoe em todas as nossas coisas criadas, nos faça ouvir o doce caminhar de seus passos, a
solidão nos oprime, a companhia nos põe em festa e nos dá as doces surpresas das alegrias que
pode nos dar nossa amada criatura". Mas enquanto minha mente girava em suas obras, meu
sempre amável Jesus, visitando minha pobre alma, com toda ternura me disse:
(2) "Filha bendita de meu Querer, como todas as coisas criadas foram feitas para as criaturas, em
cada uma delas minha Divina Vontade ficava para chamá-las, porque não queria ficar só, mas
queria aquela pela qual as coisas foram feitas, para dar-lhe os direitos sobre elas, e assim não ficar
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decepcionada em sua finalidade pela qual as havia criado. Agora, quem escuta esta chamada?
Quem possui minha Vontade como vida. O eco da minha Vontade que está nas coisas criadas
forma o mesmo eco na alma que a possui, e entre seus próprios braços a leva onde meu Querer a
chama, e como tem seus direitos dados por Mim, se ela ama, todas as coisas criadas dizem amor;
se adora, dizem adoração; se agradece, dizem agradecimentos, de modo que se vê mover no céu,
no sol, no mar, no vento, em tudo, mesmo no pequeno passarinho que canta, o amor, a adoração,
o agradecimento da criatura que possui minha Divina Vontade, como é basto o amor e tudo o que
pode fazer e dizer, Céus e terra estão em seu poder. Mas isto é nada ainda, tu deves saber que a
alma que possui minha Divina Vontade, em seu ato entra sua Onipotência divina e potência
verdadeira, o que significa difundir-se em todos e tudo, chamar a todos naquele ato, com seu
império fazer-se sentir por todos, chamar a atenção de todos, de modo que sentem a potência
constante de meu Fiat no ato da criatura, porque posso chamá-lo não seu ato, mas meu, e quem
se encontra em posse dele, como são os anjos, os santos, a Criação, sentem correr uma veia de
sua potência e se põem todos atentos para recebê-la, e inclinando-se adoram, agradecem, amam
a Divina Vontade constante. Um ato Dela é a coisa maior, mais bela para todo o Céu e para toda a
terra; um ato seu, como possui potência completa, tanto se atua no ato humano, como se opera
sozinho, pode levar inovações, transformações sobre tudo e fazer ressurgir coisas novas, que
antes não existiam. Assim que um ato em minha Divina Vontade toma lugar na ordem divina, e com
seu império potente impera sobre todos, impera com seu amor atrativo, com sua beleza
arrebatadora, com suas alegrias e doçuras infinitas, é um ato que encerra o conjunto de tudo, e
aqueles que não sentem a beleza dele são obrigados a sentir o peso da justiça divina sobre eles,
mas todos sentirão o toque da potência de um ato da minha Vontade, nenhum será excluído. E só
estes atos se alinham para dar contínua homenagem ao próprio Deus, porque os que mais dão
glória a Deus e homenagem contínua, são os atos feitos no Fiat, porque são atos feitos pelo
próprio Deus, e tomam parte em seu ato incessante".
(3) Depois disto estava fazendo meus atos na Divina Vontade, e meu doce Jesus acrescentou:
(4) "Minha filha, a alma que vive em minha Vontade está em contínuo ato de renascer nos atos que
faz nela, se ama está em ato contínuo de renascer no amor divino, e enquanto nasce forma a vida
do amor nela, e como vida toma a primazia em todo seu ser, de modo que seu batimento, sua
respiração, o movimento, o olhar, o passo, a vontade, e todo o resto, se torna amor, e quantas
vezes renasce, tantas vezes mais cresce o amor, este amor como vida e em ato de sempre nascer
e crescer, tem a força arrebatadora e que fere, e enquanto nos fere nos arrebata, mas com a nossa
mesma potência divina, e nós, que nos sentimos feridos, transbordamos amor das nossas feridas,
e ferimos a nossa amada criatura, e em cada renascimento duplicamos o nosso amor por ela.
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Assim se repara, e quantas vezes repara em nossa Vontade, tantas vezes renasce na reparação
divina e forma a vida da reparação em sua alma, assim que o respiro, o movimento, a vontade e
todo seu ser adquire a vida da reparação; e como não é com um só ato que nos repara, senão com
uma vida inteira, como vida tem a potência que desarma, e desarmando-nos converte os flagelos
em graças, assim de tudo o resto que a criatura pode fazer em nossa Divina Vontade, são vida que
adquire, que são alimentadas por nossas fontes divinas. Assim, se nos louva em nossa Divina
Vontade, nos agradece, nos abençoa, forma uma vida inteira de agradecimentos, de louvores e de
bênçãos a seu Criador, e cada vez que o faz, enquanto renasce nestes atos e cresce, forma a
plenitude da vida, de modo que o respiro, o bater do coração, se pensa, se fala, se dá um passo,
se o sangue circula nas suas veias, todo o conjunto da criatura, não há partícula do seu ser que
não diga obrigado, vos louvo, vos abençoo. Oh! Como é bonito vê-la, que possui tantas vidas por
quantas vezes permanece em seus mesmos atos feitos em nosso Fiat Divino, que por quantas
vidas possui em seu coração tantos batimentos em um, tantos respiros, movimentos e passos em
um, e cada um, quem diz amor, quem reparos, quem agradecimentos, quem louvor e quem
bênçãos; estes renascimentos e vidas formam a mais bela harmonia na criatura afortunada que
teve o bem de adquiri-los; é tanta nossa complacência, que nosso olhar está sempre fixo em vê-la,
nossos ouvidos sempre atentos a escutá-la, a potência de nosso Querer chama nossa atenção
contínua, e quando nos diz vos amo, assim Nós lhe repetimos, te amamos, oh! filha. Assim que nos
repara, assim nos estreitamos ao coração; conforme nos agradece, louva e abençoa, assim lhe
vamos repetindo: ‘Te agradecemos que nos agradeças, te louvamos que nos louves, te
bendizemos que nos abençoe'. Podemos dizer que nos colocamos em concorrência com ela, Céus
e terra se admiram de que o Criador se ponha em concorrência com sua amada criatura. Por isso
sempre em minha Vontade te quero, porque nela nos dá o que fazer e o que dizer e forma nosso
desabafo de amor".
+ + + +
30-28
Abril 30, 1932
Viver na Divina Vontade é um dom. Exemplo do pobre e exemplo do rei. Como o dom é
excesso de amor e magnanimidade de Deus, o qual nem presta atenção, nem quer fazer
contas do grande valor que dá.
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(1) Sentia-me imersa no Querer Divino, uma multidão de pensamentos preocupavam minha mente,
mas sempre sobre o mesmo Fiat, porque nele não se pode pensar em outra coisa, seu doce
encanto, sua luz que tudo investe, suas tantas verdades que como formidável exército se alinham
ao redor, afastam tudo o que a Ele não pertence. A feliz criatura que se encontra na Divina
Vontade se encontra como em uma atmosfera celestial, toda feliz, na plenitude da paz dos santos e
se quer alguma coisa, é só que todos conhecessem um Querer tão amável, tão santo, queria que
todos viessem gozar sua felicidade, mas pensava entre mim: "Mas, como pode ser que as criaturas
possam vir a viver na Divina Vontade para poder formar o seu santo reino? E o meu amado Jesus
surpreendeu-me e disse:
(2) "Minha filha, como és pequena! Vê-se que a tua pequenez não se sabe elevar na potência,
imensidão, bondade e magnanimidade do teu Criador, e desde a tua pequenez mede a nossa
grandeza e generosidade. Pobre menina, se perde em nossas intermináveis posses, e não sabe
dar o justo peso a nossos modos divinos e infinitos. É verdade que humanamente falando, a
criatura rodeada pelos males, tal como está, viver em meu Querer, formar seu reino no meio a elas,
é como se quisesse tocar o Céu com o dedo, o que é impossível, mas o que é impossível aos
homens é possível a Deus. Você deve saber que o viver em nossa Vontade é um dom que nossa
magnanimidade quer dar às criaturas, e com este dom a criatura se sentirá transformada de pobre
em rica, de débil em forte, de ignorante em aprendiz, de escrava de vis paixões, doce e voluntária
prisioneira de uma Vontade toda santa que não a manterá prisioneira, senão rainha de si mesma,
dos domínios divinos e de todas as coisas criadas. Acontecerá como a um pobre que veste
miseráveis trapos, que habita numa habitação sem portas, portanto exposto aos ladrões e inimigos,
que não tem pão suficiente para tirar a fome, e é obrigado a mendigar; se um rei lhe der por dom
um milhão, o pobre mudaria sua sorte e não daria mais o aspecto de um pobre mendigo, senão de
um senhor que possui palácios, vilas, veste com decência, tem alimentos abundantes, e está em
condições de poder ajudar os demais. O que mudou a sorte deste pobre? O milhão recebido em
dom. Agora, se uma vil moeda tem virtude de mudar a sorte de um pobre infeliz, muito mais o
grande dom de nossa Vontade, dada como dom mudará a sorte infeliz das gerações humanas,
menos de quem voluntariamente quiser ficar em sua infelicidade. Muito mais que este dom foi dado
ao homem no início de sua criação, e ingrato nos rejeitou fazendo sua vontade, subtraindo-se da
nossa. Agora, quem se dispõe a fazer nosso Querer prepara o posto, a decência, a nobreza onde
poder colocar este dom tão grande e infinito, os nossos conhecimentos sobre o Fiat ajudarão e
prepararão de maneira surpreendente a receber este dom, e o que não obtiveram até hoje,
poderão obtê-lo amanhã. Por isso estou fazendo como faria um rei que quisesse elevar uma
família, com vínculo de parentesco, a sua família real; para fazer isto toma-se primeiro um membro
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dela, tem-no em sua morada real, o faz crescer, alimentam-se juntos, treina-o em seus modos
nobres, lhe confia seus segredos, e para fazê-lo digno de si, o faz viver de sua vontade, e para
estar mais seguro e para não fazê-lo descer à pequenez de sua família, lhe faz dom de seu querer,
a fim de que o tenha em seu poder. Isto que o rei não pode fazer, eu posso fazê-lo situando a
minha vontade para fazer dela uma dádiva à criatura. Por isso o rei tem os olhos fixos sobre ela,
vai sempre embelezando-a, veste-a com vestidos preciosos e belos de modo que se sente
apaixonado, e não podendo continuar assim, vincula-a com vínculo duradouro de casamento, de
maneira que um se torna dom do outro. Com isto, ambas as partes têm o direito de reinar e aquela
família adquire o vínculo de parentesco com o rei, e o rei, por amor daquela que se doou a ele, e
que ele se deu a ela, chama aquela família a viver na sua morada real, dando-lhe o mesmo dom
que deu àquela que tanto ama. Assim fizemos Nós, primeiro chamamos uma da família humana
para viver na morada real do nosso Querer; pouco a pouco fazíamos-lhe dom de seus
conhecimentos, de seus segredos mais íntimos, e ao fazer isto sentíamos contentes e alegrias
indizíveis, e sentíamos como é doce e querido fazer viver a criatura em nosso Querer, e nosso
amor nos empurrou, ou melhor, nos violentou a fazer-lhe dom de nosso Fiat Onipotente, muito mais
que nos havia feito dom do seu, já estava em nosso poder, e nossa Vontade Divina podia estar
segura e em seu posto de honra na criatura. Agora, depois que fizemos dom do nosso Fiat a um
membro desta família humana, ela adquire o vínculo e o direito deste dom, porque Nós não
fazemos jamais obras e dons para uma só, senão que quando fazemos obras e dons os fazemos
sempre de modo universal, portanto este dom estará pronto para todos, desde que o queiram e se
disponham. Por isso viver em minha Vontade não é propriedade da criatura, nem está em seu
poder, senão que é dom, e Eu o dou quando quero, a quem quero, e nos tempos que quero. Ele é
dom do Céu dado pela nossa grande magnanimidade e pelo nosso amor inextinguível. Agora, com
este dom, a família humana se sentirá de tal maneira ligada ao seu Criador, que não se sentirá
mais distante dele, mas de tal maneira próxima como se fosse da sua própria família e vivesse na
sua própria morada real. Com este dom se sentirá rica, que nunca mais sentirá as misérias, as
fraquezas, as paixões turbulentas, mas tudo será força, paz, abundância de graça, e reconhecendo
o dom, dirá: ‘Na casa de meu Pai Celestial nada me falta, tenho tudo à minha disposição, sempre
em virtude do dom que recebi'. Os dons os damos sempre por efeito de nosso grande amor e por
nossa suma magnanimidade; se isto não fosse, ou quiséssemos prestar atenção em se a criatura o
merece ou não, se fez sacrifícios, então não seria mais um dom, mas um pagamento, e o nosso
dom se tornaria um direito e um escravo da criatura. Enquanto nós e os nossos dons não somos
escravos de ninguém. Na verdade, o homem ainda não existia, e antes que ele fosse já havíamos
criado o céu, o sol, o vento, o mar, a terra florida e todo o resto para fazer disso dom ao homem.
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Que coisa tinha feito para merecer dons tão grandes e perenes? Nada, e no ato de criá-lo demos-
lhe o grande dom que superou todos os outros, o nosso Fiat Onipotente, e embora o tenha
rejeitado, Nós no entanto não interrompemos a dá-lo, não, mas temos guardado para dar aos filhos
o mesmo dom que o pai nos rejeitou. O dom vem dado no excesso de nosso amor, que é tanto,
que não sabe fazer, nem presta atenção às contas, enquanto o salário que se dá se a criatura faz
as boas obras, se sacrifica, se dá com justa medida e segundo merece, não assim no dom. Por
isso, quem pode duvidar significa que não entende de nosso Ser Divino, nem de nossa
generosidade, nem até onde pode chegar o nosso amor, mas queremos a correspondência da
criatura, a gratidão e o seu pequeno amor".
+ + + +
30-29
Maio 8, 1932
A criatura, fazendo a sua vontade, impede o curso dos dons de Deus, e, se pudesse, o
colocaria em imobilidade. Deus em todas as suas obras dá o primeiro lugar à criatura.
(1) Continuava pensando sobre a Divina Vontade, e nos graves males do humano querer, e como
este, sem a Vida do Fiat está sem guia, sem luz, sem força, sem alimento, ignorante porque não
tem o mestre que lhe ensina a ciência divina. Assim que sem Ela a criatura nada conhece de seu
Criador, pode-se dizer que é analfabeta, e se conhece alguma coisa, são apenas as sombras ou
qualquer vogal, mas não com clareza, porque sem a Divina Vontade não há luz, senão sempre
noite. Eis a causa que de Deus se conhece tão pouco, a linguagem celestial, as verdades divinas,
não são entendidas porque não reina como vida, nem como ato primeiro a Divina Vontade.
Parecia-me ver a vontade humana frente a minha mente, como morrendo de fome, esfarrapada,
idiota, toda manchada, vacilante e envolta em densas trevas, e como não está habituada a viver de
luz e a olhá-la, cada pequena luz de verdade lhe eclipsa a vista, a confunde e se cega demais. Oh!
Como há que chorar sobre a grande desventura da vontade humana, sem a Divina parece que lhe
falta a vida do bem e os alimentos necessários para viver. Mas enquanto isso pensava, meu
Celestial Mestre Jesus, fazendo-me sua breve visita me disse:
(2) "Minha filha bendita, é tão grave fazer a própria vontade, que seria um mal menor se a criatura
impedisse o curso do sol, do céu, do vento, do ar, da água, e apesar de que impedindo este curso
aconteceria tal desordem e terror que o homem não poderia viver mais, não obstante este grande
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mal seria nada frente ao grave mal de fazer a própria vontade, porque com isto impede o curso não
às coisas criadas, mas a seu próprio Criador. Adão ao subtrair-se de nossa Vontade deteve o curso
dos dons que devia dar a sua amada criatura, se tivesse podido, teria forçado Deus à imobilidade.
Nosso Ente Supremo ao criar a criatura queria estar em correspondência contínua com ela, queria
dar agora um dom e agora outro, queria dar-lhe tantas belas surpresas, jamais interrompidas.
Enquanto faz sua vontade, sem falar diz ao seu Criador: ‘Retira-te, não tenho onde pôr teus dons,
se Tu me falas não te entendo, suas surpresas não são para mim, eu basto a mim mesma'. E com
razão diz isto, porque sem minha Vontade, que é sua vida primária, perdeu a vida e a capacidade
onde colocar meus dons, de compreender nossa linguagem celestial, e se faz estranha a nossas
mais belas surpresas. A criatura, ao não fazer nossa Vontade, perde a Vida Divina, o ato mais belo,
mais interessante, mais necessário de sua criação e do como foi criado por Deus. Eis por que
razão, assim que o homem se subtraiu de nosso Fiat, se desordenou, de modo que a cada passo
vacilava porque se separou, rejeitou o ato vital de sua vida, e do ato estável e permanente que
devia viver com ele como uma só vida, qual é nossa Divina Vontade. De modo que nos sentimos
imobilizados pelo homem, porque queremos dar e não podemos, queremos dizer e não nos
entende, e como se de longe fizéssemos ouvir os nossos lamentos dolorosos com dizer-lhe: ‘Oh!
Homem basta, volta a chamar em ti aquela Vontade que rejeitaste, Ela não toma em conta teus
males, e se a chamas está pronta a tomar posse e a formar seu reino em ti, reino de domínio, de
paz, de felicidade, de glória, de vitória para Mim e para ti'. Não queiras ser mais escravo nem viver
no labirinto de teus males e misérias, assim não te criei, senão te criei rei de ti mesmo, rei de tudo.
Por isso chama a minha Vontade como vida, e te fará conhecer sua nobreza e a altura de seu
posto em que foi posto por Deus. Oh! Como ficarás contente, e contentarás o teu Criador!"
(3) Depois disso ele adicionou: "Minha filha, portanto, só sente a verdadeira vida em si quando
entra em minha Divina Vontade, porque nela a criatura vê com claridade seu nada, e como este
nada sente a necessidade do Todo, isto é, d'Aquele que a traz do nada para viver, e conforme se
reconhece, o Todo se enche de Si. Este nada sente a verdadeira vida, encontra-se em contato
imediato da santidade, da bondade, potência, amor e sabedoria Divina, reconhece em si a potência
da obra criadora, sua vida palpitante e a necessidade extrema desta Vida Divina. De outra maneira
sente como se em si não houvesse vida. É só minha Vontade que faz reconhecer seu verdadeiro
nada à criatura, e a este nada vai infundindo seu alento continuamente para manter sempre acesa
a Vida Divina nela, para fazê-la crescer como obra digna de nossas mãos criadoras. Pelo contrário,
sem nossa Vontade a criatura se sente como se fosse alguma coisa, e o Tudo fica fora do nada".
(4) Depois continuava meus atos na Divina Vontade, e minha pobre mente se perdia na
multiplicidade de suas obras, as quais corriam em busca do homem para abraçá-lo e alinhar-se a
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72
ele para defendê-lo, emprestar-lhe todas as ajudas, felicitá-lo e fazê-lo sentir seus amorosos
lamentos, suas notas dolorosas até o fundo do coração, porque enquanto o Fiat Divino em tudo o
que faz busca o homem, quer encontrá-lo, amá-lo, e ele em seus atos não o procura, não o
circunda, nem o faz ouvir suas notas amorosas, nem seus doces lamentos por amar Aquele que
tanto a amou e a quem deveria amar. Agora, enquanto me perdia nas suas obras divinas, meu
doce Jesus disse novamente:
(5) "Minha filha, todas as nossas obras extras foram feitas e serão feitas apenas para as criaturas,
a nossa finalidade é só para elas, porque Nós não temos necessidade. Por isso no agir que
fazemos brilha em nosso ato a criatura, corre nele como finalidade de nosso agir, e como no efeito
e em cada ato, a causa que nos move a agir é a criatura, por isso em todas nossas obras o
primeiro posto é ocupado por ela, ela brilha e corre em nosso ato, por isso podemos dizer: ‘Tu
estavas conosco quando estendíamos o céu e formamos o sol, naquele azul e naquela luz te
dávamos o lugar de honra e tu corrias neles. Em cada ato do Verbo feito sobre a terra, em cada
pena, em cada palavra, tu tinhas teu posto central e corrias neles como propriedade tua. Agora,
não dávamos à criatura em nosso ato o posto para fazê-la estar inutilmente e para fazê-la correr
neles quase vadiando, não, não, o ocio não fez santo nenhum, o colocávamos em nossos atos
para que dentro deles pusesse seus atos; o nosso devia servir como modelo, como espaço para
poder colocar dentro, com mais segurança, seus atos. Também Nós trabalhamos, amar é trabalhar,
e nosso trabalho, como é amor, é constante, vivificante, criante, sustenta tudo e a todos. Por isso,
apesar da criatura ter o seu lugar nas nossas obras, oh! Quantas obras nossas se veem vazias dos
atos das criaturas, aliás, nem sequer as conhecem e vivem como se nada lhes tivéssemos dado;
por isso nossas obras têm uma dor e chamam incessantemente aquela, que enquanto tem seu
posto nelas, não se serve delas, nem com seu amor trabalha junto com o trabalho de seu Criador.
No entanto, não terminarão os séculos sem que nossas obras não tenham a finalidade para a qual
foram feitas, isto é, a criatura dentro delas, operando como centro de seus atos. E estes serão
aqueles que farão reinar minha Divina Vontade como vida em suas almas".
+ + + +
30-30
Maio 15, 1932
Como os conhecimentos sobre a Divina Vontade formarão o olho e a capacidade para olhar
e receber o dom do Fiat Divino, e acostumarão as criaturas a viver como filhas. Desordem da
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73
vontade humana.
(1) Estou sempre de volta ao Fiat Supremo, e sentindo em mim o doce encanto da sua luz, da sua
paz, da sua felicidade, oh! Como gostaria que o mundo inteiro conhecesse tanto bem, a fim de que
todos suplicassem que viesse seu reino sobre a terra. Mas enquanto dizia isto, pensava para mim:
"Se o viver no Querer Divino é um dom que deve dar às gerações humanas, Jesus ama tanto,
quer, suspira que se conheça esta Vontade Divina para fazê-la reinar, por que não se apressa a
dar este dom?" E meu Sumo Bem Jesus visitando minha pequena alma, com toda bondade me
disse:
(2) "Minha filha, tu deves saber que se bem ardo pelo desejo de ver reinar minha Divina Vontade,
no entanto, não posso dar este dom, se antes com as verdades que manifestei, conhecendo-as as
criaturas, terão o grande bem de formar a vista para ser capazes de compreendê-lo, e portanto
dispor-se para receber um dom tão grande. Pode-se dizer que agora lhes falta o olho para ver e a
capacidade para compreendê-lo, e por isso primeiro manifestei tantas verdades sobre minha Divina
Vontade, e conforme as criaturas conheçam estas minhas verdades, assim elas formarão a órbita
onde colocar a pupila dentro, e encorajá-la com luz suficiente para poder olhar e compreender o
dom que mais do que sol lhes será doado e confiado. Se eu quisesse dá-lo hoje, faria como se
quisesse dar um sol a um cego: pobrezinho, com tudo e o sol doado seria sempre cego, não
mudaria sua sorte, nem receberia nenhum bem, mas bem teria uma dor, ter um sol por dom e nem
sequer vê-lo, nem receber dele seus benéficos efeitos. Ao contrário, um que não fosse cego,
quantos bens não receberia ao ter um sol por dom à sua disposição, sua festa seria contínua, e se
colocaria em condições de dar luz aos demais, e seria cercado e amado por todos para obter o
bem da luz que ele possui. Então, dar hoje o grande dom de minha Divina Vontade, que mais que
sol mudará a sorte das gerações humanas, seria dá-lo aos cegos, e dá-lo aos cegos seria dar-lhes
dons inúteis, e Eu coisas inúteis não sei dar. Por isso espero com paciência divina e delirante que
minhas verdades façam o caminho, preparem as almas, entrem nelas e formem o olho animado por
luz suficiente, que possam não só olhar o dom de meu Fiat, mas que tenham capacidade para
fechá-lo nelas, a fim de que ali forme seu reino e estenda seu domínio. Por isso, paciência e tempo
fazem as coisas como convém e como merece nossa soberania no agir. Nós fazemos, nosso Ser
Supremo, como faria um pai que quer dar um grande dom a seu pequeno filho, o pai chama o
pequeno e lhe faz ver o dom e lhe diz: ‘Este presente está preparado para você, será seu.’ Mas
não o dá, o filho fica surpreso, arrebatado ao ver o dom que seu pai lhe quer dar, e estando junto
ao pai lhe roga que lhe dê o dom, e não sabe separar-se, roga e volta a rogar porque quer o
presente. Enquanto isso, o pai, vendo-o junto a ele, aproveita para instruir o filho para lhe fazer
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74
compreender a natureza do dom, o bem, a felicidade que receberá por este dom. O filho diante das
manifestações do pai torna-se maduro e capaz não só de receber o dom, mas de compreender o
que encerra de bem, de grande, o dom que deve receber. Por isso se estreita mais com o pai, roga
e volta a rogar, suspira o dom, chega a chorar e não sabe mais estar sem o dom, pode-se dizer
que formou em si, com suas súplicas e suspiros, com a aquisição dos conhecimentos do dom que
seu pai lhe deu, a vida, o espaço onde como em sagrado depósito receber o dom. Esta demora do
pai para dar o dom a seu filho foi amor maior, ele ardia, suspirava por dar o dom a seu filho, mas
queria-o capaz e que compreendesse o dom que recebia, e assim que o vê maduro para receber
um bem tão grande, rapidamente o dá. Assim fazemos Nós, mais que pai suspiramos por dar o
grande dom de nossa Vontade a nossos filhos, mas queremos que conheçam o que devem
receber, os conhecimentos dela amadurecem e tornam capazes nossos filhos de receber um bem
tão grande. As tantas manifestações que fiz serão os verdadeiros olhos da alma para poder olhar e
compreender o que nossa paterna bondade há tantos séculos quer dar às criaturas. Muito mais do
que os conhecimentos que manifestei sobre minha Divina Vontade, assim que forem conhecidos
pelas criaturas, lançarão nelas a semente para fazer germinar o amor de filiação a seu Pai
Celestial, sentirão nossa paternidade, que se quiser que façam sua Vontade, é porque as ama e
quer amá-las como filhas para lhes compartilhar seus bens divinos. Portanto, nossos
conhecimentos sobre o Fiat Divino as farão habituar-se a viver como filhas, e então cessará toda
maravilha, porque nosso Ente Supremo dá o grande dom de nossa Vontade a seus filhos. É direito
dos filhos receber as propriedades do pai, e é dever do pai dar seus bens aos filhos. Quem quer
viver como estranho não merece as posses do pai, muito mais que a nossa paternidade anseia,
suspira, arde pelo desejo de querer dar este dom, a fim de que uma seja a Vontade com os seus
filhos. Então sim, nosso amor paterno repousará quando virmos a obra saída de nossas mãos
criadoras no seio de nosso Querer, em nossa casa, e nosso reino povoado por nossos queridos
filhos".
(3) Depois disto continuava pensando na Divina Vontade, me parece que não sei estar se não
penso nela, e meu Celestial Mestre adicionou:
(4) "Filha bendita, todos os atos que faz minha Divina Vontade estão de tal maneira unidos entre
eles, que são inseparáveis, de maneira que se querem se encontrar, à primeira vista se encontra
um só ato, mas entrando mais dentro se encontram tantos atos distintos um do outro, mas tão
fundidos e atados juntos que não podem separar-se; esta força de união e de inseparabilidade
forma a natureza do agir divino. A própria Criação o diz, se uma só estrela se pudesse separar de
seu posto, no qual está unida junto com todas as outras criadas, se precipitaria e provocaria um
transtorno geral em todas as outras coisas criadas, tal é a inseparabilidade e união que têm todas
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juntas, todas têm vida, embora distinta entre elas, e formam a bela harmonia de toda a Criação,
separadas podem-se dizer que perdem a vida e põem desordem por toda parte. Assim é a vontade
humana separada da Vontade de seu Criador, não só se precipita ela, senão que vai provocando
transtorno por todas partes, e se pudesse subverter tudo e a mesma ordem de seu Criador, não
seria de maravilhar, a vontade humana criada por Nós e separada da nossa, seria como uma
estrela separada de seu posto, onde possuía a força divina, a união de comum acordo e de todos
os bens com seu Criador. Separando-se perde a força, a união e os bens para viver, por isso, por
necessidade lhe toca a sorte de precipitar-se e de provocar transtorno por toda parte. Agora, viver
em minha Divina Vontade, enquanto a alma faz seu primeiro ato, assim sente a força e a união de todos
os atos do Fiat Divino, assim que um ato compreende e encerra todos os outros atos, e sente a
necessidade de continuar seus atos para tramar-se juntos para desenvolver a força da Vontade
Divina que sente em si, que como vida não sabe estar sem fazer-se sentir, quer respirar, bater,
agir, um ato chama ao outro e assim forma a sequência dos atos com a união dos atos da minha
Vontade. Para formar uma vida não basta um ato, um respiro, um batimento, não, requer-se o
contínuo respirar, palpitar e agir, e conforme a alma vive em minha Vontade Divina, assim a faz
respirar e palpitar, e meu Fiat forma sua Vida inteira de obras, quanto a criatura é possível de
conter em si. Por isso, se queres a vida dela em ti, faz com que os teus atos sejam contínuos nela".
+ + + +
30-31
Maio 22, 1932
Cenas agradáveis que forma a alma a seu Criador. A Divina Vontade dará à criatura o dom
da ciência infusa, que lhe será como olho divino.
(1) A minha pobre mente nada no imenso mar da Divina Vontade, neste mar se murmura
continuamente, mas o que se murmura? Amor, louvores, agradecimentos, e o Ente Supremo faz-se
encontrar com o seu murmúrio ao da criatura, e dá amor para receber amor; que doce encontro
entre o Criador e a criatura, que se dão amor reciprocamente, e neste intercâmbio de amor
formam-se as ondas de amor, de luz, de belezas indescritíveis, as quais a pobre criatura não sendo
capaz de encerrá-las todas em si, sente-se afogar, e enquanto tomou quem sabe quanto, o
afogamento que sente impede-a de dizer o que sente em si, dos segredos inefáveis de amor, de
luz, de conhecimentos divinos, que o murmúrio do Eterno tem encerrado na sua alma. Mas
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enquanto me perdia em tantos conhecimentos de não saber dizê-los, sinto-me balbuciante, faltam-
me as palavras adequadas, e para não dizer absurdos sigo adiante. Então, meu amável Jesus,
compadecendo minha incapacidade e pequenez, me apertou a Si entre seus braços e me disse:
(2) "Minha filha bendita, você tem razão em dizer que sua pequenez se sente afogada sob a
imensidão de minha luz, de meu amor e das inumeráveis verdades que contém nosso Ser adorável
e santo, mas nossa potência e imensidão se deleita em encher tanto a criatura de luz, de amor, de
variados conhecimentos nossos, de santidade, até afogá-la, é uma das cenas mais belas, ver a
criatura como afogada em nossa imensidão, que quer falar e se afoga de luz, de amor, de
verdades surpreendentes. Oh! Como é bonito que quer falar do que sente, e nossas ondas as
investem e as reduzem ao silêncio. No entanto Nós com este modo fazemos desabafo de Nós com
nossa amada criatura, e fazemos como um mestre que quer fazer desabafo de sua ciência a seu
pequeno discípulo, põe fora tudo o que sabe e o discípulo escuta, enche a mente, o coração; mas
como foram tantas as coisas que lhe disse, não sabe repetir nada, mas lhe serve para apreciar e
amar ao mestre e saber até onde pode chegar a altura de sua ciência. Estar sob sua direção serve
ao mestre para fazer-se conhecer e resgatar a atenção, o afeto e a fidelidade do discípulo. Assim
fazemos Nós para nos fazer conhecer e para nos fazer amar, quando vemos a criatura vazia de
tudo, que não quer outra coisa que nossa Divina Vontade, nos deleitamos tanto, até afogá-la de
luz, de amor e de nossas verdades que nos pertencem, e depois vamos desmembrando pouco a
pouco o que lhe tínhamos infundido tudo junto, e assim também nos deleitamos de nos adaptar à
sua pequena capacidade.
(3) Agora, você deve saber que quem vive na Divina Vontade, readquirirá, entre tantas
prerrogativas, o dom da ciência infusa, dom que lhe servirá de guia para conhecer nosso Ser
Divino, que lhe facilitará o desenvolvimento do reino do Fiat Divino em sua alma, lhe servirá de guia
na ordem das coisas naturais, será como a mão que a guia em tudo e fará conhecer a vida
palpitante do Querer Divino em todas as coisas criadas e o bem que continuamente lhe oferece.
Este dom foi dado a Adão no princípio de sua criação, junto com nossa Divina Vontade possuía o
dom da ciência infusa, de modo que conhecia com clareza nossas verdades divinas, e não só isto,
mas todas as virtudes benéficas que possuíam todas as coisas criadas para o bem da criatura,
desde a coisa maior até o menor fio de erva. Agora, enquanto rejeitou nossa Divina Vontade de
fazer a sua, nosso Fiat retirou a sua Vida e o dom do qual havia sido portador, portanto ficou às
escuras sem a verdadeira e pura luz do conhecimento de todas as coisas. Agora, com o retorno da
Vida de minha Vontade na criatura, retornará seu dom da ciência infusa. Este dom é inseparável da
minha Divina Vontade, como é inseparável a luz do calor, e onde Ela reina forma o olho cheio de
luz no fundo da alma, a qual, olhando com este olho divino, adquire o conhecimento de Deus e das
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coisas criadas quanto a criatura é possível. Assim, retirando-se minha Vontade o olho fica cego,
porque Aquela que animava a vista partiu, ou seja, não é mais Vida constante da criatura.
Acontece como o corpo, enquanto o olho é saudável vê, distingue as cores, os objetos, as
pessoas, mas se a pupila se escurece e perde a luz, permanece cego, por isso não sabe distinguir
mais nada, no máximo se ajudará do ouvir para saber e compreender alguma coisa, mas sua luz
se apagou e se acabou. Talvez tenha o olho, mas não mais cheio de vida de luz, mas de densas
trevas que são portadoras de dor à vista perdida. Assim é minha Vontade, onde Ela reina
concentra na alma este dom da ciência infusa, que mais do que olho vê e compreende, mas sem
esforço, as verdades divinas, os conhecimentos mais difíceis de nosso Ente Supremo, mas com
uma facilidade maravilhosa, sem artifício e sem estudo, muito mais as coisas naturais, nenhum
pode conhecer a substância, o bem que há dentro, senão quem as criou, por isso não é nenhuma
maravilha se nosso Querer Divino se faz revelador, na alma onde reina, de nosso Ser Divino e das
coisas que Ele mesmo criou, e não reinando tudo é trevas para a pobre criatura, nossos filhos são
cegos e não conhecem, nem amam Aquele que os criou, que mais que pai os ama e suspira o
amor de seus filhos. Minha Vontade Divina, onde reina, não vai com as mãos vazias, mas leva
todos os bens que possui, e se ingratos a obrigam a retirar-se, tudo leva Consigo, porque é
inseparável de seus bens. Ela faz como o sol, assim que surge na manhã faz dom de sua luz e de
seus benéficos efeitos à terra, e quando se retira na tarde, toda a luz a leva consigo, nada fica,
nem sequer uma gota de luz pela noite, e por que? Porque não pode, nem lhe é dado o poder
separar uma só partícula de luz, porque é inseparável de sua luz e onde vai, com a plenitude de luz
que possui forma o pleno dia. Por isso, esteja atenta, porque onde reina a minha Vontade quer
fazer coisas grandes, quer dar tudo, não se adapta a fazer coisas pequenas, mas quer formar o
pleno dia e desabafar em dons, e com magnificência".
+ + + +
30-32
Maio 30, 1932
A Divina Vontade busca o ato da criatura para formar sua Vida nela. Diferença entre os
Sacramentos e a Divina Vontade. Como Ela é vida e aqueles são os efeitos Dela.
(1) Minha pequena mente continua navegando o mar imenso do Fiat Divino, parece-me que em
todas as coisas, e também sobre o Ente Supremo tem o primeiro posto de domínio e de comando,
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e diz: "Em vão me foges, em todas as coisas posso dizer estou aqui, Eu sou, estou aqui por ti, para
te dar vida, sou o insuperável, nenhum me pode superar nem no amor, nem na luz, nem na minha
imensidão, na qual formo tantas Vidas de Mim mesmo por quantas Vidas quero dar às criaturas".
Oh! Poder do Querer Divino, que em tua imensidão busca o ato da criatura para formar tantas
Vidas de Ti em cada um dos atos delas; e oh, em quantos destes atos não te recebem e te
rejeitam, e tua Vida fica sufocada em Ti, em tua imensidão, mas Tu sem jamais te cansar, com
amor que tudo vence, continuas tua busca dos atos humanos para dar tua Vida, e situá-la a cada
instante. Mas enquanto minha mente se perdia no mar do Fiat, meu Celestial Mestre Jesus,
visitando sua pequena filha me disse:
(2) "Filha bendita de meu Querer, cada ato da criatura feito em minha Vontade é um passo que dá
para se aproximar de Deus, e Deus por sua vez dá um passo para se aproximar dela, pode-se
dizer que o Criador e a criatura estão sempre a caminho um ao outro, não se detêm jamais, e
minha Vontade desce no ato da criatura para formar sua passagem de Vida Divina e ela sobe no
Fiat, nas regiões divinas para se fazer conquistadora de luz, de amor, de santidade, e
conhecimento celestial. Assim que cada ato, palavra, respiro, batimento em minha Vontade, são
tantos passos de Vida Divina que faz a criatura, e Ela suspira estes atos para ter seu campo de
ação, para poder formar tantas Vidas Divinas na criatura. Foi esta a finalidade da Criação, formar
nossa Vida na criatura, ter nosso campo de ação divino nela, e por isso amamos tanto que faça
nossa Divina Vontade, para pôr a salvo nossa Vida, não em Nós, pois não temos necessidade de
nenhum, Somos mais do que suficientes para nós mesmos, senão na criatura. Este era o grande
presságio que queríamos e queremos fazer em virtude de nossa Vontade, formar nossa Vida na
vida da criatura, por isso se isto não fizermos, a Criação ficaria sem nossa finalidade inicial, seria
um obstáculo a nosso amor, uma amargura contínua observá-la e ver uma obra tão grande e de
tanta magnificência, e não realizada, e fracassada nossa finalidade. E se não estivesse em nós a
certeza que a nossa Vontade deve reinar na criatura para formar a nossa Vida nela, o nosso amor
queimaria a Criação toda e se reduziria a nada, e se tanto suporta e se tolera, é porque vemos
além dos tempos nossa finalidade realizada.
(3) Agora, assim que a criatura faz a sua vontade, ela recua e dá um passo para trás do seu
Criador, e Deus recua, e forma-se uma distância infinita entre um e outro. Vê então a necessidade
de perseverar em modo contínuo de agir em minha Divina Vontade, para diminuir a grande
distância entre Deus e a criatura, produzida pela vontade humana, e não creia que seja distância
pessoal, Eu estou por toda parte, em todos, no Céu e na terra, a distância que forma o querer
humano sem o meu, é distância de santidade, de beleza, de bondade, de potência, de amor, são
distâncias infinitas que só o meu Querer constante na criatura pode reunir, unir juntos e tornar
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79
inseparáveis um do outro. Isto aconteceu na Redenção, cada manifestação que Nós fazíamos
sobre a vinda do Verbo à terra, era um passo que dávamos para o gênero humano, e conforme o
suspiravam, rogavam e manifestavam ao povo nossas manifestações, profecias e revelações,
assim davam tantos passos para o Ente Supremo, assim aqueles estavam a caminho para Nós e
Nós para eles, e conforme se aproximava o tempo de dever descer do Céu à terra, assim
aumentávamos os profetas para poder fazer mais revelações, para poder apressar o caminho de
ambas as partes, tão certo, que nos primeiros tempos do mundo não havia nenhum profeta, e
nossas manifestações eram tão escassas que se pode dizer que se dava um passo cada século.
Esta demora de caminho produzia frieza por parte das criaturas, e quase se tinha por todos como
um modo de dizer, uma coisa absurda minha vinda à terra, não uma realidade. Assim como se
pensa hoje sobre o reino de minha Vontade, um modo de dizer, e quase como uma coisa que não
pode ser. Depois vieram depois de Moisés os profetas, quase nos últimos tempos, perto da minha
vinda à terra, com os quais depois das nossas manifestações se apressou o caminho de ambas as
partes, e depois veio a Soberana do Céu, que não só caminhou, mas correu para apressar o
encontro com o seu Criador, para o fazer descer e fazer cumprir a Redenção. Veja então como
minhas manifestações sobre a Divina Vontade são provas certas de que Ela caminha para vir a
reinar sobre a terra, e que a criatura à qual foram feitas, com uma constância férrea caminha e
corre para receber o primeiro encontro, para dar sua alma e fazê-la reinar, e assim dar o passo
para fazê-la reinar no meio das criaturas. Por isso seus atos sejam contínuos, porque somente os
atos contínuos são os que apressam o caminho, superam todo obstáculo, e são os únicos
vencedores que vencem a Deus e à criatura".
(4) Depois disto continuava a multidão de meus pensamentos sobre a Divina Vontade, e tendo
recebido a santa Comunhão pensava entre mim: "Que diferença há entre os Sacramentos e a
Divina Vontade?" E meu Soberano Jesus rompendo seus véus eucarísticos fez-se ver, e dando um
suspiro doloroso me disse:
(5) "Minha bendita filha, a diferença é grande entre um e outro. Os Sacramentos são os efeitos da
minha Vontade, ao contrário Ela é Vida, e como Vida, com a sua potência criadora forma e dá vida
aos Sacramentos. Os Sacramentos não têm virtude de dar vida à minha Vontade, porque Ela é
eterna, não tem princípio nem fim. Em troca minha Vontade adorável ocupa sempre o primeiro
lugar em todas as coisas, e possuindo a virtude criadora em sua natureza, cria as coisas e sua
mesma Vida onde quer, quando e como quiser. Pode-se dizer que a diferença é como uma
imagem entre o sol e os efeitos que produz o sol, estes não dão vida ao sol, mas recebem a vida
do sol e devem estar à sua disposição, porque a vida dos efeitos são causados pelo sol. E além
disso, os Sacramentos são recebidos a tempo, lugar e circunstância: O Batismo é dado uma vez e
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80
não mais, o Sacramento da Penitência é dado quando cai no pecado, a minha própria Vida
Sacramental é dada uma vez por dia, e a pobre criatura neste intervalo de tempo não sente sobre
si a força, a ajuda das águas batismais que a regeneram continuamente, nem as palavras
sacramentais do sacerdote que a fortalecem de maneira contínua ao dizer: ‘Eu te absolvo de seus
pecados', nem encontra em suas fraquezas e provas da vida, nem sequer a seu Jesus
Sacramentado que possa recebê-lo em todas as horas do dia. Em troca minha Divina Vontade
possuindo o ato primeiro de vida e de poder dar vida, com seu império tem o ato contínuo sobre a
criatura, a cada instante se dá como vida, vida de luz, de santidade, de amor, vida de fortaleza, em
resumo, para Ela como vida não existem tempos, circunstâncias, lugares, horas, não há restrições,
nem leis, especialmente porque deve dar vida e a vida se forma com atos contínuos, não a
intervalos. E por isso no ímpeto de seu amor, com seu império contínuo, pode-se dizer que é
batismo contínuo, absolvição jamais interrompida, e comunhão a cada instante. Muito mais que
esta nossa Vontade foi dada ao homem no princípio de sua criação como vida perene habitante
nele. Esta era a substância, o fruto da Criação, a nossa Vontade que devia formar a nossa Vida na
criatura. Com esta Vida Nós dávamos tudo, não havia coisa da que ele pudesse ter necessidade,
que não pudesse encontrar em nossa Vontade, pode-se dizer que teria à sua disposição tudo o
que quisesse: ajuda, força, santidade, luz, tudo vinha em seu poder, e minha Vontade tomava o
empenho de lhe dar tudo o que queria, desde que lhe desse o domínio e a fizesse habitar em sua
alma; por isso não era necessário instituir os Sacramentos quando foi criado o homem, porque em
minha Vontade possuía o princípio e a vida de todos os bens; os Sacramentos como meios de
ajuda, de medicina, de perdão, não tinham nenhuma razão de existir; mas quando o homem
rejeitou nossa Vontade, retirando-se Ela ficou sem Vida Divina, portanto sem a virtude
alimentadora, sem o ato contínuo de receber nova e crescente vida, e se não morria de todo, eram
os efeitos que de acordo com suas disposições, circunstâncias e tempos, lhe dava minha Divina
Vontade. Agora vendo nossa bondade paterna que o homem ia sempre se precipitando mais, para
lhe dar um sustento, uma ajuda, deu-lhe a lei como norma de sua vida, porque na Criação não lhe
deu nem leis, nem nenhuma outra coisa, senão minha Vontade Divina, a qual com dar vida
contínua lhe dava em natureza nossa lei divina, de modo que devia senti-la em si mesmo como
vida própria, sem ter necessidade que Nós lhe disséssemos, nem mandássemos. Muito mais que
onde reina minha Vontade não há leis, nem mandatos, as leis são para os servos, para os
rebeldes, não para os filhos; entre Nós e aqueles que vivem em nosso Querer, tudo se resolve em
amor. Mas com toda a lei o homem não se recusou, e como nosso ideal da Criação tinha sido o
homem, e só por ele tudo foi feito, por isso quis vir à terra em meio a eles, e para dar-lhes apoios
mais válidos, medicamentos mais saudáveis, meios mais seguros, ajudas mais potentes, instituí os
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santos Sacramentos, e estes operam a tempos e circunstâncias, e segundo as disposições das
criaturas, como efeitos e obras da minha Divina Vontade. Mas se com todo este grande bem a
alma não faz entrar à Divina Vontade nela como vida, terá sempre suas misérias, uma vida
medíocre, sentirá ao vivo suas paixões, a santidade, a mesma salvação estará sempre em perigo,
porque só minha Vontade que se dá como vida contínua forma o doce encanto às paixões, às
misérias e forma os atos opostos de santidade, de força, de luz, de amor, nos males das criaturas,
de maneira que o querer humano, sentindo o doce encanto, sente correr em seus males o belo, o
bom, o santo do ato contínuo de vida, que sob seu suave e doce império lhe dá minha Vontade e
se deixa fazer o que Ela quer, porque um ato contínuo que dá vida perene não pode jamais ser
alcançado por outros atos, ajudas e meios, por quão fortes e santos sejam, para fazer o bem que
pode fazer um ato contínuo. Por isso não há mal maior que a criatura possa fazer-se, nem ofensa
maior que possa fazer a nossa bondade paterna, que não fazer reinar a nossa Vontade nela. Se
estivesse em seu poder nos induziria a destruir toda a Criação, porque a criatura foi feita porque
devia ser nossa habitação, e não só ela, mas todas as coisas criadas: céus, sol, terra, tudo, sendo
obras saídas de nossa Alteza Suprema, tínhamos o direito de habitá-las, e com habitá-las
conservamos com decência, belas e sempre novas, como no ato em que as tiramos à luz. Agora, a
criatura que não faz a nossa vontade, fica fora do nosso quarto e acontece-nos a nós como
aconteceria a um rico senhor, que querendo fabricar um grande e belo palácio, quando o tiver
terminado vai habitá-lo, e se fecham as portas em seu rosto, se lhe lançam as pedras em cima, de
maneira que é obrigado a não pôr um pé dentro, e a não poder habitar as habitações formadas por
ele, não mereceria que fosse destruída por aquele que a formou? Mas não o faz, porque ama sua
obra, senão espera e espera, quem sabe e talvez possa vencer com amor, e por si mesma lhe abra
as portas para fazê-lo entrar dando-lhe a liberdade de fazê-lo habitar. Em tais condições nos coloca
a criatura ao não fazer reinar nossa Vontade em sua alma, nos fecha a porta na cara e nos lança
as pedras de suas culpas contra Nós, e Nós com paciência invencível e divina esperamos, e não
querendo em si nossa Vontade como vida, com bondade paterna lhe damos os efeitos Dela, como
são as leis, os sacramentos, o evangelho, as ajudas de meus exemplos e orações, mas todo este
grande bem não pode igualar o grande bem que pode fazer minha Vontade como vida perene da
criatura, porque Ela é tudo junto: Leis, sacramentos, evangelho, vida. Ela significa tudo, poder dar
tudo, possuir tudo, e isto basta para poder compreender a grande diferença que existe entre a
minha Vontade como vida contínua na criatura, e entre os seus efeitos que pode produzir não em
modo perene, mas em circunstâncias, a tempo, nos próprios Sacramentos, e embora os efeitos
podem fazer grande bem, jamais podem chegar a produzir todos os bens que pode produzir a Vida
de minha Divina Vontade reinante e dominante na criatura, por isso seja atenta minha filha, e dê-
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lhe a santa liberdade de fazer o que quer em sua alma".
+ + + +
30-33
Junho 12, 1932
Para quem vive na Divina Vontade, todas as obras de Deus as encontra em ato e feitas para
ela. Quem vive na Divina Vontade forma o ofício de brisa nas obras divinas.
(1) Minha pequena alma gira sempre no Fiat Divino, sente a irresistível necessidade de viver nele,
porque n'Ele encontro tudo à minha disposição, tudo é meu, aliás, sinto como um convite secreto
que todas as coisas criadas me fazem no fundo do meu coração, que com vozes mudas me dizem:
"Vem no meio a nós, vem a possuir-nos e a gozar as tantas belas obras que fez por ti e para dar a
ti nosso Criador". Oh! Que doce encanto tem tudo o que foi criado, que olhou através dos véus da
Divina Vontade. Mas enquanto minha pequena alma era envolvida no doce encanto de tudo o que
foi criado, meu amado Jesus repetindo-me sua amada visita me disse:
(2) "Minha filha bendita, para quem vive em minha Divina Vontade tudo é presente, o passado e o
futuro não existem para ela, tudo está em ato, e como entra na ordem divina, nossa bondade
paterna não quer dar um amor passado que teve na Criação, nem um amor que deve vir, isto não
faria caminho no coração da criatura, porque lhe pareceria que o amor que saiu de nosso seio na
Criação, seria como um amor e obra não direta para ela, e aqueles que virão, como amores e
obras de esperar, muito mais que em Nós também não existe passado e futuro. Passado e futuro é
para quem vive fora de nossa Vontade, porque olha só o exterior de nossas obras, não dentro
delas, enquanto quem vive nela vê nossas obras dentro de nós, e vê nossa criação contínua e para
cada criatura. Assim, à feliz criatura que vive em nosso Querer, fazemos ver e tocar com a mão
nosso ato de estender o céu, de criar o sol, o vento, o ar, o mar, e assim por diante, tudo para ela,
a qual vê e compreende com clareza nosso intenso amor em cada coisa criada para ela, nossa
potência e sabedoria em arrumá-las por amor seu, de maneira que se sente comprometida e como
afogada sob as ondas de nosso amor, potência, sabedoria e bondade de cada coisa criada, e
enquanto se sente afogada, vê que não dá sinais de terminar a Criação para ela, não diz jamais
basta, mas continua, continua sempre o ato criante, e ela vendo que nosso ato que cria e age não
cessa jamais, faz eco a nosso amor e não cessa jamais de nos amar. Oh! Como é belo encontrar
na criatura um amor contínuo que jamais termina, assim como não termina o nosso; antes, vendo-
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se sufocada pelo nosso amor contínuo de sustentar o ato que cria por seu amor, para nos
corresponder faz uso de seus estratagemas para nos imitar e nos diz: ‘Majestade Suprema, oh! Se
tivesse poder também eu faria tantos céus, sóis e tudo o que sabeis fazer Vós, por amor vosso,
mas já que não posso dar-vos céu e sol e tudo o que me destes, para dizer-vos que quero amar-
vos muito, muito'. E oh! Como ficamos contentes, correspondidos, porque a criatura se serve e nos
dá do nosso amor, tendo-o feito seu para nos amar. Por isso em nossa Vontade não há coisas
desiguais entre Criador e criatura, se ama, se serve de nosso amor para nos amar; se age, age em
nossas obras, não ama, nem age fora de nosso amor e de nossas obras, podemos dizer que nosso
amor é seu e o seu é nosso, e nossas obras foram feitas juntas. É por isso que viver em nosso
Querer felicita a Nós e à criatura, porque Nós a criamos porque queremos ter o que fazer com ela,
estar juntos, trabalhar juntos, felicitar-nos e amar-nos juntos. Nossa finalidade não era tê-la
distante, não, não, mas junta e fundida com Nós, e para tê-la absorvida dávamos-lhe nosso ato que
cria e age, o qual, conforme criava as coisas, assim formava suas ondas de amor e abria veias de
felicidade na criatura, de modo que devia sentir dentro de si, não só nossa Vontade, nossa Vida
palpitante e constante, mas o oceano de nossas alegrias e felicidade, sentir o paraíso na sua alma.
E não só a Criação está sempre em ato, mas também a Redenção está sempre em ato, e quem
vive em minha Vontade Divina sente o ato contínuo de meu descer do Céu à terra, e propriamente
para ela, por seu amor, descendo, me concebo, nasço, sofro e morro, tudo é por ela, e para não
ficar para trás Eu descendo ela me recebe, se concebe em Mim, renasce Comigo, faz vida junto
Comigo e morre Comigo para ressurgir Comigo. Não há nada que Eu tenha feito que ela não
queira fazer junto Comigo. Assim que a sinto inseparável da Criação, inseparável da Redenção, e
de tudo o que fiz, e se é inseparável de todas as nossas obras, da minha própria Vida, que coisa
não devo dar a quem vive na nossa Vontade? Como posso não me concentrar nela? Se não o
fizesse meu amor não o suportaria, por isso se queres tudo, vive em minha Vontade, Eu não sei
dar coisas a meias, senão tudo, e terás o grande bem de sentir em ti o nosso agir em ato contínuo,
e oh! Como compreenderás o quanto foste amada pelo teu Criador, e o quanto és obrigada a amá-
lo".
(3) Depois disto abandonei-me toda nos braços da Divina Vontade, mas minha mente, por certas
dolorosas lembranças estava inquieta, e meu doce Jesus tendo compaixão de mim veio e me
abençoou. A sua bênção foi como o orvalho benéfico, que me pôs em perfeita calma, e me senti
como uma pequena menina toda tímida, saída e liberta de uma tempestade, e o meu amado Jesus
com toda bondade me disse:
(4) "Minha filha boa, ânimo, não temas, porque o ânimo é a arma potente que mata a timidez e põe
em fuga todo temor, faz tudo, tudo a um lado e veem em minha Divina Vontade a formar tua brisa a
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todas nossas obras, elas estão todas em ordem em nosso Fiat, mas não se movem, querem a
brisa da criatura para dirigir-se a elas, e se a brisa é forte correm, voam para ser portadores do
bem que cada obra nossa possui. Assim que a alma que entra em nossa Vontade se une com
nossos atos para fazer os seus nos nossos, e enquanto se une, assim forma a brisa e com a
mesma força de nossa Vontade move, chama, arrebata, força com sua doce e penetrante brisa
todas nossas obras e as põe em caminho até as criaturas. Oh! Como ficamos contentes, como
suspiramos esta doce e refrescante brisa que a criatura nos leva em nosso Querer. Por isso seja
atenta, não queira perder a paz, de outra maneira não poderá vir a nossa Vontade a formar tua
brisa, os doces refrescos, a frescura a nosso ardente amor e o movimento a nossas obras, porque
em nosso Querer não entram senão as almas pacificas, para os outros não há posto, e não
sentindo te seguir seus passos, e as suas obras não cortejadas pela tua brisa, com dor dizem: ‘Oh!
A filha de Minha Vontade ficou para trás, e me deixou sozinha sem sua companhia. Agora minha
filha, você deve saber que nosso Ser Divino, assim que criou o homem, ficou sobre ele no ato de
chover de nós santidade, luz, amor, bondade, beleza, e assim do resto, então se subtrair de nossa
Vontade Divina subtraiu-se de debaixo de nossa chuva. Por isso a alma que está em nossa
Vontade, assim como com seus atos nos forma a brisa e move todas as nossas obras, Nós
formamos a chuva e nos derramamos primeiro sobre a afortunada criatura, e depois sobre todos. E
assim como a brisa favorável em nosso Fiat chama a chuva, a invoca, a suspira de nosso Ser
Supremo, assim o agir da vontade humana fora da nossa forma o vento contrário e afasta nossa
chuva benéfica, e nos faz ficar no ar, eis porque muitas criaturas são vistas como terras áridas,
sem flores e sem frutos. Mas isto não prejudica a quem vive em nosso Querer Divino, ela se afasta
de todos e vem viver com sua família divina, e sente sobre si nossa contínua chuva que forma
sobre ela nossa Divindade".
+ + + +
30-34
Junho 17, 1932
Quem vive na Divina Vontade, age, encerra e entrelaça seus atos com os da Virgem e os de
Nosso Senhor, e forma uma união entre todas as coisas que pertencem à Divina Vontade.
(1) Meu abandono no Querer Divino continua, sinto sua força Onipotente que toda me investe, e
minha pequena alma como desfeita, de modo que não quero, não sinto, não toco outra coisa que a
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Divina Vontade, e se alguma pequena nuvem investe minha mente, sua luz divina repentina, quase
sem tempo me inunda e a põe em fuga, e eu, ou me atiro nos braços de minha Mãe Celestial como
a meu refúgio, ou bem nos braços de meu dulcíssimo Jesus, para reencontrar minha querida Vida
e rogo, ora a um, ora à outra que me fechem em meio a seus atos para poder estar segura e
defendida de tudo e de todos. Mas enquanto isso e outras coisas pensava, o meu sumo Bem
Jesus, me apertando em seus braços me disse:
(2) "Filha bendita, meus atos e os da Rainha Mamãe, nosso amor, nossa santidade, estão em ato
de espera contínua de encerrar seus atos no meio dos nossos, para dar-lhes a forma de nossos
atos, e pôr sobre seus atos o selo dos nossos, porque tu deves saber que os atos da Soberana do
Céu estão entrelaçados com meus atos, por isso são inseparáveis, e quem vive em nosso Querer
Divino vem a agir em meio a nosso entrelaçado, e aí ficam encerrados em meio a nossos atos, os
quais os têm em custódia como triunfo e obras do Fiat Santo, nada entra em nossos atos se não
são parte Dele. Vê então onde vem formada a santidade de quem vive em nossa Vontade, em
meio a nossa santidade, ama em meio a nosso amor, e age em meio a nossas obras; assim que
quem age em nosso Querer sentirá como em natureza a inseparabilidade, Ela de nossos atos e
Nós dos seus, assim como é inseparável a luz do calor, e o calor da luz, e por isso são nosso
triunfo contínuo, nossa glória, nossa vitória sobre a vontade humana, são nossas propriedades
divinas, que Nós formamos nela, e ela forma em Nós. O querer humano e o Querer Divino se
beijam continuamente, se fundem juntos, e Deus desenvolve sua Vida na criatura e ela desenvolve
sua vida em Deus. Além disso, quem vive em minha Vontade, não há nada que pertença a meu
Fiat em que a criatura não adquira seus direitos: Direito sobre nosso Ser Divino, direito sobre sua
Mãe Celestial, sobre os anjos, os santos, direito sobre o céu, o sol, a Criação toda. E Deus, a
Virgem e todos, adquirem o direito sobre ela. Acontece como quando dois jovens esposos se unem
com vínculo indissolúvel, em que ambas as partes adquirem o direito sobre suas mesmas pessoas,
e sobre tudo o que a ambos pertence, direito que nenhum lhes pode tirar. Assim para quem vive
em nosso Querer, forma o novo, verdadeiro, real matrimônio com o Ser Supremo, e com isto vem
formada uma união com tudo o que a Ele pertence. Oh! Como é belo ver esta criatura desposada
com todos, a amada, a preferida, a amada de todos, e com direito todos a querem, suspiram o
gozá-la e tê-la junto com eles, e ela ama a todos, dá o direito a todos sobre ela, e é dada a todos; é
a nova e grande parentela que adquiriu do seu Criador. Oh! Se se pudesse ver da terra, veriam que
Deus a leva entre seus braços, a Soberana Rainha a alimenta com o alimento requintado do
Querer Divino, anjos e santos a cortejam, o céu se estende para cobri-la e protegê-la, e ai de quem
a toque; o sol a fixa com sua luz e a beija com seu calor, o vento a acaricia, não há coisa criada por
Nós que não se preste a fazer seu ofício em torno dela. Minha Vontade move tudo ao redor dela, a
Volume 30
86
fim de que todos e tudo a sirvam e a amem. Por isso quem vive nela dá o que fazer a todos, e
todos sentem a felicidade de poder estender seu campo de ação dentro e fora da afortunada
criatura. Oh! Se todas as criaturas compreendessem o que significa viver em minha Divina
Vontade, oh! Como todos ambicionariam e fariam concorrência de fazer nela sua celestial morada".
(3) Então me sentia mais que nunca toda abandonada na imensidão da luz do Querer Divino, e via
e sentia dentro meu doce Jesus, todo atento à pequenez de minha pobre alma, tinha cuidado de
tudo, queria me dar tudo, fazer tudo, de maneira que se via que com o toque de seus dedos me
formava o batimento, animava o respiro, o movimento, tinha em ordem os pensamentos, as
palavras e tudo, mas com tanto amor e ternura que arrebatava, e Jesus bendito ao me ver
maravilhada me disse:
(4) "Minha pequena filha, não te admires de minhas tantas atenções e ternuras amorosas que faço
dentro e fora de ti. Você deve saber que na alma onde reina minha Divina Vontade, Eu sirvo a Mim
mesmo, assim que por decência de minha Divindade e santidade presto estes atos meus, como se
fosse a minha própria Vida, por isso ponho a intensidade do meu amor, a ordem dos meus
pensamentos, a santidade das minhas obras, e ao ver a docilidade da criatura que se presta como
filha a receber os ofícios de seu pai, suas ternuras amorosas, a vida do pai na sua filha! Como me
sinto feliz e honrado de servi-la, muito mais que me sirvo a Mim mesmo em minha filha, e quem se
serve a si mesmo não é escravidão, mas honra, glória, é saber guardar-se na dignidade, na
santidade, na ordem de seu estado, sem descer no baixo. A servidão começa quando se serve a
outras pessoas, mas servir-se a si mesmo é manter a alteza de seu estado. Por outro lado, onde
reina minha Divina Vontade é meu interesse que tudo o que faz a criatura sejam atos dignos dela,
e que sejam parte de meus atos, não seria conveniente, a Vontade Divina e os atos humanos, por
isso me ofereço a fazer tudo para servir a minha própria Vontade".
(5) Depois disto, enquanto seguia o meu abandono nos braços de Jesus, Ele acrescentou:
(6) "Filha bendita, minha Humanidade amou tanto a família humana, que a levei e levo ainda em
meu coração e estreitada entre meus braços, e cada pena, obra, oração que fazia eram novos
vínculos de união entre Eu e eles. Então todo o meu Ser e tudo o que Eu fazia, corria, corria como
corrente impetuosa para cada uma das criaturas, que desfazendo-se em amor constituíam-se
vínculos de união, de amor, de santidade, de defesa, que formando vozes arcanas de amor
insinuante, sofredor, delirante, dizia a cada um deles: ‘Amo-vos meus filhos, amo-vos muito, e
quero ser amado.' Minha Humanidade reordenava e estabelecia a verdadeira união entre Criador e
criatura, e vinculava a todas elas como membros unidos com a cabeça, e era Eu mesmo o que me
fazia cabeça de toda a família humana. Por isso a virtude tem por si mesma a força vinculadora de
vincular-se com Deus, e não só isto, senão de vincular-se com as criaturas, de modo que uma
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exercita a paciência, e então sua paciência vincula-se com todos aqueles que têm paciência e
dispõe-se aos outros a ter paciência; assim quem é obediente, humilde, caridoso, formam as
diversas categorias na minha Igreja. O que te dizer além dos vínculos extensíssimos que forma
quem faz e vive em minha Divina Vontade, como Esta se encontra no Céu e na terra, em todas as
partes põe seus vínculos, com seus atos vincula Céu e terra, e chama a todos a viver de Vontade
Divina".
+ + + +
30-35
Junho 26, 1932
Sublimidade e poder do sacrifício. Como Deus quando quer dar um grande bem, pede o
sacrifício da criatura; exemplo de Noé e de Abraão.
(1) Estava fazendo meu giro na Divina Vontade para encontrar tudo o que tem feito, para fazer
meus seus atos para poder dizer: "Eu estava e estou contigo, e faço o que tu fazes, por isso o que
é meu é teu, e o que os santos fizeram por ti também é meu, porque tu és a fonte que se derrama
por todas as partes e produz todos os bens. E enquanto girava, cheguei ao ponto da história do
mundo quando Deus pedia de Noé o sacrifício de fabricar a arca. E eu oferecia aquele sacrifício
como se fosse meu, para pedir o reino da Divina Vontade sobre a terra, mas enquanto isso fazia, o
bendito Jesus detendo-me naquele ponto da história me disse:
(2) "Minha filha, todo o bem da história do mundo está fundado no sacrifício querido para as
criaturas por minha Vontade suprema, e quanto maior é o sacrifício que pedimos dela, mais bem
encerramos dentro. E estes grandes sacrifícios nós os pedimos quando com seus pecados
merecem que o mundo seja destruído, fazendo sair de dentro do sacrifício, em vez da destruição, a
nova vida das criaturas. Agora, você deve saber que neste ponto da história do mundo, merecia
que as criaturas não existissem mais, todos deviam perecer. Noé aceitando nosso mandato e
dispondo-se ao grande sacrifício, e por tão longos anos, de fabricar a arca, recompensou o mundo
e todas as futuras gerações; conforme se sacrificava em um tempo tão longo, de esforços, de
trabalhos, de suores, assim desembolsava as moedas, não de ouro ou de prata, mas de todo seu
ser em ato de seguir nosso Querer, assim punha bastantes moedas para recomprar o que estava
por destruir-se. Então, se o mundo existe até agora, eles devem isso a Noé, que com seus
sacrifícios e fazendo nossa Vontade como Nós queríamos que a fizesse, salvou o homem e tudo o
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que devia servir ao homem, um sacrifício profícuo, querido por Deus, diz coisas grandes, bens
universais, doce cadeia que ata Deus aos homens. Nós mesmos não queremos fugir do labirinto
desta cadeia tão longa que a criatura nos forma com um sacrifício profícuo, mas sim, nos é tão
doce e querida que nos fazemos amarrar por ela mesma como lhe parece e goste. Agora, Noé com
seu sacrifício proficuo recompensou a continuação das gerações humanas.
(3) Após um outro período de tempo da história do mundo, veio Abraham, e nosso Querer
comandou-o sacrificar seu filho. Era um sacrifício duro para um pobre pai, pode-se dizer que Deus
punha à prova o homem, e exigia uma prova desumana e quase impossível de cumprir, mas Deus
tem o direito de pedir o que quiser, e qualquer sacrifício que queira. Pobre Abraão, foi posto em tais
apertos que lhe sangrava o coração e sentia em si mesmo a morte, o golpe fatal que devia vibrar
sobre seu único filho; o sacrifício era exuberante, tanto que nossa bondade paterna não quis a
execução, mas o cumprimento, sabendo que ele não teria podido viver, teria morrido pela dor
depois de um ato tão dilacerante, de matar seu próprio filho, porque era um ato que superava as
forças da natureza humana, mas Abraão aceitou tudo, não deu atenção a nada, nem ao filho, nem
a si mesmo, que se sentia consumir de dor no próprio filho. Se nosso Querer, assim como o
mandou, não tivesse impedido o ato fatal, apesar de ter morrido junto com seu amado filho, já teria
feito o sacrifício querido por Nós. Agora, este sacrifício foi grande, exuberante e único, querido por
Nós na história do mundo. E bem, este sacrifício o elevou tanto, que foi constituído por Nós cabeça
e pai das gerações humanas, e com o sacrifício de sacrificar a seu filho, desembolsou moedas de
sangue e de dor intensa para recomprar ao futuro Messias para o povo hebreu e para todos. Com
efeito, depois do sacrifício de Abraão, o que não fazíamos antes, fazíamos ouvir-nos
frequentemente no meio das criaturas; o sacrifício tem virtude de nos aproximarmos delas,
formamos os profetas, até que veio o suspirado Messias.
(4) Agora, depois de outro tempo longuíssimo, querendo dar o reino de nossa Vontade, queríamos
o sacrifício onde apoiá-lo, e que enquanto a terra está inundada pelos pecados e merece ser
destruída, o sacrifício da criatura a recompra, e com o seu e em seu sacrifício volta a chamar a
Divina Vontade a reinar, e faz renascer no mundo a Vida nova de meu Querer em meio às
criaturas. Eis por que peço o sacrifício profícuo de tua vida sacrificada dentro de um leito, e isto era
nada, porque outras almas estiveram dentro de um leito de dor, era a nova cruz que não pedi nem
dei a nenhum, a que devia formar teu martírio diário, e tu sabes qual é, que tantas vezes te
lamentaste comigo. Filha, quando quero dar um bem grande, um bem novo às criaturas, dou
cruzes novas e quero sacrifício novo e único, cruzes que o humano não sabe dar razão, mas há
minha razão divina, a qual o homem é obrigado a não investigá-la e a inclinar sua testa e adorá-la.
E além disso se tratava do reino de minha Vontade, e meu amor devia inventar e querer cruzes
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89
novas e sacrifícios jamais recebidos para poder encontrar pretextos, apoio, força, moedas
suficientes e cadeia longuíssima para se fazer atar pela criatura. E o sinal certo quando queremos
dar um bem grande e universal ao mundo, é pedir de uma criatura um grande sacrifício, e o êxito
nele são garantias e certezas do bem que queremos dar, e quando encontramos quem aceita, o
fazemos um portento de Graça, e em seu sacrifício formamos a vida daquele bem que queremos
dar. Assim, a minha vontade quer formar o seu reino no sacrifício das criaturas, circundar-se dele
para estar seguro, e com seu sacrifício desfazer a vontade humana e erguer a sua, e com isto vem
a formar tantas moedas de luz divina ante nossa Divindade para recomprar o reino de nossa Divina
Vontade e dá-lo às gerações humanas. Por isso não te admires de teu longo sacrifício, nem do que
temos disposto e fazemos em ti, era necessário a nossa Vontade, e não estejas pensativa porque
não vês nem sentes nos outros os efeitos de teu sacrifício, é necessário que com seu sacrifício
faça a compra com nossa Divindade, e quando tiver contratado com Deus, a compra é segura, a
seu tempo com certeza terá a vida o reino do Querer Divino, porque a compra foi feita com o
sacrifício de uma pertencente à família humana".
+ + + +
30-36
Junho 29, 1932
Prodígios e segredos que encerra o viver na Divina Vontade. Cenas comovedoras. Geração
dos atos divinos na criatura. Custódia e zelo divino.
(1) Estou entre os braços do Fiat Divino, seu domínio se estende em tudo e sobre minha pequenez,
mas seu império não é escravidão, não, mas união, transformação, de modo que a criatura sente
que domina junto, e fazendo-se dominar adquire a virtude de dominar a mesma Vontade suprema.
Mas enquanto minha mente nadava no mar do Fiat Divino, de modo que me sentia como afogada
por suas ondas, meu Celestial Jesus visitando minha pobre alma me disse:
(2) "Minha bendita filha, viver em meu Querer encerra tantos prodígios e segredos de fazer
maravilhar Céu e terra. Você deve saber que conforme a pequenez da criatura entra nele, se perde
em sua imensidão, e a Divina Vontade a recebe em seus braços para fazer dela conquista, e o
querer humano se faz conquistador da Divina. Agora nestas conquistas de ambas as partes, a
Divina Vontade festeja a conquista da humana, dando-lhe o uso que quer, e a vontade humana
festeja a grande conquista feita da Divina, e querendo dar-lhe o uso que queira, envia-a ao Céu
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como sua conquista e portadora de novas alegrias e felicidade que possui. Minha Vontade
conquistada pela alma não fica para trás, bilocando-se, fica e parte para sua pátria celestial só para
auxiliar aquela que a conquistou, e leva a nova conquista que fez do querer humano, e as alegrias
e felicidade que encerra a Divina Vontade conquistante; minha Vontade felicitante e beatificante
que está no Céu, e minha Vontade conquistadora que está na terra se fundem juntas e inundam as
regiões celestiais com as novas alegrias que possui minha Divina Vontade conquistadora, porque
tu deves saber que as alegrias de minha Vontade conquistadora são muito distintas e diversas
daquelas de minha Vontade felicitante, as alegrias de minha Vontade conquistadora não estão em
poder dos bem-aventurados, senão em poder da criatura, que as deve mandar da terra e vêm
formadas no meio da fogueira da dor e do amor, e sobre o aniquilamento do próprio querer. Em vez
disso, as alegrias felicitantes estão em poder deles, e são frutos e efeitos da celeste morada na
qual se encontram. Há grande diferença entre as alegrias de minha Vontade conquistante e as de
minha Vontade felicitante, posso dizer que não existem no Céu minhas alegrias conquistantes, mas
somente na terra, e oh! Como é bonito ver a criatura, que tantas vezes faz suas ações em meu
Querer, tantas vezes se faz conquistadora dela e a faz partir para o Céu, para o purgatório, em
meio às criaturas terrestres, por onde quer, muito mais que estando minha Vontade por toda parte
e por todos lados, não deve fazer outra coisa que bilocarse para dar o fruto, as alegrias da nova
conquista que a criatura fez dela. Minha filha, não há cena mais comovente, mais deliciosa, mais
útil, que ver a pequenez da criatura vir em nossa Vontade Divina, fazer seus pequenos atos e fazer
sua doce conquista de uma Vontade Imensa, Santa, Potente, Eterna, que tudo encerra, pode tudo
e possui tudo. A pequenez da criatura ao ver-se conquistadora de um Fiat Divino tão interminável,
fica surpreendida, não sabe onde colocá-la, gostaria de encerrá-la toda em si mas lhe falta o
espaço, por isso toma por quanto pode, até encher-se toda, mas vê que lhe ficam mares imensos
ainda, e fazendo-a de praia gostaria que todos tomassem um bem tão grande, por isso a envia ao
Céu como sagrado direito da pátria celestial a qualquer que a queira, e com ânsia se dispõe a fazer
outros atos nela para readquiri-la tantas vezes por quantos atos vai fazendo. É o verdadeiro
comércio Divino que forma Deus e a criatura entre o Céu e a terra.
(3) Depois minha mente continua se perdendo naquele Fiat que quer sempre dar-se à criatura, e
que enquanto dá não acaba jamais de dar. E o meu doce Jesus acrescentou:
(4) "Minha filha, a vontade humana é a fonte e a substância da vida da criatura, dela tira a vida das
suas obras, os pensamentos da sua mente, a variedade e a multiplicidade das suas palavras. Se a
vida humana não tivesse uma vontade livre, seria uma vida sem fonte e sem substância, assim
perderia todo o belo, a perfeição, o entrelaçamento admirável que pode tecer a vida humana.
Assim a Divina Vontade onde reina se faz fonte, substância e vida dos atos feitos nela, por isso,
Volume 30
91
enquanto pensa, fala, age, caminha, esta fonte se difunde nos atos da criatura, e põe neles a
substância divina, e oh! A variedade destes atos distintos entre eles em santidade, beleza, luz,
amor, quando esta fonte se difunde nos atos dela, faz sempre atos novos e forma a harmonia do
agir divino na criatura. Agora, você deve saber que toda nossa pressa é por estes atos, porque
neles se forma a geração de nossos atos divinos no fundo da criatura, e oh! Nosso contentamento
é porque nós podemos continuar a geração de nossos atos, e nesta geração nós sentimos Deus
constante, não o Deus atado que não podemos desenvolver a geração de nossos atos, porque
nela não está nossa Vontade. Por isso à nossa pressa se acrescenta nossa custódia e zelo destes
atos, teu Jesus se está dentro e em torno da criatura para guardá-la, meu zelo tem o olhar fixo para
olhá-los, para felicitar-me e tomar todo o gosto que possui a geração de seus atos constantes nela.
Por outra parte nossa Vontade possui um valor infinito, e não guardar um só ato dela seria ir contra
Nós mesmos. É mais, você deve saber que sendo fonte e substância de nosso Ser Supremo,
nossa potência, santidade, bondade e todos nossos atributos se fazem coroa em torno de nossa
Vontade e a todos seus atos, para depender Dela e lhe fazer homenagem e guarda de todos seus
atos que faz, tanto em Nós como na criatura. Por isso seja atenta e deixa-te dominar por meu
Querer se não queres jamais perder a teu Jesus que tanto suspiras, amas e queres".
+ + + +
30-37
Julho 9, 1932
Fome que produz a Divina Vontade. Prisão do amor. Deus forma a perseguição do amor à
criatura.
(1) Sinto-me sob o império da Divina Vontade, e se algum minuto não sinto seu império, sinto-me
sem vida, sem alimento, sem calor, sinto que a Vida Divina termina, porque não está nem quem a
forma, nem quem a alimenta, e em minha dor vou repetindo: "Jesus, ajuda-me, sem o teu Querer
eu morro de fome, ah! Me faça sentir seu doce império, a fim de que me alimentando sua Vida viva
em mim e eu viva de Ti". E o meu amado Jesus, tendo piedade de mim, com todo o amor e ternura
me abraçou e me disse:
(2) "Minha pequena filha de meu Querer, ânimo, não se abata, a Vida Divina formada e alimentada
por meu Querer não pode morrer, e se sente fome, é melhor que nem sempre escuta meu dizer
sobre as outras maravilhas e novidades que possui minha Vontade, este meu dizer interrompido te
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faz sentir a fome do alimento sempre novo que Ela possui, mas isto te prepara a receber o novo
alimento de seus conhecimentos, para te fazer crescer e alimentar só de Querer Divino, nem tu te
sujeitarias a tomar outro alimento, sentirias repugnância e te contentarias com morrer de fome,
porque quem o gostou tantas vezes, não se sabe adaptar a tomar outros alimentos. Mas esta fome
é também uma fortuna, porque pode te servir como meio para chegar à pátria celestial, e você
deve saber que o único alimento destas divinas regiões é o ato novo, jamais interrompido da minha
Divina Vontade. Este alimento possui todos os gostos, todas as delícias, é o alimento diário e de
todos os instantes da celestial Jerusalém. E além disso, o sentir fome diz vida, não morte, por isso
espera com paciência invicta o alimento da minha Vontade, que te refará da fome sofrida, com tal
abundância, que não serias capaz de tomar tudo".
(3) E eu interrompendo o falar de Jesus, disse: "Meu amor, o meu coração sangra-me ao dizer-te,
mas bem me parece que já não tens aquele amor contínuo por mim, que te fazia sempre dizer, e
fazendo-me tantas novas surpresas encantadoras do teu Ser e do teu Querer, eu sentia e tocava
com a mão o teu amor palpitante por mim, tanto que era obrigada a dizer: ‘Quanto Jesus me ama.'
Agora, por este teu dizer interrompido parece-me que não sou sempre amada por ti, e passar de
um amor contínuo a um amor interrompido é o mais cru dos tormentos, e vou repetindo: Não sou
amada, não sou amada por Aquele que tanto amo!" E Jesus, interrompendo-me acrescentou:
(4) "Minha filha, que dizes? Você deve saber que quando a criatura nos ama, se não a
amássemos, agiríamos contra a natureza de nosso Ser Divino, ser amado e não amar não é do
Ente Supremo, e se isto se pudesse dar, e fôssemos capazes de pena, o amor da criatura nos
colocaria em uma prisão de tormentos, e se tornaria nosso perseguidor, não nos daria paz até que
fundidos juntos, o amor de um e do outro se beijassem e repousassem juntos. Ah! Tu não sabes o
que significa amar e não ser amado por aquele ou aquela que se ama, toda a pena, a inquietação é
levada por quem não ama, porque quem ama está em seu posto, cumpre o mais sacrossanto dos
deveres. Em tal estado se encontra nosso Ser Divino, porque amamos muito e o homem não nos
ama, nosso amor persegue aquele que amamos, o coloca na prisão, o atormenta, não lhe dá paz,
a inquietude é o sinal certo de que a criatura foi posta na mira de nosso amor, que quer vencer por
perseguir o amor da criatura. Por isso te tranquilize, se você nos ama, nosso amor te ama primeiro
a ti, e é tanta inseparabilidade do nosso amor e do teu, que o teu forma o pequeno calor, e o
nosso, alimentando ao teu, forma a imensidão da luz, de maneira que um e o outro perdem a
virtude de separar-se, e como se fossem uma só natureza vivem sempre juntos para formar uma
vida da outra. Por isso se meu dizer não é contínuo, não significa amor interrompido, não, seria
interrompido se não sentisse o querer fazer ainda a custo de sua vida minha Vontade, isto seria
não tê-la mais em seu poder, e se minha bondade chegou a tanto, de dá-la em seu poder, isto te
Volume 30
93
assegura que meu amor é contínuo por ti, porque tu deves saber que quem faz e vive em meu
Querer Divino, não é outra coisa que a Vida constante de Deus mesmo na criatura. Nosso amor é
tanto por quem se faz dominar por nosso Querer Divino, que se faz doce prisioneiro dela; se
restringe, se diminui e toma um sumo prazer: Amar, agir em sua alma. Mas enquanto se restringe
fica imenso e age com modos infinitos, como amamos e agimos em Nós mesmos, porque nossa
natureza é aquela, a imensidão, a infinitude, e tudo o que fazemos fica imenso e infinito como
somos, e oh! Nosso contentamento que enquanto nos restringimos em sua pequenez, damos curso
ao amor e a nossas obras, e ela fica cheia, derrama fora, enche Céu e terra e Nós temos a grande
glória e honra de amar e agir como Deus em sua pequenez, e se você soubesse o que significa um
só ato de amor, uma só obra feita por Nós em você, você morreria de alegria, e não te bastaria
toda a eternidade para nos agradecer por tanto bem. Por isso deixa-me fazer, faz-me fazer o que
quero de ti, e está segura que ficaremos contentes você e Eu".
+ + + +
30-38
Julho 14, 1932
Atmosfera celestial, Jesus se põe em guarda do ato da criatura; trabalho de um e do outro.
Os atos feitos na Divina Vontade olham e abraçam os séculos, e são os cuidadores e os
sentinelas das criaturas.
(1) Estou sempre ocupada do e no Querer Divino, nele há sempre que trabalhar, mas não é um
trabalho que cansa, não, mas dá força, faz crescer a Vida Divina, e inunda de alegria, de paz,
sente-se uma atmosfera celestial dentro e fora. Mas enquanto nadava nas ondas eternas do Divino
Querer, meu sumo Bem Jesus, visitando minha pequena alma me disse:
(2) "Filha bendita, sou Eu quem forma a atmosfera celestial dentro e fora da criatura, porque assim
que ela entra em meu Querer Divino, Eu me ponho em guarda do ato que vai fazendo, e ela forma
o terreno com seus atos, e Eu formo a semente divina para jogá-la no ato da criatura. Então suas
ações servem como terra, e Eu, Agricultor Celestial, para preenchê-la com minhas sementes, me
sirvo disso para colher a colheita dos trabalhos que se fazem em minha Vontade. Vê então para
que serve a continuação dos atos feitos na Divina Vontade? Servem para dar-me o trabalho e a
ocasião de não deixar jamais a criatura, porque me dá sempre o que fazer, e Eu não quero, nem
posso deixar vazio um terreno tão precioso, formado em minha Vontade, e exposto aos raios
Volume 30
94
vivificantes do Sol Divino. É por isso que Ela te chama para o trabalho no meu Querer, e você Me
chama, e oh! Como é doce trabalhar juntos no meu Fiat, é um trabalho que não cansa; antes é
portador de repouso e das mais belas conquistas".
(3) Depois acrescentou: "Minha filha, tu deves saber que nossos atos que fazemos na criatura
contêm três atos em um, o ato conservante, o ato que alimenta e o primeiro ato criador. Com estes
três atos em um damos a vida perene a nossos atos, e a criatura que os possui sente em si a força
criadora, a qual lhe tira todas as debilidades da natureza humana; o alimentador mantém-na
sempre ocupada ao dar-lhe o seu alimento para impedir que tome outro alimento, e preserva-a de
todos os males, este alimento é como o embalsamamento que impede a corrupção; e o ato
conservante reafirma e conserva o bem puro e belo. Estes três atos nossos em um, são como
fortalezas irrefutáveis que damos à criatura que faz reinar a nossa Vontade nela, que a tornam de
tal maneira fortificada, que ninguém a pode prejudicar".
(4) Depois disto minha pequena mente continuava meu giro na Divina Vontade, buscando seus
atos para encerrar meus atos nos seus e fazer deles um só, e tudo isto é a alegria de meu longo
exílio, poder agir junto com o Querer Supremo, fazer desaparecer os meus atos nos seus, sinto
que tomo como um punho o Céu, correr neles as bem-aventuranças eternas, de modo que não me
sinto nem distante nem estranha da minha amada pátria celestial. Então, enquanto minha mente
estava cheia de pensamentos sobre a Divina Vontade, meu Sumo Bem Jesus, repetindo sua breve
visita me disse:
(5) "Minha pequena filha de Minha Vontade, quero que saiba que por cada ato seu nela, tantas
vezes regenera e cresce de modo todo novo em nosso Fiat, assim que você sente o Céu, e o Ente
Supremo tem o grande prazer de regenerar no ato da criatura. Formar nossa Vida no ato dela é
nossa festa, nossos suspiros, unimos todas nossas estratagemas de amor e recebemos a
completa glória que a criatura pode nos dar. Agora, você deve saber que o sacrifício com vozes
potentes chama a Deus, e o fazer nossa Vontade o faz descer na alma para fazê-lo atuar como o
Deus que é".
(6) E eu: "Meu amor, apesar de tentar trabalhar sempre no teu Querer, e rezo e volto para rogar
que venha seu reino sobre a terra, nada se vê ainda".
(7) E Jesus: "Filha boa, isto diz nada, porque tu deves saber que as orações, os atos feitos em
nosso Querer, enquanto entram em nosso ato divino têm tal potência que devem levar às criaturas
o bem que contêm. Eles se põem em guarda dos séculos, e os veem com muito amor, e com
paciência invicta esperam e esperam, e com a luz que possuem batem à porta dos corações,
fazem-se luz às mentes e sem jamais cansar-se, porque não estão sujeitos nem a cansaço, nem a
diminuir de potência, fazem como os vigilantes, os fiéis sentinelas que não se afastam senão
Volume 30
95
quando deram o bem que possuem. Estes atos são os possuidores de meu Querer, e de modo
absoluto o querem dar às criaturas, e se uma lhes foge, a outra a tomam na mira; se um século
não os recebe, eles não se detêm, nem se vão, porque lhes demos os séculos em seu poder e
formam e formarão nosso exército divino em meio às gerações humanas para formar o reino de
nossa Vontade. Nestes atos está o humano coroado pela potência divina, e dão o direito às
criaturas de possuir este reino; nestes atos está nossa Vontade constante, e dá o direito a Deus de
reinar e dominar com nosso Fiat Onipotente na criatura; eles são como adiantamento e capital que
pagam a Deus pelas criaturas, e têm direito de dar às gerações humanas o que pagaram, e como
sol que nem se retira, nem se cansa jamais de golpear a terra com sua luz para dar os bens que
possui, assim eles, mais que sóis giram por cada coração, giram os séculos, estão sempre em
movimento, não se dão jamais por vencidos até que não tenham dado minha Vontade constante
que possuem, muito mais que sabem com certeza que obterão a tentativa e a vitória. Por isso se
nada vês, não te preocupes, tu continua tua vida e teus atos em minha Vontade, isto é o mais
necessário de tudo, formar a moeda para pagar por teus irmãos um reino tão santo. E além disso,
você deve saber que a minha própria Vida passada sobre a terra, e as minhas próprias ações,
estão nas mesmas condições, Eu paguei por todos, e minha Vida e o que fiz está à disposição de
todos, e querem dar a todos para dar o bem que possuem. E, embora parti para o Céu, parti e
fiquei para girar nos corações, nos séculos, para dar a todos o bem da minha Redenção. São cerca
de vinte séculos, e minha Vida e minhas ações continuam girando, mas nem todos foram tomados
pelas criaturas, tanto, que várias regiões ainda não me reconhecem, assim que minha Vida, a
plenitude de meus bens e de minhas ações, não se retiram, correm e giram sempre, abraçam os
séculos como um só para dar a todos o bem que possuem. Por isso é necessário fazer, pagar,
formar o capital, o resto virá por si. Por isso seja atenta, e seu voo em meu Fiat seja contínuo".
Deo Gratias.
(Graças a Deus)
Nihil obstat
Canonico Annibale
M. Di Francia
Eccl
Imprimatur
Arcebispo Giuseppe M. Leo
Outubro de 1926
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